Trabalhadores resgatados não tinham banheiro, água potável e alojamento

Mais de 30 pessoas foram flagradas em condições degradantes de trabalho. Relatório da Procuradoria do Trabalho revela detalhes sobre operação.

Trabalhadores foram achados em condições degradantes em municípios do Piauí (Foto: Divulgação/PRF) Pedro SantiagoDo G1 PI O Ministério Público do Trabalho divulgou nesta terça-feira (2) o relatório sobre o flagrante de 33 pessoas trabalhando em condições degradantes nas cidades de Guadalupe, Floriano e Nazaré do Piauí, operação desenvolvida nos dias 18, 19 e 20 de agosto. O documento mostra que as pessoas que estavam trabalhando na extração da palha da carnaúba não tinham banheiro, água potável, equipamentos de proteção, carteira de trabalho assinada ou alojamento e alimentação adequados. A Força Tarefa conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério Público do Trabalho (MPT), com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), teve a finalidade de prevenir, repremir a prática de trabalho forçado, de crianças e adolescentes e de crimes contra a organização do trabalho. Em Lagoa do Barro, zona rural de Guadalupe, foram encontrados 10 trabalhadores executando tarefas de retirada das folhas de carnaúba, secagem e a "batida" das folhas (extração do pó). No local onde os trabalhadores estavam não havia banheiros, ou materiais de higiene e limpeza. “Estes realizam as necessidades básicas no local (ao chão, na própria floresta de carnaúba) e utilizam a água da lagoa para banho; os trabalhadores não portavam uniformes; Não foi constatada a utilização dos EPls adequados por todos os trabalhadores; A alimentação fornecida aos trabalhadores é de baixa qualidade (arroz, feijão,carne), além de preparada e servida em más condições de higiene e de conservação”, diz trecho do documento.

Acompamento flagrado na operação (Foto: Divulgação/PRF)
Acompamento flagrado na operação (Foto: Divulgação/PRF)
A inspeção da Força Tarefa continuou pela comunidade Pilões, em Floriano, onde foram encontrados sete trabalhadores, sendo duas mulheres, trabalhando na coleta da palha da carnaúba. A situação dessas pessoas, segundo o relatório, era muito parecida com a anterior: sem água ou alojamento adequado, falta de banheiro, EPIs. Nenhum deles tinha contrato ou registro de carteira assinada. Já nas comunidades Ansiada e Pitombeira, ambas em Nazaré do Piauí, 16 pessoas estavam desenvolvendo o trabalho com as folhas da carnaúba com alguns poucos equipamentos de proteção. Na Ansiada, não foi constatado o fornecimento de alimentação aos trabalhadores, enquanto que na segunda localidade, os alimentos eram mantidos e as refeições preparadas ao ar livre (na presença de insetos e moscas). O relatório foi assinado pelo procurador do trabalho Carlos Henrique Pereira pelo analista perito em engenharia de Segurança do Trabalho Fernando Castro Garcia. Os supostos patrões dos trabalhadores estão sendo identificados, autuados por trabalho escravo e outros crimes e que ainda serão apurados.