Após depor sobre áudios vazados, Cid é preso por descumprimento de medidas e obstrução de Justiça
As gravações foram divulgadas pela revista "Veja" nesta quinta-feira (21).
Revista 'Veja' divulgou gravações em que o militar relata ter sido pressionado durante depoimentos à Polícia Federal. Ele também faz críticas a Alexandre de Moraes, do STF.
Por Márcio Falcão, Gustavo Garcia, Pedro Alves Neto, Isabela Camargo, TV Globo, g1 e Globo-News — Brasília
Cid deixa o STF após depor sobre áudios vazados
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), voltou a ser preso nesta sexta-feira (22).
A ordem de prisão preventiva do militar foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A Corte informou que o ex-ajudante de Bolsonaro foi preso por descumprimento de medi-das judiciais e por obstrução de Justiça.
O Supremo não detalhou quais medidas cautelares foram descumpridas
Cid foi preso depois do vazamento de áudios em que ele afirma ter sido pressionado pela Polícia Federal durante depoimentos. Nas gravações, o militar também faz críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. As gravações foram divulgadas pela revista "Veja" nesta quinta-feira (21).
Antes de ser preso, Cid foi ouvido por cerca de 30 minutos, no STF, por um juiz auxiliar de Moraes, sobre o conteúdo dos áudios revelados pela revista. No depoimento, ele não contou com quem estava conversando nas gravações que foram divulgadas pela "Veja".
Segundo o STF, após prestar depoimento ao auxiliar de Moraes, Cid foi encaminhado ao Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, onde fez um exame de corpo de delito. Na sequência, foi levado para o Batalhão de Polícia do Exército, local em que ficará preso.
Como é oficial do Exército, Cid tem a prerrogativa de ser preso em um estabelecimento militar.
Além da prisão do tenente-coronel, agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do ex-ajudante de ordens. Um celular dele e outro da esposa de Cid foram apreendi-dos.
Mauro Cid sai preso de audiência sobre áudios em que acusa PF e Moraes
Os áudios
Nas gravações divulgadas pela "Veja", Cid acusa Moraes, que homologou a delação dele, e agen-tes da PF de estarem com a "narrativa pronta" – ou seja, de irregularidades ao longo do acordo de colaboração.
Segundo Cid, os investigadores "não queriam saber a verdade" nas vezes em que ele prestou depoimento à Polícia Federal.
O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, afirmou ao blog da Camila Bomfim que os áu-dios revelam um "desabafo", já que Cid vive um momento de angústia "pessoal, familiar e profis-sional".
“Mauro César Babosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”, afirmou o advogado.
Após a revelação dos áudios, a Polícia Federal acionou o STF. A corporação quer explicações de Mauro Cid sobre as gravações e diz que foi "levianamente" acusada.
Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), du-rante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislati-va do Distrito Federal (CLDF), em Brasília, nesta quinta-feira, 24. — Foto: WILTON JUNI-OR/ESTADÃO CONTEÚDO
Primeira prisão
O ex-ajudante de ordens foi preso pela primeira vez em maio de 2023, na operação que investi-ga falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro, parentes e assessores.
Em setembro, após quase seis meses detido, Cid fechou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, que foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes. Em seguida, o ex-assessor de Bolsonaro foi solto.
Quando liberou Cid da prisão, Moraes determinou uma série de medidas que deveriam ser cum-pridas pelo militar, como:
proibição de deixar Brasília e o país, com a obrigação de entregar os passaportes
recolhimento domiciliar no período noturno e nos finais de semana com uso de tornozeleira ele-trônica
suspensão imediata de quaisquer documentos de porte de arma de fogo
proibição de utilização de redes sociais
proibição de contato com os demais investigados, com exceção de esposa e pai.
No processo de colaboração, ele prestou uma série de depoimentos que auxiliaram a PF em apu-rações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, como a investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado articulada após as eleições de 2022, para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Sil-va (PT) na Presidência da República.
Nesta semana, Cid foi indiciado junto de Bolsonaro e outras 15 pessoas pela falsificação de car-tões de vacina. A PF imputou ao militar os crimes de:
Falsidade ideológica de documento público
Tentativa de inserção de dados falsos em sistema de informações
Uso de documento falso
Associação criminosa
https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/03/22/apos-vazamento-de-audios-cid-volta-a-ser-preso.ghtml
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