Apesar das especulações sobre a nomeação do secretariado na nova gestão da Prefeitura de Fortaleza, o discurso dos dirigentes partidários que declararam apoio ao prefeito eleito Roberto Cláudio (PSB) ainda é de cautela, apesar de afirmarem que há "bons quadros" a serem cedidos para a nova administração.

Os presidentes das legendas até admitem que já iniciaram algum diálogo com o novo prefeito, mas se antecipam em avisar que ainda não há nada acordado sobre a participação efetiva na gestão e que esta tarefa de montar a equipe cabe exclusivamente a Roberto Cláudio.

Questionado sobre a contribuição com a gestão municipal que inicia em 1º de janeiro próximo, o senador Eunício Oliveira, presidente estadual do PMDB, foi enfático ao dizer que não fará nenhuma "pressão" para que o partido ocupe cargos específicos em alguma secretaria. "Isso cabe ao prefeito. Ele que vai dizer que cargos o PMDB vai ocupar na gestão, e se vai", disse, lembrando o empenho da legenda para tentar eleger Roberto Cláudio.

Eunício também se antecipa a afirmar que o PMDB tem bons quadros que podem ser cedidos à Prefeitura de Fortaleza, mas evitou citar nomes. "A expectativa é de aliado, de quem foi para as ruas defender um projeto e um candidato que tem condições de fazer uma grande gestão", complementou. Ele explicou que até chegou a conversar por telefone, nesta semana, com Roberto Cláudio, mas "absolutamente nada de gestão, nada de secretaria" teria sido pautado.

Conversa

Ex-aliado da administração da prefeita Luizianne Lins (PT), o PCdoB também já levantou especulações sobre a participação na nova gestão. Entretanto, o presidente municipal da legenda, Luis Carlos Paes, diz que ainda não houve uma conversa definitiva sobre isso. "Ele (Roberto Cláudio) pretende contar com a partido, mas de que forma e onde não está definido", declara.

O senador Eunício disse acreditar que o discurso de "renovação" sustentado pela coligação que apoiou o prefeito eleito não se refere necessariamente à formação de pessoal. "A renovação não é de pessoas, e sim de métodos. Isso não é determinante. As pessoas podem ter experiências úteis, basta que se mostrem competentes", defendeu.

Já o presidente municipal do DEM, Robinson de Castro, apontou que o "ponto mais relevante" de contribuição do partido com a Prefeitura deverá ser na área da segurança pública, mas disse que isso "não necessariamente" garante que o DEM ocupará um cargo na Secretaria Municipal.

Ele admitiu que já foram iniciadas conversas com o prefeito eleito, mas não quis entrar em detalhes. "Não vou falar em nomes, porque estaria sendo deselegante". Mesmo sem especificar, Robinson de Castro disse que o DEM está aberto ao diálogo e tem interesses em participar da nova administração.

Encontro

Seguindo o tom de cautela, o presidente municipal do PDT, Papito de Oliveira, informou que o partido ainda não se reuniu após o segundo turno para encaminhar essas definições. Ele explica que no próximo dia 6 de dezembro, durante encontro do diretório nacional em Brasília, os dirigentes do PDT no Ceará deverão conversar "informalmente" sobre a participação da legenda na gestão de Fortaleza.

"A gente tem pessoas competentes que podem contribuir com a administração pública, nas não foi discutido internamente. Estamos aguardando o momento certo para colocar essa discussão na mesa", pontuou.

Tendo integrado a coligação que apoiou o ex-candidato Heitor Férrer (PDT) no primeiro turno, o PPS também trabalha a possibilidade participar da nova gestão, mas o presidente estadual da legenda, Alexandre Pereira, pondera que o momento ainda está focado na transição administrativa. "Evidentemente, o PPS espera e tem como contribuir. Nosso partido tem quadros bons para oferecer, mas oficialmente não houve convite para nenhuma secretaria", disse.

Alexandre Pereira destaca as áreas que, segundo ele, o PPS tem bons especialistas: desenvolvimento econômico, turismo, politicas para juventude e segurança. "Temos bons quadros. O partido está pronto para contribuir em várias áreas", pontuou o presidente do PPS no Ceará.