Policial preso no Ceará por matar amigo em bar é afastado das funções pela CGD
Hilquias está preso no Presídio Militar desde o dia 30 de março, quando foi capturado no município de Jaguaribe, tentando fugir
Câmeras de segurança flagraram o momento que o agente atirou na nuca da vítima que estava com ele em uma mesa de bar.
Por g1 CE
Policial militar é preso no Ceará por matar em homem em bar
O policial militar Hilquias Coelho Ferreira, preso por suspeita de matar o amigo com um tiro na cabeça em um bar na cidade de Barro, no interior do Ceará, foi afastado preventivamente das funções pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).
Na decisão, publicada no Diário Oficial do Estado da última quarta-feira (5), o órgão também informou que foi instaurado um Conselho de Disciplina para apurar as condutas transgressivas atribuídas ao soldado.
"Considerando que a documentação acostada aos autos consolida de forma clara e cristalina, os indícios de autoria e materialidade, que, em tese, perfazem condutas que geram ruptura a Lei Nº13.407, de 21/11/2003, devidamente passível de apuração por esta Casa Correicional", disse a Corregedoria nas justificativas para as medidas.
Hilquias está preso no Presídio Militar desde o dia 30 de março, quando foi capturado no município de Jaguaribe, tentando fugir.
Motivação
Carlos Anderson da Silva Mariano, de 33 anos, foi morto com tiro na cabeça disparado por policial em bar na cidade de Barro, no Ceará — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução
Testemunhas do assassinato que vitimou Carlos Anderson da Silva disseram em depoimento à Polícia Civil que o policial militar Hilquias atirou no amigo por se recusar a guardar a arma de fogo. Já o militar investigado, alegou que há dois anos a vítima tentou matá-lo por motivação desconhecida.
Câmeras de segurança do estabelecimento flagraram o momento do crime atribuído ao policial. Hilquias e Carlos estavam sentados na mesma mesa, consumindo bebida alcoólica. Em determinado momento, Hilquias se levantou, pegou a arma no carro e atirou na nuca da vítima, que morreu no local.
Após o assassinato, ainda segundo relato de testemunhas, o policial militar fugiu em direção à cidade de Icó, a 95 quilômetros do local do crime, onde se envolveu em uma colisão. Em seguida, ele pegou carona até o município de Jaguaribe, onde foi preso.
'Frio e sem sentimento à vida humana'
Em 2 de abril, três dias após o crime, Hilquias passou por uma audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.
O g1 teve acesso à decisão do juiz Luís Savio de Azevedo Bringel, que afirma que a vítima guardou a arma de fogo do policial no carro do suspeito ao perceber que o amigo estaria bêbado. O policial não gostou da atitude da vítima, foi até o carro buscar a arma e, sem qualquer chance de defesa, atirou na cabeça do amigo, que estava de costas.
"Indiciado e vítima eram amigos e juntos ingeriam bebida alcoólica naquele fatídico dia. Na ação homicida teria sido feito uso de meio que tornou impossível a defesa da vítima, já que, além de desarmada, a vítima teria sido surpreendido com a ação do amigo e que, insatisfeito com o fato da mesma ter guardado sua arma de fogo, dirigiu-se a seu carro, voltou a se armar, retornou ao local e sem qualquer advertência ou discussão, pelas costas, desferiu disparo mortal ", diz o trecho da decisão judicial que negou a soltura do policial suspeito de matar o amigo.
Ainda segundo o juiz Luís Savio, não houve qualquer discussão entre a vítima e o policial, que efetuou um disparo mortal que atingiu a parte posterior da cabeça da vítima.
"Em razão de sua verossimilhança e gravidade, autorizam afirmar ser o agressor pessoa portadora de caráter perigoso, frio e sem sentimento à vida humana, sobretudo quando sob o efeito de bebida alcoólica", afirma o juiz na decisão de manter o policial preso.
Pedido de soltura negado
A defesa do policial solicitou a soltura, alegando que ele foi detido quando já não era mais perseguido e que, com ele, não foi achada a arma usada no crime. O juiz Luis Savio de Azevedo Bringel negou o relaxamento da prisão, afirmando que o fato de ele estar desarmado no momento da captura é "irrelevante". O juiz também afirmou que o policial era, sim, perseguido quando foi localizado.
O juiz também considerou que o suspeito já responde pelos delitos de deserção, ameaça e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, "reforçando, dessa forma, a ideia de que efetivamente seja pessoal voltada à prática de delitos e que, em liberdade, logo voltará a cometê-los".
https://g1.globo.com/ce/ceara/cariri/noticia/2023/04/08/policial-preso-no-ceara-por-matar-amigo-em-bar-e-afastado-das-funcoes-pela-cgd.ghtml
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