Lula afirma que Palocci é 'calculista e dissimulado'

Lula afirmar que políticos tentam evitar sua candidatura em 2018

Ex-presidente da República aproveitou a audiência para criticar o MPF e a PF por supostas 'mentiras' [caption id="attachment_138823" align="alignleft" width="300"]13 de Setembro de 2017 - Former Brazilian president Luis Inacio Lula da Silva addresses supporters during a demonstration at Generoso Marques Square in Curitiba, Brazil on September 13, 2017..Brazil's once hugely popular president Luis Inacio Lula da Silva underwent a new grilling Wednesday by the country's chief anti-corruption judge, Sergio Moro, in a case that could decide whether Lula can return to power. / AFP PHOTO / Heuler Andrey Ele voltou a afirmar que seus investigadores, ex-aliados e adversários políticos tentam evitar sua candidatura em 2018, com acusações ( Foto: Agência France Presse )[/caption] Curitiba. Em pouco menos de duas horas de depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o ex-ministro Antonio Palocci de "calculista, frio e simulador", e negou que tenha feito qualquer tipo de acerto ilícito com a empreiteira Odebrecht. "Se ele (Palocci) fosse um objeto, seria um simulador", disse. Lula prestou seu segundo depoimento a Moro, ontem, uma semana depois que seu ex-ministro da Fazenda afirmou que o petista avalizou um "pacto de sangue" com a Odebrecht, com o pagamento de R$ 300 milhões em vantagens indevidas em troca de manter o protagonismo da empreiteira no governo. O ex-presidente disse que Palocci nem sequer era responsável por assuntos do Instituto Lula , e afirmou que só se encontrava com o ex-ministro, depois de sua saída do governo, "de oito em oito meses". Lula ainda fez críticas à atuação da Polícia Federal e do Ministério Público e disse ver com "desconfiança" determinadas operações. Ele disse que o Ministério Público criou uma "grande mentira" ao apontá-lo num gráfico feito em PowerPoint que o político era a figura central de uma organização criminosa. "Eu já disse mais de uma vez para o senhor: eles contaram uma grande mentira com o Power Point. E eu quero ver como eles vão sair dessa", afirmou o petista. Moro disse a Lula que entendia o fato de ele estar rancoroso, mas ponderou que a audiência era a oportunidade que ele tinha para esclarecer as dúvidas dos procuradores. "Não estou rancoroso", rebateu o ex-presidente. > Confira trechos do depoimento de Lula a Sérgio Moro: Lula alfinetou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que teria arrecadado recursos para fazer o seu instituto enquanto ocupava a Presidência. Questionado se havia conversado com Emílio Odebrecht sobre o projeto, ele falou que só teve a ideia do instituto após deixar a Presidência: "Porque se eu fizesse como outros presidentes, teria feito dinheiro enquanto estava na Presidência". Lula demonstrou irritação com a insistência de Moro em questioná-lo sobre o pagamento de aluguel pelo uso do apartamento vizinho ao que mora, em São Bernardo do Campo (SP). A denúncia do MPF afirma que parte do favorecimento providenciado pela Odebrecht ao ex-presidente foi a compra desse imóvel, o qual, dizem os procuradores, o petista ocupou sem que pagasse aluguel. O ex-presidente, em meio às perguntas do juiz, lembrou do imbróglio envolvendo a revisão da delação da JBS e o procurador-geral Rodrigo Janot. "Deus escreve certo por linhas tortas e as coisas estão virando verdadeiras. Estamos vendo o que está acontecendo com o Janot, o que está acontecendo com o Marcello Miller". O advogado de Palocci, Adriano Bretas, afirmou que "dissimulado é ele (Lula), que nega tudo o que lhe contraria e teve a pachorra de dizer que se encontrava raramente com o Palocci". Manifestações pró e contra Lula deixou a sede da Justiça Federal em Curitiba pouco antes das 16h30, de carro, sem falar com a imprensa. Na saída, cinco moradores que vestiam camisas verde e amarelas e erguiam bandeiras do Brasil gritaram "ladrão" e "bandido". Em outra área da capital paranaense apoiadores de Lula, na qual ele voltou a acusar seus investigadores e adversários políticos de tentarem evitar sua candidatura em 2018. "Se eles estão com medo de que eu possa voltar a me candidatar, é bom terem medo mesmo, porque vou provar que a gente consertar este país", disse.

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