Lula vira réu e vai ser julgado por Sergio Moro

Lula, Marisa e mais seis pessoas viram réus

[caption id="attachment_131142" align="alignleft" width="300"]Brazilian former president Luiz Inacio Lula da Silva speaks during a press conference in Sao Paulo, Brazil on September 15, 2016. .Lula da Silva defended himself against corruption charges Thursday, saying the case against him was an attempt to destroy him politically ahead of elections in 2018. / AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA  - NACIONAL - 21na1220  -  NELSON ALMEIDA O ex-presidente petista disse ontem que a denúncia aceita ontem é "uma farsa", "um grande show de pirotecnia nesse país" ( Foto: AFP ) [/caption] Caso seja condenado em primeira e em segunda instâncias, o petista se tornará inelegível no pleito de 2018 Curitiba. Foi aceita ontem a denúncia da força-tarefa da Operação Lava-Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). Agora, Lula, a ex-primeira-dama Marisa Letícia e outras seis pessoas se tornam réus e serão julgados pelo juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato em primeira instância. O ex-presidente responde a outra ação em Brasília, sob acusação de atrapalhar as investigações do petrolão. Cinco executivos da empreiteira OAS (Léo Pinheiro, Agenor Franklin Medeiros, Paulo Gordilho, Fábio Yonamine e Roberto Moreira Ferreira); e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, também se tornaram réus. Este último é acusado de ser responsável pelo contrato de mudança do acervo de Lula, também pago pela OAS. No despacho que acatou a denúncia, muito criticada pela defesa, Moro afirmou que a aceitação "não significa juízo conclusivo" quanto à culpa dos acusados, apesar de poder provocar "celeumas". "Não olvida o julgador que, entre os acusados, encontra-se ex-presidente, com o que a propositura da denúncia e o seu recebimento podem dar azo a celeumas de toda a espécie", escreveu. "Tais celeumas, porém, ocorrem fora do processo. Dentro, o que se espera é observância estrita do devido processo legal, independentemente do cargo outrora ocupado pelo acusado". Para o juiz, não cabe agora um "exame aprofundado das provas", mas sim avaliar se as acusações se sustentam em provas "razoáveis". Caso seja condenado por Moro e também em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal (TRF), Lula se tornará inelegível. A depender do ritmo da ação, isso pode ocorrer antes de 2018, o que sepultaria as chances de ele ser candidato à Presidência da República. O Datafolha, em julho, mostrou o petista líder em cenários de primeiro turno, com 22% de intenção de votos, mas com taxa de rejeição de 46%. Resposta O ex-presidente Lula disse que está "triste" com a aceitação da denúncia contra ele apresentada pela Lava-Jato, mas disse que confia na Justiça e vai "continuar lutando" para que o Brasil "conquiste a democracia". Por meio de uma transmissão ao vivo na internet, o ex-presidente voltou a criticar a denúncia apresentada na semana passada pelo Ministério Público Federal (MPF). "Obviamente que eu estou triste porque fiquei sabendo agora que o juiz Moro aceitou a denúncia contra mim, mesmo a denúncia sendo uma farsa, uma grande mentira contada, um grande show de pirotecnia nesse país", disse o ex-presidente. "De qualquer forma, como eu acredito na Justiça, tenho bons advogados, vamos brigar para ver o que dá. A verdade é essa. Vamos continuar lutando para que o Brasil conquiste a democracia e que o povo brasileiro volte a ter orgulho de ser brasileiro porque nós somos brasileiros e não desistimos nunca", complementou. Segundo Lula, "para alguém ser julgado de verdade e ser condenado ou absolvido precisa ter certeza". Ele comentou a notícia, ao participar, por teleconferência, do lançamento mundial de uma campanha chamada "Estamos com Lula". O evento ocorreu em Nova York e teve apoio da Confederação Sindical Internacional, que representa, segundo a assessoria do ex-presidente, 180 milhões sindicalizados de 162 países. Por meio de nota, o advogado do presidente do Instituto Lula alegou que não há lavagem de dinheiro porque Lula, Okamoto e o órgão não se beneficiaram. O advogado Fernando Fernandes disse que vai recorrer e que a denúncia "sem provas" não poderia ter sido aceita. Modus operandi Lula foi apontado pelo MPF como beneficiário direto de R$ 3,7 milhões, pagos pela OAS, que seriam oriundos de desvios em contratos da Petrobras. Segundo a acusação, o dinheiro foi investido pela OAS na reforma do tríplex, que seria destinado ao petista, e no transporte e armazenamento do acervo presidencial, após o término do governo Lula. Para Moro, os indícios mostram que há um "modus operandi consistente" do petista em usar terceiros para suposta ocultação de patrimônio.

destaque2