Funcionários da unidade estão com salários atrasados desde novembro. Já os médicos, enfermeiros, nutricionistas e bioquímicos deixaram de receber os vencimentos em dezembro
Mauriti Um acordo envolvendo a administração pública deste município e o quadro de diretores do Hospital e Maternidade São José pode ser a única esperança para a manutenção dos serviços de atendimento prestados à população local pela unidade filantrópica.
Devido à falta de recursos, o hospital, que nos últimos 40 anos manteve-se através de repasses públicos, como os do Sistema Único de Saúde (SUS), e pouquíssimos atendimentos particulares realizados, atravessa seu pior momento.
Os salários dos 57 funcionários não são pagos desde o mês de novembro do ano passado. Médicos, farmacêuticos, bioquímicos e nutricionistas não recebem pagamento desde o último mês de dezembro. Ao total, só com pagamento salarial, o hospital deve algo em torno de R$ 100 mil. Também há dívidas junto a fornecedores.
"Não existe recurso para pagamento de todas as dívidas. Hoje, só em relação a medicamentos que são comprados pelo hospital, e ainda não foram pagos, há uma pendência em torno de R$ 70 mil. Há débitos também com Coelce, Cagece e outros fornecedores", afirma o diretor administrativo da unidade, Antônio Severino. Segundo ele, os recursos repassados pelo SUS não são suficientes para manutenção do hospital. "Aqui, o que entra de recurso do SUS gira em torno de R$ 150 mil mensais. Quando se vai para a ponta do lápis, mal dá para pagar os funcionários e os médicos", afirma o administrador. Ao todo, o hospital possui 80 leitos. Destes, 60 são disponibilizados aos pacientes do SUS. Os demais atendem a convênios e particulares.
Os equipamentos do hospital também estão obsoletos. Para realização de alguns exames, os pacientes são encaminhados para outros hospitais da região ou clínicas particulares em Juazeiro do Norte e Crato.
Apenas o aparelho de Raio-X e um autoclave possuem condições de uso. Para o prefeito de Mauriti, Evanildo Simão, a única solução para a unidade é a intervenção pelo município.
"Não existe outra hipótese para o hospital. Esta é a única unidade hospitalar que o município possui. Permitir o fechamento da unidade geraria uma catástrofe na saúde pública de Mauriti", avalia o gestor. Segundo ele, técnicos da Secretaria de Saúde do Município já estão trabalhando a transição da gestão da unidade. "Nós levamos este assunto, inclusive, ao conhecimento da Secretaria de Saúde do Estado. Há um amplo estudo sendo realizado para que façamos a intervenção", informou.
Conforme Evanildo, há perspectiva de apoio financeiro do Estado a partir do gerenciamento da unidade pelo município. "O secretário Arruda Bastos já se prontificou em auxiliar-nos com a destinação mensal de recursos. Também estamos trabalhando a recomposição de equipamentos e de novas ambulâncias para o atendimento de emergência", disse ele.
A intervenção do Hospital e Maternidade São José pela administração municipal foi tema de amplo debate no Conselho Municipal de Saúde. Conforme o presidente do Conselho, José Carlos Silva, houve aprovação unânime em torno da proposta.
"O Conselho entende que, não havendo a participação do governo municipal e, mediante a falta de recursos para o bom gerenciamento da unidade, o hospital corre um sério risco de fechar suas portas para atendimento. Por isso, há sim o acatamento unânime em favorecimento a intervenção", salientou José Carlos. Conforme o prefeito do município, a intervenção deve acontecer já nos primeiros dias do mês de fevereiro. Os funcionários que atuam na unidade também deverão ser absorvidos pela nova administração.
ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR
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