Premiar o bom contribuinte é essencial, diz Ciro Gomes
Prêmio Contribuintes, que ocorre amanhã, em Jaguaribe, contará com palestra de Ciro Gomes sobre crise no exterior
O ex-ministro Ciro Gomes será um dos destaques do evento de premiação da 6ª edição do Prêmio Contribuintes - parceria do Sistema Verdes Mares com o governo estadual - que, amanhã, entrega a honraria aos agraciados das regiões Centro-Sul e Central do Estado, na cidade de Jaguaribe. Na ocasião, assim como nas outras três festas que serão realizadas, em Juazeiro do Norte, Tianguá e Fortaleza, Ciro irá proferir palestra sobre a crise internacional.
O Prêmio Contribuintes de Jaguaribe será realizado na Fundação Baluarte, Rua 12 de agosto S/N, Nova Brasília. A festa está prevista para ter início às 20 horas. O evento conta com patrocínio do Grupo M. Dias Branco, da OI, Banco do Nordeste (BNB) e também do Bradesco.
Ciro falou sobre a importância do Prêmio. "O Sistema Verdes Mares fez um gol de placa ao associar-se com o governo do Estado para fazer do contribuinte o que ele realmente é. Um contribuinte essencial à vida do povo", elogiou o palestrante.
"Temos que premiar o bom comerciante, o bom industrial, o bom agricultor, que além de dar emprego e renda, dá uma contribuição essencial para educar o povo", opina.
Crise econômica
Acerca do tema de que tratará nas palestras, ele disse que "o Brasil vive hoje uma crise orgânica e, se não crescer 5% ao ano, irá entrar numa crise (financeira) crônica, no curto prazo". Para ele, o governo federal precisa ampliar, urgentemente, as taxas de investimentos de 16% para 22% do PIB Nacional, sob pena de continuar amargando crescimentos "pífios", em torno de 1%, semelhante ao que deve se registrar em 2012.
"Ainda não vivemos uma crise com a agudeza do passado, mas temos uma crise orgânica. E ela está se revelando agora mais clara do que nunca, porque temos a menor taxa de juros da história do Brasil, e a economia não está reagindo. Estamos andando de lado", advertiu. Na opinião dele, é chegada a hora de o governo adotar uma política de formação bruta de capital, vinculada aos investimentos.
"Talvez cresçamos, em 2012, 1%, e sobre essa base deprimida vamos avançar, na melhor das hipóteses, 2%, em 2013", sinaliza, ao cobrar medidas de enfrentamento à crise, que levem à retomada da expansão econômica, mas de forma sustentável. "Chegamos ao ponto. Ou o Brasil encara seu drama, ou vamos ficar com mais uma década perdida", ressalta Gomes.
Medidas pontuais
De acordo com ele, se o Palácio do Planalto continuar insistindo na crença de que o crescimento brasileiro será puxado apenas pelo incremento da demanda interna e por medidas econômicas pontuais, como a redução do IPI para automóveis, não terá como enfrentar as dificuldades do futuro próximo, já preconizadas pelas crises na Europa e nos EUA.
Ele lembra que a proporção do crédito em relação ao PIB era de 13% no período em que o Lula tomou posse (2002) e hoje já se aproxima de 52%, além do que o nível de endividamento da população está em níveis elevadíssimos, e que o "galope dos salários", puxado pelo Mínimo, está mais lento. "Portanto, pela demanda, o que o Brasil podia fazer, já fez", alerta.
Conforme avalia, tudo o que o governo tem feito revela uma boa intenção, uma percepção da presidente Dilma Rousseff de que é preciso que o País, em parceria com a iniciativa privada, com as universidades, tente remover os graves obstáculos que impedem o crescimento.
Política internacional
Do lado externo, Ciro lembra que, apesar de dar sinais de melhoria, os Estados Unidos ainda enfrentam um grande abismo fiscal e uma grave crise de liquidez. "A tendência dos Estados Unidos é de arrocho no curto prazo. Ainda se tem crise por mais de dois ou três anos", estima, lembrando que na Europa o problema é mais grave, diante da insolvência da Grécia, e dos graves problemas econômicos em Portugal, Espanha, Irlanda e na Itália. "Vamos assistir, na Europa, a uma agonia de dez anos, um pouco de calote, de arrocho e inflação", lamenta Ciro.
Mais informações: A festa do Prêmio Contribuintes será realizada amanhã (29), às 20h, na Fundação Baluarte, Rua 12 de Agosto S/N, Nova Brasília, em Jaguaribe
Taxa de investimento precisa ser elevada
Diante desse cenário de baixos investimentos, câmbio defasado, mercado interno endividado e o consumo externo em baixa, Ciro Gomes defende a criação de uma agenda para elevar consistentemente a taxa de formação bruta de capital. "A taxa de investimento interna do País é de "ridículos" 16% (do PIB) e deve subir para, pelo menos 22%, o que não é lá grande coisa".
Ele defende a retomada imediata dos investimentos em infraestrutura, a depreciação do câmbio, a fundação de um mercado de capitais e a criação de um instituto de engenharia reversa, como forma de reduzir os gastos com importações, incentivar a produção e ampliar a competitividade das empresas.
Redesenho
"Falta investimento. Este é o drama do Brasil. O País investiu quase 2% do PIB, hoje estamos investindo 0,5%", criticou. "40% dos custos de produção da maior agricultura do Brasil são importados", apontou, ao cobrar velocidade nas obras da Ferrovia Transnordestina, na implantação da Refinaria Premium II, no Ceará e de transposição das águas do Rio São Francisco. Ele reconhece que organizar esse movimento não é fácil, porque passa por um redesenho da Previdência Social, do sistema tributário e político do País.
"Mas isso depende de uma energia política que eu não estou vendo. Se depender da aliança medíocre do PT com o PMDB, apesar da qualidade da presidente Dilma, desse ambiente não sai. Da equipe da presidente Dilma não sai", cutucou.
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