Demóstenes cita Deus e diz que há campanha sistemática contra ele

GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Em depoimento no Conselho de Ética do Senado, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) disse nesta terça-feira (29) que enfrenta o "pior momento" da sua vida por ser vítima de uma "campanha sistemática orquestrada" para prejudicá-lo.

O ex-líder do DEM afirmou que foi investigado injustamente pela Polícia Federal, reiterou que mantém apenas amizade com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e disse que "reencontrou Deus" em meio às acusações.

"Eu só pude chegar aqui hoje porque quero dizer aos senhores que redescobri Deus. Parece um fato pequeno, mas acho que minha atuação era pautada mais pelos homens do que por Deus. Se eu cheguei aqui, foi porque readquiri a fé. Graças a Deus posso estar aqui para conversar com as senhoras e os senhores."

Demóstenes disse que houve "vazamentos programáticos, programados e diferentes" com o objetivo de "enxovalhar" sua reputação. Ao alegar inocência, disse que "muita coisa que foi dita é desmentida pelos próprios autos" do inquérito da PF.

O senador rebateu acusação de que teria adquirido imóvel superior a R$ 1 milhão, o que demonstraria um patrimônio maior que o seu. "Até fevereiro deste ano eu morava na casa da minha enteada. Comprei um apartamento no ano passado no valor de R$ 1,2 milhões, R$ 400 mil pagos pela minha esposa e R$ 800 mil financiados pelo Banco do Brasil. Vou terminar de pagar a última prestação quando eu tiver 80 anos de idade."

O senador disse que foi "vítima da maldade" em diversos momentos e não tinha conhecimento de irregularidades cometidas por Cachoeira.

"Eu não tinha a lanterna na popa, não podia adivinhar o que sei hoje. O que sabia naquele momento é que me relacionava com um empresário que se relacionava com cinco governadores, dezenas de parlamentares, dezenas de outros empresários. Todas as outras pessoas confirmaram: sim, ele tinha vida social, era recebido em todos os lugares."

DEPRESSÃO

O senador disse que, desde o início da crise que envolve seu nome, entrou em depressão e toma remédios para dormir que não fazem efeito. Também relatou aos colegas que quer provar sua inocência perante a sociedade e sua família --ao citar a mulher, filhos, neto e os irmãos.

"Confesso para os senhores que pensei nas piores coisas. Pensei em renunciar ao meu mandato. E o simples fato de eu ter contato com as pessoas que depois, eu pude ver, o tanto que eu fui cruel com os outros."