Polícia de MT procura empresário que teria mandado matar nove trabalhadores rurais
Empresário está com a prisão temporária decretada
[caption id="attachment_135896" align="alignleft" width="300"] Área onde os corpos das vítimas foram encontrados em Taquaruçu do Norte, em Colniza (MT). (Foto: Ciopaer/Divulgação)[/caption] Madeireiro tem negócios em MT e RO e está com a prisão decretada. Vítimas foram torturadas e mortas em Taquaruçu do Norte, distrito de Colniza. Por Carolina Holland, G1 MT A Polícia Civil procura pelo empresário do ramo madeireiro que teria mandado matar nove trabalhadores rurais no dia 19 de abril na gleba Taquaruçu do Norte, distrito de Colniza, a 1.065 km de Cuiabá. O suspeito, que tem negócios em Mato Grosso e Rondônia, está com a prisão temporária decretada. O nome dele não foi divulgado pelas autoridades. Duas pessoas foram presas suspeitas de terem torturado e matado as vítimas. Um terceiro suspeito de ter sido o executor dos crimes também é procurado pelas autoridades policiais. A chacina ocorreu numa disputa por exploração ilegal de madeira na região, afirma a Polícia Civil, e foi cometida por homens encapuzados. A gleba é de difícil acesso e fica a aproximadamente 200 km de Colniza. Dois dos trabalhadores foram assassinados com golpes de facão e sete com tiros de espingarda calibre 12. Na terça-feira (2), quando foram anunciadas as prisões de dois dos suspeitos, a polícia disse que o advogado do madeireiro estava negociando a entrega do cliente dele. Entretanto, esse advogado não fez mais contato, informou o delegado responsável pelas investigações, Edson Pick. Ele disse que o inquérito deve ser encerrado na próxima semana. Os dois presos até agora, Pedro Ramos Nogueira e Paulo Neves Nogueira, tio e sobrinho, tiveram os mandados de prisão preventiva cumpridos no Distrito de Guatá, em Colniza, e no Distrito de Tabajara, em Machadinho D'Oeste (RO). Eles contaram em depoimento que foram contratados para cometer o crime a mando empresário, mas não disseram quanto receberam. O grupo de pistoleiros que matou os nove trabalhadores na gleba seria chefiado pelo ex-sargento da Polícia Militar de Rondônia Moisés Ferreira de Souza. Ele tem mandado de prisão em aberto por outro crime cometido naquele estado. A Polícia Civil de Mato Grosso disse que não pediu a prisão dele porque aguarda o cumprimento desse mandado. A área onde ocorreu a chacina chegou a pertencer à Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt após disputa judicial com o dono de uma fazenda. Mas, segundo a Secretaria de Segurança Pública (Sesp-MT), parte da área de 42 mil hectares foi vendida irregularmente para outro fazendeiro e, depois que a cooperativa foi desfeita, uma nova associação foi formada. Essa nova associação passou a reivindicar parte do território vendido, diz Sesp-MT. Atualmente, 15 mil hectares são ocupados por trabalhadores rurais. Mais de 200 famílias viviam ali, mas a maioria foi embora depois das mortes. Os trabalhadores mortos no dia 19 de abril foram Sebastião Ferreira de Souza, 57, Izaul Brito dos Santos, 50, Ezequias Santos de Oliveira, 26, Samuel Antônio da Cunha, 23, Francisco Chaves da Silva, 56, Aldo Aparecido Carlini, 50, Edson Alves Antunes, 32, Valmir Rangeu do Nascimento, 55, e Fábio Rodrigues dos Santos, de 37 anos. Há 11 anos, outra chacina foi cometida na região de Taquaruçu do Norte. Naquela ocasião, cinco pessoas foram mortas e dez torturadas numa briga por terras. Os crimes foram investigados na operação Ouro Verde, da Polícia Civil, que em 2007 prendeu 39 pessoas, entre elas fazendeiros que atuariam na extração ilegal de madeira.
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