(STF) Moraes prorroga inquéritos sobre milícia digital e suposta interferência de Bolsonaro na PF

Investigações estão a cargo de Polícia Federal

Imagem ilustrativa crédito Senado Federal 

Apuração sobre 'milícia' que tentava atentar contra democracia também envolve aliados do governo. No outro inquérito, Moraes determinou que Bolsonaro seja ouvido em até 30 dias.

Por Márcio Falcão, TV Globo — Brasília

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu nesta segunda-feira (11) prorrogar, por 90 dias, dois inquéritos relacionados ao presidente Jair Bolsonaro e a seus aliados. Relator dos dois casos, Moraes deu prazo extra às investigações:

sobre suposta interferência política de Bolsonaro no comando da Polícia Federal;

sobre uma suposta milícia digital que teria atuado contra a democracia e o Estado democrático de direito.

As duas investigações estão a cargo da Polícia Federal. No caso da 'milícia digital', a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro já havia pedido a prorrogação ao STF na última semana.

No inquérito sobre a suposta interferência presidencial na PF, Moraes já havia determinado na última quinta (7) que a corporação tomasse o depoimento de Jair Bolsonaro em até um mês. Essa deve ser uma das últimas diligências realizadas pelos policiais na investigação.

'Milícia digital'

A PF apura indícios e provas que apontam para a existência de uma organização criminosa que teria agido com a finalidade de atentar contra o Estado democrático de direito e que se articularia em núcleos de produção, publicação, financiamento e político. Outra suspeita é de que esse grupo tenha sido abastecido com verba pública.

Uma das diligências pendentes é o depoimento do escritor Olavo de Carvalho. A PF quer apurar se há ligação do escritor com a suposta milícia digital. Os investigadores já ouviram blogueiros e youtubers que apoiam o governo do presidente Jair Bolsonaro. Veja no vídeo abaixo:

PF instaura inquérito para apurar suposta formação de milícia digital para atentar contra a democracia

A investigação se concentra em descobrir:

se esses produtores de conteúdo recebem doações,

como fazem a monetização dos canais e

se eles tinham conhecimento ou não de fraudes no sistema do TSE.

Nos depoimentos, a maioria dos "influencers" bolsonaristas admitiu que não tem conhecimento de problemas no sistema. Eles dizem que estavam apenas emitindo opiniões pessoais.

O inquérito foi aberto no começo de julho, após o ministro Alexandre de Moraes ter determinado o arquivamento do inquérito que investigou atos antidemocráticos deflagrados no início do ano passado. O arquivamento atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República.

"Considerando a expiração do prazo de permanência do inquérito em sede policial, bem como a necessidade de prosseguimento das investigações, determino: sigam os autos ao crivo do Exmo. Sr. Ministro Relator, para ciência e concessão de novo prazo para continuidade da apuração", diz o documento assinado pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, que comanda a apuração.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/10/11/moraes-prorroga-por-90-dias-inquerito-que-apura-milicia-digital.ghtml