Planalto articula para evitar racha na base na eleição do sucessor de Cunha

Eleição de novo presidente agita Planalto

[caption id="attachment_129264" align="alignleft" width="300"]-02 palacio do planalto ilustração - google[/caption] Mapeamento do palácio identificou 12 pré-candidatos nas fileiras governistas. Auxiliares de Temer veem 'com simpatia' Rogério Rosso (PSD) e Aleluia (DEM). Filipe MatosoDo G1, em Brasília Com o discurso oficial de que é “indiferente” sobre quem será eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto articula, nos bastidores, uma saída para que a eleição na Casa, prevista para a próxima semana, ocorra sem que um racha seja criado entre os partidos da base. Entre as medidas que passaram a ser adotadas por emissários do governo, relataram ao G1 assessores do Planalto, é a orientação aos parlamentares para que cheguem a um nome de consenso até o momento da votação. Assim, dizem, o governo não precisaria passar pela situação de apoiar publicamente um deputado e se desgastar com os demais. Na última quinta (7), o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou à presidência da Câmara, atribuindo a decisão, entre outros pontos, à pressão de aliados. Investigado na Operação Lava Jato, Cunha foi afastado do mandato parlamentar em maio pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O peemedebista ainda responde a um processo na Câmara que pode levá-lo à cassação. Entre os auxiliares de Temer, a ordem oficial é para ninguém do governo interferir no processo de eleição do novo presidente da Câmara, pois isso poderia criar divisões entre os partidos da base. Assessores de Temer admitem, contudo, sob a condição de anonimato, que “ninguém pode ser ingênuo de achar que o governo não está se movimentando". "Para o governo, o ideal é que os próprios deputados da base cheguem a um consenso, é isso que o presidente tem dito a todos os deputados que vêm ao Palácio pedir apoio", relatou ao G1 um assessor do peemedebista. Na avaliação dos principais conselheiros do presidente em exercício, o mais importante neste momento é o Palácio do Planalto não “carimbar” o apoio a algum candidato, por exemplo, do partido “A”, pois, com isso, as legendas “B, C e D” poderão, por pressão política, deixar de votar projetos de interesse do governo na Casa.

O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), é um dos principais candidatos à presidência da Câmara (Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados)
O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), é um dos principais candidatos à presidência da Câmara (Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados)
Possíveis candidatos Segundo apurou o G1, um mapeamento do Planalto apontou que a renúncia de Cunha, esperada há algumas semanas, resultou na movimentação de 10 a 12 parlamentares da base para suceder o peemedebista no comando da Câmara. Interlocutores do governo dizem que, mesmo com a expectativa da renúncia, o Planalto trabalhava com a hipótese de ter entre três e quadro candidatos da base, mas não mais de dez, o que, segundo relatos, gerou uma “surpresa” entre os responsáveis pela articulação política do governo. Conforme esses relatos, Temer não tem um preferido para suceder Cunha, mas auxiliares dele veem “com simpatia” alguns possíveis candidatos. Entre eles, estão os deputados Rogério Rosso(PSD-DF) e José Carlos Aleluia (DEM-BA). Nenhum dos dois, porém, admitiu oficialmente que concorrem ao posto. Entre os dois, dizem assessores do Planalto, Rosso é visto “com ainda mais simpatia”, uma vez que, na avaliação de auxiliares do peemedebista, ele tem “bom trânsito” entre as principais lideranças da Casa e “baixo índice de rejeição”. Além disso, eles consideram que Rosso conduziu "bem" os trabalhos da comissão especial que analisou o processo de impeachment de Dilma Rousseff. na Casa, e não tem a imagem ligada “aos velhos caciques”. Segundo integrantes do governo, porém, este fim de semana será "como dias de semana normais" e, até o momento da votação, "todos os nomes precisam ser avaliados". Segunda-feira Mantidas as previsões de a eleição do novo presidente da Câmara ocorrer na terça (12), como defendem os líderes partidários, assessores do Planalto dizem que o Planalto tem até a noite de segunda (11) para definir quem irá apoiar. “Mas não esperem um anúncio oficial. Isso não vai ocorrer”, disse ao G1 um assessor do governo. “O que se pode esperar é, após a confirmação do eleito, um movimento do Planalto de procurar o novo presidente e sugerir que os trabalhos sejam feitos em conjunto e em harmonia”, acrescentou. Desde as últimas semanas, deputados passaram a procurar Michel Temer no Palácio do Planalto para pedir o apoio dele às suas eventuais candidaturas à presidência da Câmara. Segundo relatos, Temer tem respondido a todos os que procuram que eles devem conseguir, primeiro, o apoio de seus partidos e a unidade da base antes de buscarem o apoio dele. Conforme assessores do presidente em exercício, ele passará o fim de semana “atento” às movimentações dos parlamentares, mas sem interferir, com a expectativa de que, até o momento da votação, haja o menor número possível de parlamentares da base na disputa. Segundo interlocutores do governo, há uma avaliação no Palácio do Planalto de que alguns dos mais de dez possíveis candidatos à presidência da Câmara só colocaram o nome da disputa para conseguir pressionar o governo de alguma forma, e conseguir, por exemplo, cargos no Executivo. "O Temer tem uma larga experiência política e muito dessa experiência foi construído na Câmara. Ele sabe como funciona a Casa. Quando os deputados decidem, a Câmara segue um curso próprio. Se o governo tentar interferir no processo interno de disputas, pode sair enfraquecido", avaliou ao G1 um interlocutor do presidente em exercício.

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