Vereador e advogados são suspeitos de aplicar golpe em idosos, diz MP

Assistentes sociais também são investigados; político nega acusações.

Do G1 GO, com informação da TV Anhanguera

Um vereador da cidade de Mineiros, no sudoeste de Goiás, é suspeito de participar de uma quadrilha que aplicava golpes em idosos, segundo denúncia do Ministério Público Estadual. Além dele, sete advogados, dois assistentes sociais e outras nove pessoas também são investigados.

As investigações do Ministério Público começaram em 2009. Com autorização da Justiça, a polícia apreendeu na Câmara Municipal de Mineiros vários documentos e computadores. De acordo com a ação protocolada na Justiça, o grupo estaria enganando idosos com idade para aposentar. A maioria deles trabalhou durante anos na zona rural e recebia a promessa de prestação gratuita do serviço jurídico para conseguir o beneficio. No entanto, segundo o MP, os golpistas desviavam pelo menos 50% do dinheiro da aposentadoria dos trabalhadores.

O vereador Ernesto Vilela (PMDB) nega as acusações de irregularidades. “O parlamentar, o agente político pode sim atender ao povo. Em nenhuma hora eu recebi um benefício próprio. Eles acham que eu recebo benefício eleitoral e é lógico que o meu serviço prestado pode me render votos”, alega.

O golpe
De acordo com o MP, os dois assistentes sociais eram responsáveis por acompanhar os idosos no dia do pagamento dos valores retroativos à aposentadoria. Mas, conforme a denúncia, as vítimas ficavam apenas com parte do dinheiro, já que o restante - ou até mesmo o valor total - era desviado pelos golpistas.

“A quadrilha encaminhava os mesmos atendentes que estavam dentro da Câmara para realizar cobranças do velhinho ou acompanhar o velhinho no saque do banco e enganá-lo. Dessa forma, eles apropriavam de 50% a 100% do acumulado”, afirma o promotor Henrique Golin.

Uma mulher que preferiu não se identificar diz que o valor retroativo não foi repassado a ela. “Eram R$ 2,4 mil. O juiz disse para mim que era o primeiro dinheiro que recebia e nunca recebi em banco nenhum. Trabalhei demais para na hora de aposentar ser um salariozinho só e daí um pouquinho que vem a mais a gente não recebe”, lamenta.

Outra aposentada, que também não se identificou, conta que ficou apenas com parte do dinheiro. “Na hora de tirar o dinheiro, a advogada não deixou. Ela mesma que foi lá e tirou e me entregou o meu separado do dela”.

A fraude foi denunciada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Mineiros. De acordo com MP, a Justiça autorizou a quebra dos sigilos bancário e telefônico e o sequestro de bens de dez suspeitos. Todos os envolvidos deverão responder por estelionato e formação de quadrilha. No caso do vereador, também existe acusação de peculato, que é o desvio do patrimônio publico em beneficio particular.