Deputados defendem postura de Cid Gomes na sucessão de Fortaleza
O presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Cláudio (PSB), diz ser natural que o governador Cid Gomes tenha procurado o ex-presidente Lula para tratar da sucessão em Fortaleza, fato que incomodou a prefeita Luizianne Lins. "O Lula não é do PT? Não é o maior líder do PT? Nada mais natural para o presidente estadual do PSB, que deseja dialogar e manter a aliança, conversar com o maior líder do PT nacional", declarou o deputado, ontem.
Na quarta-feira, um dia depois de Cid se reunir com Lula em São Paulo, Luizianne queixou-se de que ainda não houve uma conversa entre ela e o governador sobre a eleição porque ele não responde a seus telefonemas. A prefeita considerou "estranho" Cid ter ido a Lula sem antes ter debatido com ela e cobrou do governador uma "ação concreta" em defesa da aliança.
Para Roberto Cláudio, não há razão para estranhamento: "A aliança PT-PSB acontece nos níveis municipal, estadual e nacional, e essa aliança tem Lula como grande inspirador. Se a aliança municipal se insere nesse contexto nacional, nada mais natural do que esse diálogo com o maior líder nacional do PT".
Cláudio afirma ainda que os gestos concretos que Luizianne reivindica de Cid estão aí, nas conversas que ele tem tido com Lula e Dilma: "O governador está fazendo gestos efetivos: conversou com o presidente de honra do PT (Lula), que está se preocupando com a eleição em Fortaleza e em Recife. Conversou com a presidente Dilma e vai continuar dialogando".
Imposição
Questionado sobre a afirmação de Luizianne de que Cid parece querer impor o nome do PT para a Prefeitura, Roberto Cláudio, opção do PSB para o caso de candidatura própria, nega que seja esse o desejo do governador e critica a maneira como o PT tem conduzido o processo de escolha de seu candidato.
"Em algum momento houve indicação de candidato por parte do governador? Não vi nenhuma. Em nenhum momento o PSB se imiscuiu no debate do PT. Agora, na minha visão, quem quer construir uma candidatura de consenso com a aliança não impõe candidato: dialoga o nome com os aliados", diz Cláudio.
O deputado José Sarto, também correligionário do governador, observa que Cid procurou Lula na condição de presidente estadual de um partido forte o suficiente para fazer ouvir seus anseios. "O PSB é um partido que deixou de ser coadjuvante em nível nacional para ser um interlocutor privilegiado. Tem seis governadores, 38 deputados federais, três senadores, uma bancada expressiva de deputados estaduais e prefeitos. É importante que esse líderes maiores conversem".
Apoio
Segundo Sarto, uma candidatura do secretário de Educação Elmano representa a continuidade de um projeto que o PSB não mais deseja emprestar apoio. "O governador quer apresentar um projeto mais ousado. O PT está há oito anos no poder em Fortaleza, que ficou em penúltimo lugar no Estado que diz respeito à qualidade escolar no Spaece-Alfa. Isso é inadmissível para uma cidade deste porte, onde ainda hoje se nomeia diretor de escola com carteirinha de vereador".
Já o presidente municipal do PT, Raimundo Ângelo, diz que Cid errou politicamente ao ignorar os telefonemas da prefeita e buscar Lula. "Foi um erro político, porque se não tivesse havendo procura por parte do PT de marcar uma conversa, aí sim, tudo bem, se procuraria a instância superior".
Ângelo atribui a falta de resposta de Cid a uma possível indefinição do PSB. "Existem diversas posições lá: o Ciro Gomes fala em candidatura própria, o Cid fala numa aliança com o PT. Esse é o motivo central de ainda não ter acontecido essa conversa", afirma. Apesar disso, o petista acredita que a aliança sobreviverá. "Com um rompimento só temos a perder, tanto PT como PSB, PMDB e demais partidos. Temos um projeto local, estadual e nacional. Não tem por que não estarmos juntos".
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