Possível governo de Temer divide opinião de senadores
Senadores cearenses dividem medo e esperança
[caption id="attachment_127396" align="alignleft" width="300"] Eunício Oliveira, do PMDB de Temer, diz que pretende usar de sua influência para pautar, num eventual governo, temas de interesse do Nordeste (FOTO: Bruno Gomes)[/caption] Senadores cearenses se dividem entre o medo do que está por vir e a esperança de melhora na crise econômica Às vésperas da votação que, no plenário do Senado Federal, decidirá sobre a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, motivando seu afastamento da Presidência da República por até 180 dias, dois dos três senadores do Ceará - José Pimentel (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) - se dividem sobre as expectativas do que um eventual governo comandado pelo vice-presidente Michel Temer pode representar para a região Nordeste. Entre a esperança de avanços e o temor por retrocessos, o destino da petista continua a ser traçado na próxima quarta-feira (11), quando ocorre a votação. Membro do mesmo partido do vice de Dilma, o peemedebista Eunício Oliveira não declarou qual será seu voto no plenário da Casa, apesar de já tê-lo definido, mas afirma que "dificilmente a presidente não será afastada". Ele avalia com pessimismo as implicações da atual crise política no Nordeste e acredita que o resultado da votação no plenário pode dar novo fôlego à região. "O País vive uma crise dramática do ponto de vista da economia, do ponto de vista político e, obviamente, passando pela crise ética. Isso é extremamente relevante e criou muitas dificuldades para o País, principalmente para uma região mais pobre, como é o Nordeste. O que se espera é que, se acontecer a votação na quarta-feira pelo afastamento da presidente, e tudo se encaminha para isso, cria-se uma nova expectativa em torno da economia e, por consequência, da geração de emprego", argumenta. Crise Para ele, o atual momento político e econômico do País é "aterrador" para o Nordeste, que tende a ser mais afetado pela crise do que outras regiões. "Se você tem uma região mais pobre e, ao invés de se ter impulso de crescimento, tem um decréscimo, obviamente os Estados mais pobres, como o Ceará, sofrem muito mais as consequências do que Estados mais ricos do País", diz. Questionado, então, sobre o que o Nordeste perde ou ganha com a possível mudança de governo, o senador peemedebista afirma que espera que Michel Temer, de quem é "amigo de longa data", conforme destaca, crie uma expectativa positiva não só para o Nordeste, mas para todo o País. "Que essa taxa absurda de inflação caia, que a perda desesperada e diária de empregos seja estancada e que a Economia, criando-se um novo alento, uma nova expectativa, possa vir a reagir", enumera. Eunício afirma, ainda, que tem uma relação pessoal "muito próxima" com Michel Temer e que vai aproveitar isso para levar ao vice, caso ele assuma a Presidência, demandas mais urgentes para o Nordeste e para o Ceará. "Todas as segundas-feiras a gente tem o hábito de se reunir à noite, isso é uma rotina. Obviamente, os interesses do Ceará vão estar acima das disputas políticas, e eu utilizarei algum tipo de prestígio que possa ter e a relação de intimidade que tenho com ele para fazer as cobranças necessárias para a região e para o nosso Ceará", aponta. Ministério Sobre a informação divulgada pela coluna Radar Online, da Revista Veja, na última sexta-feira (6), de que Eunício Oliveira é cotado para indicar o ministro da Integração Nacional em uma gestão Temer, sendo o vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena, um possível nome, o senador diz que "por enquanto isso tudo é especulação", mas admite que será ouvido por Temer. "E ao meu lado estará também o senador Tasso Jereissati, porque o PSDB já fez uma aliança conosco aqui no Ceará. Essa aliança só se fortalece do ponto de vista pessoal, então estaremos ombreados na defesa dos interesses do Ceará", alegou. O trabalho da comissão especial no Senado, para o líder do PMDB no Ceará, foi "correto". Após a aprovação do parecer de Antonio Anastasia (PSDB-MG), na última sexta-feira (6), ele acredita que, "pelo sentimento" que tem da bancada do partido e do plenário, dificilmente Dilma não será afastada. Eunício Oliveira diz que "num regime democrático, você afastar um presidente eleito não é fácil", tampouco "tarefa gloriosa", mas opina que, após a derrota do Palácio do Planalto na votação do impeachment na Câmara Federal, "ficou patenteado que ela não tinha condições de governabilidade", considera. Procurado pelo Diário do Nordeste, o senador petista José Pimentel substituiu a entrevista por uma nota afirmando que se Dilma Rousseff for afastada temporariamente, dar-se-á o afastamento de um "projeto de Nação em que o Brasil todo foi beneficiado, especialmente o Nordeste, por meio de uma divisão mais equilibrada de recursos". Vingança Para o senador José Pimentel, na comissão especial de análise do impeachment, da qual era titular, a maioria dos senadores "deu mais um passo para derrubar uma presidenta honesta, eleita democraticamente. Sem crime de responsabilidade comprovado e por meio de um processo eivado de vingança, aprovaram a admissibilidade do processo de impedimento na comissão", disse, referindo-se ao fato de que o pedido de afastamento foi aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como "desvio de poder no exercício de suas funções". Já o senador Tasso Jereissati (PSDB) afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que prefere não comentar assuntos relacionados ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff até a votação no plenário do Senado Federal. Na última sexta-feira (6), o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que o cearense foi convidado pelo vice-presidente Michel Temer para, num eventual novo governo, assumir o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A assessoria do líder tucano, porém, não confirma a informação e diz que, oficialmente, Tasso não recebeu nenhum convite. por William Santos - Repórter
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