CPI: Nise Yamaguchi fez ao menos 13 viagens em um ano para Brasília

Uma das viagens listadas pela Latam, no dia 30 de setembro de 2020, foi paga pelo governo federal.

Nise Yamaguchi, médica e defensora do tratamento com cloroquina em casos de Covid-19. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado 

POR CÉZAR FEITOZA E THAÍSA OLIVEIRA

A CBN teve acesso com exclusividade a documentos entregues pela Latam à CPI da Covid. Oito passagens custaram mais de R$ 16 mil e foram pagas em dinheiro vivo. Médica orientava o governo sobre tratamento precoce com cloroquina.

Documentos enviados pela Latam à CPI da Covid e obtidos com exclusividade pela CBN mostram que a oncologista Nise Yamaguchi esteve ao menos 13 vezes em Brasília, entre maio de 2020 e maio de 2021. A Comissão quer descobrir se a médica, defensora da cloroquina e do tratamento precoce, pagou as viagens de seu próprio bolso ou se recebeu algum patrocínio

Chamou a atenção de senadores o fato de boa parte das passagens aéreas ter sido paga em dinheiro vivo. Foi o que aconteceu em oito viagens, sendo sete intermediadas por agências de turismo e uma paga diretamente à Latam. O valor total pago em dinheiro é de pouco mais de R$ 16 mil.

Uma das viagens listadas pela Latam, no dia 30 de setembro de 2020, foi paga pelo governo federal. Segundo o Portal da Transparência, o Ministério da Saúde desembolsou mais de R$ 3 mil para que a médica viesse a Brasília gravar um vídeo sobre tratamento precoce.

Ela também participaria de um evento alusivo ao “Dia Nacional da Conscientização para o Cuidado Precoce” que acabou adiado em meio às críticas e a médica antecipou a volta para São Paulo em um dia.

Em depoimento à CPI da Covid, Nise Yamaguchi disse que o governo federal só pagou uma viagem dela à Brasília, para uma aula sobre imunologia. Nise Yamaguchi é investigada pela CPI da Covid por integrar um suposto gabinete paralelo, que orientava o presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.

A oncologista nega a existência do aconselhamento paralelo, mas confirmou aos senadores que se reuniu com o presidente e integrantes do Ministério da Saúde para defender o tratamento precoce, com medicamentos sem eficácia para a Covid.

A CPI ainda espera os dados das companhias aéreas Azul e Gol sobre as viagens da médica. A CBN tentou contato com Nise Yamaguchi, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.

https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/344584/yamaguchi-fez-ao-menos-13-viagens-em-um-ano-para-b.htm