Homologada delação do filho de Sérgio Machado
Revelações de Machado podem complicar cúpula do PMDB
[caption id="attachment_128096" align="alignleft" width="300"] Sérgio Machado decidiu firmar acordo de delação diante das acusações consideradas por ele impossíveis de serem contestadas ( FOTO: TUNO VIEIRA )[/caption] As revelações de Expedito Machado podem complicar a cúpula do PMDB, partido de Michel Temer Brasília. O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), homologou a delação premiada de Expedito Machado da Ponte Neto, um dos filhos do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Em carta, os advogados de Expedito contestam as informações veiculadas com o envolvimento do seu nome, afirmando que ele "jamais teve vínculo com qualquer político ou partido". As revelações sobre a movimentação financeira de Machado podem complicar ainda mais a situação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), entre outros políticos do PMDB com quem o ex-presidente da Transpetro mantinha relações. Pelas investigações da Lava-Jato, Expedito Machado teria ajudado o pai a movimentar dinheiro desviado de contratos entre grandes empresas e a Transpetro. Em delação premiada, também homologada por Teori, Sérgio Machado confessou ter arrecadado dinheiro para políticos do PMDB. Ex-senador pelo PSDB, mas apadrinhado por Renan Calheiros e outros líderes do PMDB, Sérgio Machado presidiu a Transpetro entre 2003 e 2015. Vinculada à Petrobras, a Transpetro é a maior transportadora de combustível do País. A delação de Sérgio Machado já derrubou dois ministros, Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência e Controle) em 19 dias do governo Temer. O ex-senador cearense teria decidido fazer acordo de delação e contar tudo o que sabe sobre casos de corrupção depois que o executivo de uma empreiteira revelou a investigadores da Operação Lava-Jato a existência de uma conta usada por ele para receber dinheiro de origem ilegal. A suspeita é que a conta no exterior seria movimentada por Expedito. Diante das acusações, consideradas por ele impossíveis de serem contestadas, Sérgio Machado decidiu firmar acordo de delação e orientou o filho a seguir o mesmo caminho. Com a iniciativa, ele entregaria todos os políticos com quem mantinha relações políticas e financeiras e, ao mesmo tempo, obteria os benefícios da delação para ele e para o filho. De acordo com o jornal "O Globo", uma pessoa que conhece o caso de perto informou que a descoberta da conta secreta e do envolvimento do filho do ex-presidente da Transpetro teriam sido fatores determinantes na decisão de Sérgio Machado de romper com o passado e partir para a delação. Carta Em carta encaminhada à redação, na tarde de ontem, os advogados de Expedito Machado Neto negaram as informações veiculadas na imprensa sobre o vínculo dele com políticos ou partidos. A íntegra da correspondência: "Publicou-se na data de hoje, no Jornal o Estado de São Paulo, matéria intitulada "Filho de Machado também faz delação". Embora os signatários da presente carta estejam limitados ao sigilo inerente ao Acordo de Colaboração Premiada celebrado, é importante ressaltar que a matéria veiculada não corresponde à verdade dos fatos, contendo informações distorcidas. Afirmações de que Expedito Machado da Ponte Neto atuaria como 'o grande laranja dos senadores peemedebistas'; 'opera dor financeiro da cúpula do PMDB do Senado' e de que 'controla um fundo de investimento na capital da Inglaterra' mostram-se inverídicas. Expedito Machado da Ponte Neto jamais teve vínculo com qualquer político, partido político ou funcionou como operador financeiro do PMDB e tampouco controla ou detém fundo de investimento na capital da Inglaterra", conclui a carta dos advogados Fernanda Lara Tórtima e Antonio Sérgio A. De Moraes Pitombo. Denúncias A partir da homologação das delações da família Machado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode pedir a abertura de novos inquéritos da Lava-Jato ou incluir detalhes em investigações que já estão em andamento no tribunal, além de poder pedir que trechos de eventuais menções de pessoas sem foro privilegiado sejam analisados pelo juiz Sergio Moro, no Paraná. Há a expectativa de que a delação de Expedito Machado leve a Procuradoria-Geral da República (PGR) a apresentar ao STF as primeiras denúncias contra a cúpula do PMDB do Senado por suposta participação nos desvios da Petrobras. A delação de Sérgio Machado veio a público após o jornal "Folha de S.Paulo" revelar que ele teria gravado conversas com peemedebistas para negociar a colaboração. Os áudios provocaram a primeira crise do governo Temer, levando a saída de Romero Jucá do Ministério do Planejamento e de Fabiano Silveira do Ministério da Transparência. Jucá apareceu defendendo um pacto para deter a Lava-Jato. Silveira, ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça, teria tratado de orientações sobre as defesas de investigados. Renan Calheiros também foi gravado. Ele e Machado são alvos de apurações no STF por suspeita de envolvimento nos desvios da Petrobras.
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