Janot celebra devolução de R$ 157 mi e diz que Lava Jato é 'impessoal'
Evento comemorou restituição de dinheiro desviado por ex-gerente.
Presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse que estatal foi vítima. Renan RamalhoDo G1, em Brasília O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta segunda-feira (11) que as investigações da Operação Lava Jato são conduzidas de maneira “impessoal” pelo Ministério Público Federal. Sem citar nomes, ele afirmou que o que se busca é o “esclarecimento dos fatos” e não “uma ou outra pessoa”. As declarações foram dadas durante evento na PGR que celebrou a restituição de R$ 157 milhões desviados pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Os valores já estão depositados na conta da Justiça Federal de Curitiba e serão transferidos para os cofres da estatal na próxima quarta-feira (13), segundo a assessoria da PGR. “Os resultados são visíveis, porque o trabalho está sendo impessoalmente conduzido. Não se busca o alvo de uma ou outra pessoa. O que se busca são esclarecimento dos fatos. Do esclarecimento dos fatos chegamos a autoria que é necessária para a persecução penal”, afirmou. “É um trabalho cooperado, integrado, absolutamente impessoal, trabalho profissional que não tem por objetivo outro que não seja a completa elucidação dos fatos, com a imputação da responsabilidade de forma impessoal àqueles que contribuíram para a pratica dos ilícitos”, disse em seguida. Na semana passada, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos políticos investigados na Lava Jato, disse que é alvo de inquérito por uma “querela pessoal” de Janot contra ele. No dia anterior, o chefe do Ministério Público destacou, em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que há "elementos muito fortes" para investigar o deputado. “Ele [Janot] escolheu a mim e está insistindo na querela pessoal porque eu o contestei. Então, virou um problema pessoal dele comigo”, afirmou Cunha na terça-feira, acrescentando que o procurador-geral conduz uma “investigação própria” para tentar constrangê-lo. Delação premiada Os R$ 157 milhões que serão devolvidos à Petrobras correspondem a 80% dos R$ 197 milhões que Barusco prometeu devolver em seu acordo de colaboração com as investigações. Os 20% restantes ficarão retidos numa conta judicial para eventual ressarcimento a outras empresas ou órgãos afetados, como a própria União. No total, o Ministério Público já firmou acordos de delação premiada que preveem devolução de R$ 570 milhões à Petrobras. Na delação premiada, a pessoa investigada aceita devolver os recursos ao confessar crimes. Esse processo costuma ser mais rápido que a restituição dos desvios após o fim de ações judiciais, que pode demorar anos. Além dos R$ 570 milhões já garantidos por delações premiadas, o Ministério Público já conseguiu bloquear outros R$ 500 milhões nesses processos. Petrobras Durante o ato simbólico de devolução, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, ressaltou que a estatal foi “vítima” dos atos de corrupção descobertos pela Lava Jato. Segundo ele, a empresa vem colaborando com as investigações para garantir o ressarcimento dos desvios. “A orientação que eu recebi da presidente Dilma é clara: não hesitaremos em defender os interesses da companhia diante dos malfeitos e buscaremos sem descanso a reparação integral por todos eles”, afirmou o executivo. Bendine citou diversas ações penais e por improbidade administrativa que a Petrobras moveu para receber os valores de volta e também ser indenizadas pelos danos. As investigações da Lava Jato apontam para desvios que totalizam R$ 6,2 bilhões.
Comentários