Último foragido pela execução do bicheiro Fernando Iggnácio é preso no Paraguai
Pedrinho, foi preso pela Polícia Nacional do Paraguai em Ciudad del
Crime foi em 2020. A polícia tinha pedido a prisão de 4 homens pelo assassinato. Dois já estavam presos, e um morreu. O também bicheiro Rogério Andrade foi preso por mandar matar o rival.
Por Henrique Coelho, g1 Rio 04/01/2025
Polícia pede a prisão de outros dois suspeitos de morte do contraventor Fernando Iggnácio
A Polícia Civil do RJ prendeu no Paraguai o último foragido pela execução do bicheiro Fernando Iggnácio. Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, o Pedrinho, foi preso pela Polícia Nacional do Paraguai em Ciudad del Este na noite desta sexta-feira (3), com apoio da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
Iggnácio, genro e herdeiro do contraventor Castor de Andrade, foi executado em 10 de novembro de 2020 em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes. Ele tinha acabado de desembarcar de um helicóptero, vindo de Angra dos Reis, na Costa Verde, e foi alvejado ao caminhar até o carro. Os tiros foram de fuzil 556. Relembre como foi o crime.
Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, o Pedrinho, foi preso no Paraguai — Foto: Re-produção
Ygor Farofa (E); o ex-PM Pedro Cordeiro (C); o PM Rodrigo das Neves (de boné); e Otto Cordeiro (no alto) — Foto: Reprodução
29 de outubro - Rogério Andrade, o maior bicheiro do Rio, é preso por mandar matar o rival, Fer-nando Iggnácio, executado em novembro de 2020. — Foto: JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Fernando Iggnácio, genro do contraventor Castor de Andrade, foi executado dentro de heliporto na Zona Oeste do Rio de Janeiro — Foto: Luciano Belford/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Segundo as investigações, a morte de Iggnácio foi encomendada por Rogério Andrade, sobrinho de Castor de Andrade e hoje o maior bicheiro do Rio. Rogério foi preso em outubro e transferido em novembro para o Presídio Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.
Ainda de acordo com a polícia, 4 homens participaram do atentado contra Iggnácio:
1. Rodrigo Silva das Neves: apontado como miliciano, foi preso em janeiro de 2021 em uma pousada na cidade de Canavieiras, no sul da Bahia, onde estava escondido.
2. Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro: irmão de Pedrinho, o ex-PM foi preso em fevereiro de 2023 em Santa Terezinha de Itaipu, na região oeste do Paraná.
3. Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa: apontado como matador de aluguel, foi encontrado morto em novembro de 2022 no Terreirão, no Recreio.
4. Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, o Pedrinho: preso nesta sexta-feira no Paraguai.
Também foi preso o policial militar reformado Márcio Araújo de Souza, apontado como o contratante do quarteto e um dos principais seguranças de Rogério Andrade. Ele se entregou à polícia em fevereiro de 2021.
Preso com documentos falsos
As investigações apontaram que Pedrinho, que é ex-policial militar, foi responsável por realizar pesquisas sobre a rotina de Iggnácio e sobre as armas usadas no crime.
Ele também realizou levantamentos sobre diversos outros contraventores executados a fim de elaborar um estudo de caso para que a ação criminosa contra Fernando Iggnácio não tivesse falha.
Após o crime, Pedrinho fugiu do Brasil e foi capturado ao dar início a procedimentos para emissão de documentos no Paraguai. Os agentes constataram que ele usava um documento falso brasileiro e suspeitaram do criminoso.
Briga pelo poder
Castor de Andrade era um dos chefões do jogo do bicho e morreu de infarto em 1997. Rogério era seu sobrinho e não herdou de pronto o espólio da contravenção. Coube a Paulo Roberto de Andrade, o Paulinho, filho de Castor, e a Fernando Iggnácio, genro do chefão, tocar o império.
Na divisão, Iggnácio foi cuidar dos caça-níqueis, e Paulinho passou a tomar conta das bancas do bicho. Rogério, porém, considerava ter direito à herança e passou a disputar território com Paulinho e Iggnácio.
Paulinho foi assassinado em 1998, crime atribuído a Rogério, que assumiu o negócio do primo e começou a avançar sobre o de Iggnácio.
Investigações da Polícia Federal mostram que a disputa entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio entre 1999 e 2007 resultou em 50 mortes — algumas foram de policiais, acusados de prestar serviços para os contraventores.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/01/04/ultimo-foragido-pela-execucao-do-bicheiro-fernando-iggnacio-e-preso-no-paraguai.ghtml
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