Duque e Vaccari ficam em silêncio em interrogatório do juiz Sérgio Moro
Ex-diretor da Petrobras e ex-tesoureiro do PT são réus em ação da Lava Jato. Além deles, Roberto Marques Julio César Santos também não falaram.
Vaccari e Duque ficaram em silêncio (Foto: Rede Globo; Marcelo Camargo/Agência Brasi) A audiência de interrogatório de quatro réus de processo derivado da 17ª fase da Operação Lava Jato terminou na tarde desta segunda-feira (25) sem que nenhum deles respondesse às perguntas do juiz Sérgio Moro. O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-assessor de José Dirceu Roberto Marques e o ex-sócio minoritário da empresa JD Consultoria Julio César dos Santos optaram por permanecer em silêncio. Todos os réus podem escolher entre responder às perguntas que podem ser feitas pelo juiz, pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelas defesas dos demais acusados no processo, ou permanecer em silêncio. Os quatro foram os primeiros a optar pelo silêncio até o momento, neste processo. Antes deles, já depuseram nesta ação o empresário Milton Pascowitch, o irmão dele José Adolfo Pascowith, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, os lobistas Júlio Camargo e Fernando Horneaux de Moura e o operador Olavo Horneaux de Moura Filho. Na quarta-feira (27) serão interrogados os sócios da Engevix Cristiano Kok e José Antunes Sobrinho, além de Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu. Na sexta (29), os últimos réus a serem interrogados são o sócio da Engevix Gerson de Melo Almada e o ex-ministro José Dirceu. Dirceu está preso desde agosto de 2015, atualmente custodiado no Complexo Médico-Penal, na Região de Curitiba. A ação investiga, entre outras questões, o envolvimento do ex-ministro no esquema bilionário de fraude, corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras. A fase de interrogatórios do processo antecede a etapa de alegações finais da acusação e dos réus. A partir de então, o juiz já pode publicar a sentença. Depoimentos No depoimento de quarta, Milton Pascowitch confirmou que o contrato de consultoria entre a empresa dele, a Jamp Engenheiros Associados e a JD Consultoria, de propriedade de Dirceu, serviu ao pagamento de propina por contratos entre a Engevix e a Petrobras. Pascowitch disse, inclusive, que o ex-ministro exercia forte pressão para receber propina desses contratos. O lobista também afirmou que usou a Jamp para pagar parte da compra da sede da empresa de Dirceu, a reforma de um apartamento em nome do irmão do ex-ministro, a reforma de outro imóvel cujo verdadeiro dono seria José Dirceu e a compra de uma casa para a filha dele. Ao todo, esses negócios teriam rendido ao ex-ministro, segundo Pascowitch, mais de R$ 2,7 milhões. O MPF afirma que essa quantia foi paga para Dirceu porque ele foi o responsável por indicar Renato Duque ao cargo de diretor de Serviços da Petrobras. Para o MPF, Pascowitch foi quem intermediu os pagamentos de propina para Dirceu e para o Partido dos Trabalhadores (PT), durante os anos em que trabalhou junto com a Engevix. Apenas o ex-ministro teria recebido R$ 11 milhões, segundo os investigadores. Sobre as relações com o PT, Pascowitch afirmou que o ex-tesoureiro da legenda, João Vaccari Neto, era quem recebia as quantias devidas pela Engevix. A atuação dele teria começado em 2009. Segundo o lobista, em um contrato para a construção de cascos para a exploração do pré-sal, o partido ficou com R$ 14 milhões. Pascowitch disse que desse montante R$ 4 milhões foram repassados como doações oficiais ao PT. O restante, conforme o lobista, foi pago em dinheiro vivo, para o próprio Vaccari, entre os anos de 2010 e 2011. Perguntado sobre como transportava tanto dinheiro, ele deu detalhes. "Eu fazia através de uma malinha que eu tenho, com rodinha. Cabia R$ 500 mil". R$ 7 milhões para o ex-ministro O delator Júlio Camargo, que também é réu nesta ação, foi interrogado na sexta-feira (22), e disse que fez pagamentos de cerca de R$ 7 milhões oriundos de propina para o ex-ministro. Esses pagamentos, segundo Camargo, foram feitos a pedido de Renato Duque. O delator disse que tinha uma conta corrente junto com Duque e o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco para pagamentos de propina. "Num momento Renato Duque me chamou e disse, Júlio, da nossa conta corrente eu quero que você destine R$ 4 milhões a José Dirceu", relatou. A partir de então, o delator diz que foi procurado por outro operador, Milton Pascowitch, que se apresentou como representante de José Dirceu e estabeleceu um cronograma de pagamentos. Defesas A defesa de José Dirceu afirmou que o depoimento de Pascowitch foi confuso e que as declarações precisam ser provadas, para que se faça qualquer acusação. Sobre o pagamento de R$ 7 milhões, citado por Júlio Camargo, o advogado de Dirceu disse que todo o dinheiro que o ex-ministro recebeu foi em função de serviço prestado, com nota fiscal emitida. Afirmou ainda que Dirceu não recebeu propina de Júlio Camargo e que tem a impressão de que as pessoas se favorecem nas delações usando o nome de José Dirceu. A defesa do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco disse que ele reafirmou o conteúdo da delação premiada. O advogado de Vaccari Neto, Luiz Flávio D'Urso, disse que a acusação de que Vaccari recebeu dinheiro de propina não procede. Em nota, o PT afirmou que todas as doações que recebeu foram realizadas estritamente dentro dos parâmatros legais e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral. Fonte: Portal G1
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