Candidatos alegam falta de dinheiro para montar equipe

Embora com pequena estrutura, prefeituráveis da Capital que não possuem elevadas somas de recursos afirmam que mesmo assim estão com suas campanhas nas ruas. Apesar das limitações, os postulantes se organizam dentro das condições financeiras de seus partidos para acompanhar o ritmo da disputa em Fortaleza.

Na primeira prestação de contas da campanha ao Tribunal Regional Eleitoral, André Ramos (PPL), Francisco Gonzaga (PSTU) e Renato Roseno (PSOL) declararam, juntos, uma arrecadação de R$ 35 mil e despesas de R$ 18 mil. Somente o candidato do PRTB, Valdeci Cunha, ainda não declarou receita e consequentemente despesas. Todos os demais candidatos apresentaram despesas e receitas.

O postulante Valdeci Cunha (PRTB) explica que os recursos que estão sendo utilizados na sua campanha são oriundos do diretório nacional do partido, embora os valores totais ainda sejam indefinidos. Apesar disso, Valdeci Cunha afirma que as "promessas são boas". Ele esclarece, ainda, que os materiais publicitários da campanha só começaram a circular nas ruas a partir desta semana, tendo em vista a ausência de recursos. "A nossa campanha é modesta como a de tantos outros", aponta.

Estrutura
Valdeci Cunha alegou a falta de recursos e, consequentemente, de material de divulgação como um dos motivos centrais da não pontuação na última pesquisa do Ibope, divulgada segunda-feira pelo Diário do Nordeste. Ele justifica que o partido não conta com recursos para "colocar a militância na rua".

O comitê de Valdeci Cunha foi instalado ao lado da sede do partido, uma sala na Avenida Antônio Sales, diferentemente dos comitês de outros candidatos, notadamente os do PSB e PT que têm, inclusive, mais de um ponto de apoio das suas campanhas. Na opinião do postulante, a maior conquista do partido, nesta eleição, foi lançar candidatura própria ao invés de integrar uma coligação e simplesmente ser apoiador.

Já o candidato do PSOL, Renato Roseno, acredita que, apesar da escassez de recursos, é possível fazer uma campanha com grande participação de militância. "Esse argumento não é completamente válido (de falta de recursos). Quem tem história de militância consegue suplantar isso", avalia. Ele explica que "criatividade" e "ousadia" são aspectos fundamentais para candidatos que não contam com grande infraestrutura, tanto na parte material quanto financeira, enfatiza.

De acordo Renato Roseno, sua campanha não concentra as atividades em um "comitê profissionalizado", e sim em sedes chamadas "Casas do Sol", que são residências cedidas por militantes. Até agora, foram inauguradas 20 casas.

O candidato estima que aproximadamente 300 pessoas estejam envolvidas diariamente na campanha. As principais despesas, explica, são referentes a material impresso, combustível e produção audiovisual. De acordo com o site do pleiteante, a campanha já arrecadou R$ 49,3 mil e gastou R$ 45 mil.

Militantes
Também sem grande suporte financeiro, André Ramos (PPL) garante que ainda está "correndo atrás de recursos para finalizar o programa de TV" da candidatura. Segundo ele, a campanha possui 20 militantes que trabalham nas ruas, mas sem remuneração. O candidato afirma, entretanto, que a intenção do partido é contratar "ativistas" para fazer bandeiraços e aumentar a visibilidade da campanha.

André Ramos afirma que a campanha conta com um carro de som e uma sede na rua Pereira Filgueiras. Além disso, complementa, todos os recursos utilizados até o momento são oriundos do partido ou doações de filiados. A agremiação do candidato foi criada recentemente e, também por não ter eleito deputado federal sua participação na distribuição dos recursos do Fundo Partidário é relativamente muito pequena.

O coordenador da campanha do candidato Francisco Gonzaga (PSTU), Lucas Scaldaferri, faz questão de ressaltar que o partido não contrata militantes para distribuir panfletos nas ruas nem fazer bandeiraços. "Tudo é feito pela militância. Nossa campanha é ideológica", expõe. Ele afirma também que, em média, 100 apoiadores do PSTU estão envolvidos na campanha de Francisco Gonzaga.


Canteiros de obras
Os lugares onde mais se concentram as atividades, aponta Lucas, são os postos de trabalho e universidades, com destaque para canteiros de obras, fábricas e garagens de ônibus. O coordenador da campanha garante que as despesas estão sendo financiadas com doações de trabalhadores e apoiadores, mas ele diz que, até o momento, ainda não foi feito um balanço geral para contabilizar o arrecadado. Lucas Scaldaferri diz ainda que não são aceitos na campanha recursos doados por empresários, independentemente de serem pessoa física ou jurídica. O comitê de Francisco Gonzaga está sendo a própria sede do PSTU, localizada na Rua Juvenal Galeno.

Ônibus
O candidato do PSDB, embora tenha apresentado à Justiça Eleitoral uma previsão de gastos da ordem de R$ 10 milhões no primeiro turno da disputa, alugou um ônibus para servir de comitê alegando a inexistência de recursos financeiros para a manutenção de um comitê fixo.

O comitê móvel de Marcos Cals, alugado por R$ 8 mil mensais, ainda não está regularizado, e o candidato tem feito suas visitas aos bairros, na última semana, utilizando veículos particulares e fretados, para a militância. No domingo passado, o veículo foi apreendido por fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), pois estava com equipamentos de som ligados próximo a uma igreja evangélica, e também com adesivos colados em sua parte externa. Visto ser um transporte de placa vermelha, o ônibus teve que ser recolhido ao depósito da Justiça Eleitoral e liberado após os responsáveis repararem as falhas.

"A empresa ainda não trocou a placa vermelha por uma cinza, mas acredito que até o início da próxima semana esteja tudo resolvido. Agora o comitê móvel sou eu, que estou andando em todos os bairros, com ou sem ônibus", brincou o candidato.

Todos os demais candidatos, porém, têm boa estrutura de campanha, destacando-se a dos candidatos Roberto Cláudio (PSB), Elmano de Freitas (PT), Inácio Arruda (PCdoB) e Heitor Férrer (PDT), com maior ou menor diferença entre elas, como é notado nas ruas da Capital. 

Valdeci Cunha explica que os recursos que estão sendo utilizados na sua campanha são oriundos do diretório nacional do partido.

André Ramos afirma que ainda está tentando captar recursos para finalizar o seu programa para ser exibido na propaganda eleitoral na TV.

Sem contratar militantes para fazer bandeiraços e panfletagem, Francisco Gonzaga conta com 100 apoiadores do PSTU na campanha.

Sequência dos candidatos:

Valdeci Cunha (FOTO: ALEX COSTA) 

André Ramos (FOTO: NATINHO RODRIGUES )

Francisco Gonzaga (FOTO: NATINHO RODRIGUES)