Feminista critica topless em manifestação na Rio+20

FABIO BRISOLLA
DO RIO

O topless entrou para a história da Cúpula dos Povos, que chega ao fim nesta sexta-feira (22), no Aterro do Flamengo. E virou também alvo de críticas dentro dos próprios movimentos feministas.

Com os seios à mostra, algumas ativistas chamaram atenção na passeata em defesa das mulheres organizada na última segunda (18) pelas ruas do centro do Rio.

O gesto foi considerado desnecessário pela ONG Marcha das Mulheres, que ajudou a organizar a caminhada.

"O recurso da nudez é usado em manifestações pequenas para chamar atenção. Como a passeata das mulheres reuniu 10 mil pessoas, isso não era necessário", avalia Tica Moreno, uma das coordenadoras da Marcha das Mulheres.

Ela ressalta, porém, que cada movimento feminista tem autonomia para fazer o que achar mais adequado.

"O problema principal é que a mídia tira o foco do conteúdo político para destacar apenas a questão estética", pondera Tica.

Tudo começou com a vinda de nove integrantes do grupo Tambores de Safo, formado por lésbicas e bissexuais da cidade de Fortaleza, no Ceará.

Ativistas e percussionistas, elas costumam batucar, com os seios à mostra, em suas manifestações. E assim fizeram na passeata do Rio. Em um efeito dominó, o topless ganhou a adesão de outras participantes durante o protesto.

A repercussão, no entanto, assustou as feministas de Fortaleza.

"Na internet já estão dizendo que uma mulher do nosso grupo vai posar na Playboy. Isso é um absurdo. Representa justamente a exploração estética do corpo feminino, que nós condenamos", critica Alessandra Guerra, 28, coordenadora do Tambores de Safo.

Ela diz que o topless foi inspirado em protestos semelhantes realizados por movimentos feministas da América Latina. E ressalta que suas colegas não se arrependeram de tirar parcialmente a roupa:

"Foi uma forma consciente da manifestação política."

Na Europa, o movimento Femen promove protestos contra a prostituição recorrendo sempre ao topless. Formado por ativistas da Ucrânia, o grupo no momento realiza protestos no país de origem das fundadoras, atual sede da Eurocopa 2012.

A organização denuncia o aumento da prostituição em razão da presença de torcedores nos eventos esportivos. E já articula manifestações no Brasil, sede da Copa do Mundo de 2014.folha