PM vira réu na Justiça após tentar matar os próprios irmãos; vítimas se esconderam atrás de postes

As mortes só não foram consumadas "por circunstâncias alheias à vontade do agente".

Escrito por Emanoela Campelo de Melo 

Legenda: O MPCE ainda destacou que devido aos antecedentes do militar é preciso a sua custódia preventiva para "a garantia da ordem pública".

Foto: Natinho Rodrigues 

Esta não foi a primeira vez que o sargento da Reserva Remunerada da Polícia Militar do Ceará (PMCE) tentou assassinar os próprios familiares

O policial militar José Augusto Barros de Prado agora é réu na Justiça cearense, após tentar matar os próprios irmãos e o sobrinho, na cidade de Maranguape, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), as vítimas se "abrigaram atrás de postes para se protegerem dos disparos".

Nessa quarta-feira (6), o juiz da Vara Única Criminal de Maranguape decidiu aceitar a denúncia na íntegra, entendendo que a acusação "preenche os requisitos de lei, pois narra fatos que em tese constituem infração penal". Esta não foi a primeira vez que o sargento da Reserva Remunerada da Polícia Militar do Ceará (PMCE) tentou assassinar os próprios familiares.

MOTIVO FÚTIL

Conforme a investigação, o crime registrado em 19 de agosto de 2023 aconteceu por motivo fútil e com meios que dificultaram a defesa das vítimas. As mortes só não foram consumadas "por circunstâncias alheias à vontade do agente".

"A tentativa de homicídio deu-se em função da insatisfação do denunciado para com questões sucessórias em relação ao patrimônio deixado por seu pai, posto que aquele nunca soube lidar com o modo como foi repartido um imóvel após a morte de seu genitor, situação que já ensejara outros conflitos entre os familiares, sendo que o ora denunciado é réu em outra ação penal também por tentativa de homicídio com a mesma motivação"

MPCE

O MPCE ainda destacou que devido aos antecedentes do militar é preciso a sua custódia preventiva para "a garantia da ordem pública".

"O denunciado, fora de contexto de atividade militar, compareceu ao local e horário retro em uma motocicleta e, após passar próximo às vítimas, desceu do veículo e, sem qualquer aviso ou discussão, passou imediatamente a desferir disparos de arma de fogo contra as vítimas, que estavam reunidas para montar uma cerca em torno do imóvel em que a tentativa de homicídio foi praticada"

Além do processo criminal, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que "determinou imediata instauração de processo disciplinar em desfavor do policial militar para devida apuração na seara administrativa".

CRIME ANTERIOR

José Augusto também foi denunciado pelo MPCE, em novembro de 2021, mas este processo criminal ainda não foi julgado.

As investigações acerca do crime anterior, segundo o Ministério Público, “apontaram que o denunciado sempre fora muito agressivo com seus familiares, sobretudo por conta de um terreno deixado a título de herança pelo pai, porém partilhado informalmente entre os herdeiros. O denunciado não se conformava com a referida divisão e, por este motivo, vivia ameaçando seus irmãos, também tendo efetuado, por diversas vezes, disparos de arma de fogo para cima, como forma de intimidar seus irmãos".

A defesa de José Augusto Barros do Prado sustentou, no processo, que "não são verdadeiras as acusações contidas na peça acusatória ofertada nos autos" e que o PM tem largos serviços prestados à sociedade, é um cidadão ordeiro, pacato, trabalhador e bem-quisto na comunidade onde reside.

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