CE: No HGF novo método melhora o transplante de rim

Melhor qualidade de vida aos pacientes com rim transplantado e aumento do tempo de utilização do órgão doado. São alguns dos benefícios propiciados pela implantação da Central Estadual de Perfusão de Órgão por Máquina (Life Port), que desde a semana passada começou a funcionar no Hospital Geral do Fortaleza (HGF).

A Central é a primeira da América Latina e, além de aperfeiçoar esse tipo de cirurgia, possibilita a diminuição da fila de espera por um transplante de rim, uma vez que amplia o tempo de utilização do órgão captado. Embora esteja instalada no HGF, a Central destina-se aos pacientes do Estado do Ceará e, até ontem, já havia contribuído com dois transplantes: um deles aconteceu no Hospital Geral e o outro no Hospital Walter Cantídio.

A Central dispõe de seis máquinas portáteis de perfusão hipodérmica (baixa temperatura), onde os rins são colocados permitindo mais qualidade ao órgão a ser transplantado. Segundo o chefe do Setor do Transplante do HGF, o médico Ronaldo de Matos Esmeraldo, na técnica antiga (perfusão estática) o órgão captado era colocado no gelo, em uma caixa térmica, num período de 24 a 30 horas. Na técnica tradicional, após 12 horas iniciais, as chances desse rim funcionar de imediato iam caindo e a cada seis iam piorando as chances de resultado positivo para o transplantado.

Máquinas
Já graças ao uso das máquinas da Central, nas primeiras seis horas de retirada do rim vai melhorando a condição de um transplantes com bons resultados, devido à microcirculação, diminuindo a possibilidade de resistência ao novo órgão. "Nessa nova técnica, o rim é mantido em uma solução especial (líquido KPS) até o transplante. Também é feito o bombeamento, o que faz com que o rim venha a funcionar imediatamente depois do transplante", disse.

No antigo método, cerca de 30% dos órgãos transplantados funcionavam imediatamente após a cirurgia, sendo necessário que 70% dos pacientes passassem por diálise (tratamento no qual uma máquina funciona com um rim artificial, filtrando o sangue e devolvendo-o para circulação no organismo).

Na nova técnica, mais de 80% dos rins transplantados funcionam imediatamente, informou Ronaldo Esmeraldo. Esclareceu que as máquinas Life Port são importadas dos Estados Unidos e que a criação da Central envolveu recursos US$ 5 mil por máquina. "Contamos com o total apoio do secretário da Saúde do Estado, Arruda Bastos", avisou.

"A Central aumentará a oferta de rim para transplante", diz. Antes, eram muitos os órgãos rejeitados devido à elevada idade do doador ou por função alterada. "As máquinas permitem recuperar o órgão limítrofe para doação e evitarão desperdício".

Doe de Coração incentiva doações
A Campanha "Doe de Coração", realizada pela Fundação Edson Queiroz e pelo Sistema Verdes Mares, vem, desde 2003, oferecendo total apoio às iniciativas que visem ampliar o número de doações de órgãos e, consequentemente, de transplantes realizados no Estado do Ceará.

Através de inúmeras reportagens e veiculação de matérias jornalísticas, a campanha já enfocou diversos aspectos da doação de órgão, um procedimento que possibilita vida nova aos pacientes que entram em fila de espera por um transplante.

Somente em 2001, o Ceará realizou 198 transplantes. Dez anos depois, esse número deu um salto de 500%. Em 2011, o Ceará alcançou a marca de mais de 1.200 procedimentos feitos. Em transplantes de pulmão, coração, rins, fígado, o Estado é considerado o quarto do Brasil e a meta é ampliar esse índice.