Moradores de Nova Resende fazem campanha para doação de medula

Mais de 700 pessoas fizeram exame para encontrar doadores compatíveis.

Uma batalha em comum aproximou duas mães e suas filhas em Nova Resende(MG). As duas meninas de 8 e 2 anos sofrem de doenças que causam uma deficiência na produção de glóbulos vermelhos, e por isso, passam por tratamentos difíceis que as impedem de ter uma vida normal. Moradores da cidade se sensibilizaram com a história e iniciaram uma campanha para encontrar doadores de medula óssea que sejam compatíveis com as meninas.

Samanta, de 8 anos, tem anemia sideroblástica e Gabriela, de apenas 2 anos, tem aplasia medular. O diagnóstico no caso das duas foi bem cedo, com apenas alguns dias de vida. Gabriela toma uma medicação forte para controlar a doença e a dieta dela é bem rigorosa, já que a menina não pode comer nada que tenha sal ou açúcar. "Quando falou pra mim que ia precisar de um transplante, meu mundo desabou", lembra a mãe, Amanda Carolina Ribeiro.

O caso da Samanta é ainda mais complicado. A cada 20 dias ela precisa ir até Campinas (SP) para fazer uma transfusão de sangue e controlar a taxa de hemoglobina. Enfrentar essa doença é uma batalha diária para mãe e filha. "É muito difícil ver um filho seu sofrendo, e infelizmente eu não posso fazer nada, porque eu não fui compatível com ela. Já faz oito anos que estamos nessa luta", conta com lágrimas nos olhos a mãe Juliana Conceição da Silva.

Ela lembra ainda de quando a filha, com apenas quatro meses, teve uma parada cardíaca. Samanta chama a transfusão de "tomar sanguinho" e explica que não quer mais isso. "Quando eu fui lá com a mamãe em Campinas doeu aqui e daí eu chorei", conta ela, apontando para o local onde entra a agulha para a transfusão de sangue.

Ver as filhas curadas é o maior desejo desses pais. "Para elas terem uma vida normal, não terem mais restrições", fala a mãe da Gabriela. A história das meninas comoveu os moradores de Nova Resende e região. Eles se uniram e realizaram na cidade uma campanha de doação de medula para ajudar as meninas. Mais de 700 pessoas procuraram a unidade de saúde da cidade interessadas em participar.

Quando falou pra mim que ia precisar de um transplante, meu mundo desabou"

Amanda Ribeiro, mãe da Gabriela

"A regra do Hemocentro é só poder coletar [amostra] de até 400 pessoas. A gente teve cerca de 700 pessoas, mas a gente já conversou com o pessoal do Hemocentro para vir aqui e fazer a coleta [dos doadores restantes] no segundo semestre. E se não servir para elas, serve também para qualquer criança que esteja na fila precisando da medula óssea", explica o secretário de saúde de Nova Resende, Osmar de Oliveira.

Todas as informações dos doadores que participaram da campanha na cidade vão para o Registro Nacional de Informação de Medula Óssea (Redome), administrado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Se algum doador for compatível com as meninas de Nova Resende, as famílias são comunicadas e a partir daí, começa o processo para se fazer o transplante.

Quem ajudou está na torcida para que tudo dê certo. "Veio muita gente, e quanto mais gente, melhor. Mais chances tem da Samanta, da Gabriela e de outras pessoas que precisam de achar um compatível", explica uma das doadoras.