Juiz decreta prisão preventiva de investigados na 16ª fase da Lava Jato

Othon Luiz Pinheiro e Flávio David Barra foram presos em 28 de julho. 

Othon da Silva e Flávio David Barra estão presos na carceragem da PF, em Curitiba (Foto: Antonio Cruz/ABr e Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo) Rosanne D'AgostinoDo G1, em São Paulo Os dois são suspeitos de envolvimento em esquema de corrupção. O juiz Sérgio Moro manteve presos nesta quinta-feira (6) Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-diretor-presidente da Eletronuclear, e de Flávio David Barra, presidente global da AG Energia, controlada pelo grupo Andrade Gutierrez. As prisões temporárias, que venciam hoje, foram convertidas em preventiva (sem prazo). Os dois foram presos na 16ª fase da Operação Lava Jato, suspeitos de participar de um esquema de corrupção envolvendo a Eletronuclear nas obras de Angra 3, no Rio de Janeiro. A Eletronuclear tem economia mista e o controle acionário é da União. Segundo Moro, houve "um reforço significativo das provas colhidas, que apontam para a materialidade de crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro". O juiz citou "risco à investigação e à instrução" e argumentou que o "esquema criminoso" na Eletronuclear teve continuidade mesmo após o início da Operação Lava Jato. "Se nem a notorieade da Operação Lava Jato serviu para coibir esse tipo de crime, forçoso reconhecer a necessidade da preventiva", concluiu. O G1 tenta contato com os advogados. Investigações A Eletronuclear foi criada em 1997 para operar e construir usinas termonucleares e responde hoje pela geração de 3% da energia elétrica consumida no país. Othon Luiz Pinheiro foi afastado do cargo em abril deste ano, quando surgiram denúncias de pagamento de propina a dirigentes da empresa, que é uma subsidiária da Eletrobras. Ele é suspeito de receber R$ 4,5 milhões em propina. "A Andrade Gutierrez repassava valores para a empresa de Othon Luiz por meio de empresas intermediárias que atuavam na fase de lavagem de dinheiro", afirmou o procurador do MPF Athayde Ribeiro Costa. Na decisão de manter a preventiva, Moro afirma que foram simulados contratos de consultoria fraudulentos para esconder o pagamento de propinas e que há provas de abertura de conta secreta no exterior pela filha de Othon Luiz Pinheiro da Silva e duas off-shores que não foram declaradas no Brasil: Hydro Power Enterprise Limited, no Banco Havilland, em Luxemburgo; e Waterland S/A, no Uruguai. Já Flávio David Barra foi citado na delação do ex-presidente da empreiteira Camargo Corrêa Dalton Avancini, que afirmou que havia um acerto futuro de pagamento de propina a funcionários da Eletronuclear, referente às obras de Angra 3, e que Flávio teria participado da reunião, em agosto de 2014. No mesmo dia da deflagração da operação, o juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de R$ 60 milhões. De acordo com a solicitação do magistrado, R$ 20 milhões são referentes a Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o mesmo valor refere-se ao executivo da empreiteira Andrade Gutierrez Flavio David Barra. Os outros R$ 20 milhões restantes devem ser bloqueados da Aratec Engenharia, Consultoria & Representações Ltda, que pertencente a Othon Luiz.