Crateús Produtores do Ceará reivindicam a liberação de 14 toneladas por produtor e não a de três toneladas, como foi oficializado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para o Estado. Representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) se reuniram com o assessor da Secretaria de Política Agrícola do (Mapa), Carlos José Fernandes, tratando da cota de milho em balcão distribuída aos produtores nordestinos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O secretário do Desenvolvimento Agrário, Antônio Amorim, participou da negociação.
De acordo com o presidente da Faec, Flávio Saboya, Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina tiveram mais de 20 toneladas de milho liberadas por produtor. A reivindicação do Ceará é que haja o aumento na quantidade por produtor, superior às três toneladas.
O secretário Antônio Amorim informou que o Governo do Estado negocia com o Governo Federal que a liberação de 14 toneladas de milho inclua também os pequenos pecuaristas e agricultores familiares. "Já temos uma conversa com o Ministério neste sentido, e esperamos conseguir sensibilizar o Mapa", informou.
Segundo Carlos José Fernandes, uma vez que o pleito depende de recursos federais, a demanda será encaminhada também ao Ministério da Fazenda. "Nós estamos sentindo que os agricultores cearenses necessitam da liberação de milho. Vamos apresentar esta demanda ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. Nossa proposta será para que os produtores do Ceará recebam de acordo com o que eles reivindicam", afirmou.
Segundo Fernandes, a proposta será apresentada ao Ministério da Fazenda pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Mendes Ribeiro Filho, que está sensível aos apelos dos produtores do Estado do Ceará.
Portaria
A seca registrada em diversos Municípios neste ano provocou a perda de produtos agrícolas e agropecuários de milhares de famílias. Uma portaria interministerial publicada no Diário Oficial da União (DOU), em maio, definiu os critérios para a liberação de milho em grãos para produtores atingidos pela estiagem, como medida de socorro para alimentação dos animais.
O texto da Portaria 470/2012 define que os produtores familiares e cooperativas de gado de leite e corte, aves, suínos, caprinos e ovinos de áreas correspondentes à Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) podem adquirir milho com preço subsidiado para alimentar os animais. De acordo com a portaria, cada produtor pode adquirir até três toneladas de milho e as cooperativas até três mil toneladas do produto, pelo preço de R$ 18,10 a saca de 60 quilos. Antes o valor chegava a R$ 33,00.
No Ceará, cerca de 80 mil produtores serão beneficiados com o milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) até o final do ano, segundo estimativa da superintendência do órgão no Estado. A distribuição iniciou neste mês, nos oito escritórios espalhados em todas as regiões do Estado.
O valor da saca do produto anima os produtores desta região, a mais seca do Ceará. Porém, a maioria lamenta a pequena quantidade a adquirir, considerando pouca para alimentar o rebanho. E ainda temem que, nos próximos meses, diminua, já que há comentários neste sentido na região.
"Para alguns, a quantidade satisfaz porque possuem poucos animais. Mas a maioria dos produtores aqui de Novo Oriente reclama, achando pouco as três toneladas que podem adquirir. E estamos temendo a diminuição. Sabemos também que, daqui por diante, as dificuldades serão maiores, pois as consequências da estiagem são ainda mais graves no segundo semestre. Quanto ao preço, é excelente", afirma Maria Luiza de Macedo, secretária de políticas agrícolas do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Oriente.
O presidente do STTR de Crateús, Antônio Ximenes, também considera pouco e conta que ouve diariamente no Sindicato o lamento dos criadores. Espera solução. "Muitos produtores se queixam da cota que é disponibilizada por mês, achando pouco e queriam que aumentasse. Esperamos que o governo seja sensível aos nossos apelos neste momento crítico de seca".
O escritório da Conab deste Município atende 18 Municípios da região com a venda em balcão. "O produtor passa por dificuldades e estamos fazendo todos os esforços para atender da melhor maneira possível", ressalta o gerente Josemar Martins.
O protesto dos agricultores nas agências do Banco do Nordeste, anteontem, gerou bons resultados, segundo análise do coordenador, Messias Bezerra. Em Crateús, a agência funcionou por volta das 14 horas, depois da reunião entre manifestantes, gerência e representantes de órgãos ligados ao setor.
"Conseguimos que o banco retire até o dia 15 o nome dos trabalhadores que estão com dívidas dos órgãos de proteção de crédito, agilidade na liberação do crédito emergencial e solução nas pendências referentes à venda do milho pelo balcão da Conab", afirma Bezerra.
Mais informações:
Conab - Escritório de Crateús
Av. Sargento Hermínio, 1071
(88) 3691.009/ Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) Fortaleza - (85)3101.8002
SILVANIA CLAUDINO
REPÓRTER
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