Juazeiro do Norte-CE: Decisão Judicial de despejo a oito Boxes gera manifestação e revolta por parte dos comerciantes

André Costa

Comerciantes do Mercado Raimundo Viana, situado na Avenida Carlos Cruz, foram pegos de surpresa com a chegada de um mandato judicial que ordenava o despejo compulsório de oito Boxes, alegando a inadimplência referente há sete meses (Julho de 2012 à Janeiro de 2013).

O presidente da Associação dos Comerciantes do Centro de Abastecimento Raimundo Viana, Cicero Carlos afirma que os depósitos referentes aos Boxes 12, 13, 23, 24, 35, 45, 46, 47 foram realizados conforme decisão judicial e, indaga as alegações do acusador, no caso, a SR Empreendimentos.

“Tenho todos os comprovantes em mãos que corroboram o pagamento mensal dos oitos Boxes. A alegação da empresa é de que o pagamento não poderia ser feito via depósito, entretanto, o próprio juiz que assinou a ordem de despejo, julgou favorável, em Junho do ano passado, o pagamento judicial. Entramos com um recurso para rever essa decisão”, explicou.

A empresa SR Empreendimentos arrecada, mensalmente, R$ 7.402,70 referente aos alugueis dos 162 Boxes e bancas existentes no mercado, entretanto, Cicero afirma que, apenas uma pequena minoria efetua o pagamento diretamente à empresa. Uma fatia utiliza-se de boletos e alguns outros, como é o caso dos comerciantes “convidados a saírem” fazem o pagamento via deposito judicial, fato contestado pela empresa.

O presidente faz um apelo ao Juiz de Direito, titular da 1ª Vara Cível da Comarca de Juazeiro do Norte, Dr. José Acelino Jácome Carvalho, pois segundo ele, com o despejo dos Boxes, pelo menos quatro famílias perderam seus sustentos mensais.

“Peço, em nomes dos demais associados, que o Senhor Juiz reveja a decisão, pois sempre honramos fielmente com nossos compromissos perante o pagamento das mensalidades e, a partir desse despejo, esses comerciantes ficarão sem renda, uma vez que não sabem para onde vão”, desabafou.

Por sua vez, a empresa detentora da arrecadação dos alugueis afirma que houve um rompimento do contrato firmado entre as partes, que previa o pagamento direto, ou seja, sem mencionar os depósitos bancários. Cícero apresenta o referido contrato sem nenhuma assinatura e contesta tal acordo.

Manifestação


Na tarde de ontem (26) os comerciantes se reuniram defronte do Mercado para contestar a decisão judicial. Durante os manifestos, eles atearam fogo em pneus bloqueando a Avenida Carlos Cruz, e palavras de ordens foram entoadas. Em punho, os mercantes erguiam cartazes pedindo justiça.

O Corpo de Bombeiros foi acionado para conter as chamas e uma viatura do Ronda do Quarteirão se fez presente para garantir a ordem. O despejo está marcado para acontecer nas primeiras horas da tarde desta quarta-feira.

Cícero apresenta comprovante do depósito judicial (Foto: Chinês/Agência Miséria)

Box sendo desmontado (Foto: Chinês/Agência Miséria)

Comerciantes entoam palavras de ordem e erguem cartazes pedindo justiça (Foto: Michel Dantas/Agência Miséria)

Comerciantes ateiam fogo em pneus bloqueando Avenida Carlos Cruz (Foto: Michel Dantas/Agência Miséria)