Governo tem \'respeito e reverência\' por Papa Bento XVI, diz ministro

Ele minimizou o fato de o governo não ter se manifestado sobre a renúncia.

Mariana OliveiraDo G1, em Brasília

O ministro Gilberto Carvalho (dir.) e o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, durante o lançamento da Campanha da Fraternidade 2013. 

O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou nesta quarta-feira (13) que a presidente Dilma Rousseff tem "respeito e reverência" pelo Papa Bento XVI, que anunciou nesta semana que sairá da função no próximo dia 28.

O governo vinha sendo alvo de críticas pelo fato de não ter se manifestado sobre a renúncia. Carvalho afirmou que "o governo brasileiro não se apressou em fazer nenhum grande pronunciamento", mas destacou o respeito de Dilma pelo Papa.

"Eu quero atestar, em nome da presidente Dilma, que nossa posição em relação a Bento XVI é de respeito, reverência e de desejo muito forte de que ele possa contribuir com a Igreja no plano espiritual nesta nova vida que está escolhendo", disse Carvalho durante evento de lançamento da Campanha da Fraternidade de 2013 na sede da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília.

Gilberto Carvalho garantiu ainda que a ausência de uma nota oficial do governo não prejudica a relação com a Igreja. "Não se pode ver acontecimentos a partir de falas. Atitudes são mais importantes. A presidente Dilma não fez manifestações e nem outros governos latinos fizeram. O que importa é nosso respeito pela atitude do Papa", disse.

Segundo ele, a relação entre governo e Igreja "se dá da melhor forma". "Temos gratidão ao papel que Bento XVI realiza desde 2005. Nossas relações com a Santa Sé se dão da melhor forma", afirmou o ministro.

"Todas as tratativas para a Jornada Mundial vão prosseguir. Estamos abertos para a chegada do novo Papa", disse, em relação à Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no Rio de Janeiro em julho e tem previsão da presença do novo Papa.

De acordo com o ministro, "nunca houve relação fria entre o governo brasileiro e a CNBB". Ele chamou de episódio "superado" críticas feitas por integrantes da Igreja Católica ao posicionamento da presidente Dilma Rousseff em relação ao aborto.

"Não vejo sinceramente nenhum clima de frieza, minha presença aqui é mais um sinal dessa relação. Não porque sou historicamente ligado à Igreja, mas como ministro do governo. [...] Houve episódio durante a campanha, absolutamente superado, e não foi ao nosso ver o conjunto da Igreja que tomou uma posição, e a presidenta Dilma nunca se manifestou nesse sentido. Recebeu a direção da CNBB. Temos parceria forte em muitas áreas", disse o ministro.

Gilberto Carvalho informou ainda que Dilma tem cobrado "celeridade" na preparação da jornada da juventude, a cargo da Secretaria Geral da Presidência. "A jornada é vista pelo governo como um momento importante para o país. Não apenas para a juventude católica que vai participar, cerca de 2,5 milhão a 3 milhão de jovens espalhados de todas as dioceses. Por isso, respeitando a autonomia e independência da Igreja, estamos engajados fortemente para a jornada mundial."

Após o lançamento da Campanha da Fraternidade, o ministro Gilberto Carvalho voltou a dizer que o governo respeita a atitude do Papa e disse esperar boa relação com o novo pontífice.

"O governo brasileiro respeita, vê como uma atitude amadurecida durante muito tempo do Papa. O governo brasileiro se preocupa, sim, em manter com o novo Papa o mesmo padrão de relacionamento, de respeito, de colaboração mútua, já que o Brasil é uma das maiores civilizações católicas do mundo. A Igreja tem uma presença muito forte no Brasil. Então não nos compete fazer qualquer pronunciamento sobre a natureza dessa renúncia; e respeitá-lá."

O ministro disse esperar que o Papa venha ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, porque pode ser uma das primeiras visitas do novo pontífice ao exterior.

"Claro que nós temos essa esperança [presença do novo Papa]. A Jornada Mundial da Juventude, inclusive, ao nosso juízo, cresce de importância porque poderá ser talvez uma das primeiras visitas do novo Papa ao exterior. E é um privilegio ao Brasil recebê-lo. Mas é claro que essas decisões passam pela autonomia, pela decisão da própria Santa Sé."