Polícia acha menino sequestrado pelo pai há nove meses, mãe chora
Caso do menino ganhou repercussão intenacional
[caption id="attachment_130987" align="alignleft" width="300"] Cláudia, mãe de Carlinhos, estava visivelmente emocionada (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press) [/caption] 'As horas não passam. Vou buscar meu filho', afirma mãe de Carlinhos Cláudia Boudoux esteve na sede da PF, na manhã desta quinta-feira (15). Ela recebeu a notícia da localização do menino durante a madrugada. http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2016/09/horas-nao-passam-vou-buscar-meu-filho-afirma-mae-de-carlinhos.html Thays EstarqueDo G1 PE Após nove meses de procura, Cláudia Boudoux, mãe de Carlos Boudoux Attias, 8 anos, o Carlinhos, teve, nesta quinta-feira (15), a informação sobre o desfecho do caso. Um drama familiar iniciado em dezembro de 2015, no Recife, quando o menino foi levado de casa pelo pai. De manhã, a fisioterapeuta recebeu uma ligação e soube que o filho havia sido encontrado na Argentina, em boas condições. Na mesma ação, em Buenos Aires, capital do país vizinho, o ex-marido, acabou preso. Ela se mostrou muito feliz e disse que esperava ter a criança nos braços outra vez, o mais rápido possível. “As horas não passam", declarou. Cláudia contou, após a entrevista coletiva realizada pela Polícia Federal, na área central do Recife, que acordou por volta da 1h com uma ligação de um agente da Interpol. “Ele falou que tinha uma notícia maravilhosa para me dar. Eu estava dormindo. Então não sabia se estava sonhando. Foi uma sensação de frio e calor ao mesmo tempo. É muita felicidade", desabafou, sem conter as lágrimas. O próximo passo do caso, que ganhou repercussão internacional, é a busca do menino. Amparado por uma casa de apoio à criança em Buenos Aires, ele aguarda a viagem da mãe. "Eu quero ir o quanto antes. Qualquer pessoa da família poderia ir até lá para buscá-lo, mas sou eu que vou. Vou abraçar meu filho". Depois de participar da entrevista, Cláudia foi encaminhada para uma sala da PF para tratar do processo de retorno da criança. Ela será acompanhada por um agente federal. Ainda não há data marcada para a execução desse procedimento. "São nove meses de espera e o medo de não voltar a ver Carlinhos mais me consumia. A gente não sabia onde ele estava e, agora, Deus trouxe de novo meu filho para mim", comemorou. Claudia afirmou que sempre acreditou que Carlinhos estivesse com o pai na Argentina. No mês passado, foi convidada para apresentar um trabalho sobre estética em Córdoba, perto de Buenos Aires. Antes de ir para a cidade resolveu passar na capital argentina na esperança de levantar pistas do paradeiro do seu filho. Ela chegou a se encontrar com parentes do ex-marido. "A princípio, eu não queria ir, porque não tinha condições emocionais, mas algo me dizia que eu tinha que ir lá sim. Que minha ida para a Argentina ia ser, de alguma maneira, positiva. Quando eu cheguei lá, tive a certeza de que meu filho estava lá. Tudo que consegui tirar deles, de suspeita, passei para a polícia", revelou. No momento, a maior preocupação de Claudia é com a saúde mental do filho. A mãe espera que ele retome, o quanto antes, a rotina que tinha no Recife. "Eu pedi para a madrinha de Carlinhos, que mora em Buenos Aires, que fique com ele, no abrigo. É para ele se acalmar. Minha preocupação é com a cabeça do meu filho, depois de toda essa confusão". Sobre o ex-marido, ela se recusou fazer qualquer observação negativa e afirmou não guardar raiva. "Eu não quero falar nada o pai de Carlinhos. Ele está entregue às mãos da Justiça brasileira e também da justiça divina. O importante para mim hoje é ter de volta meu filho, em boas condições emocionais", ressaltou. Cláudia foi acompanhada pelos parentes à coletiva na sede da PF (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press) Coletiva Durante entrevista coletiva realizada na manhã desta quinta-feira, a PF apresentou as primeiras informações sobre a solução do Caso Carlinhos. Para localizá-lo, os agentes quebraram, com autorização judicial, os sigilos telefônicos e de redes sociais do empresário. "A gente havia repassado alguns endereços em que ele poderia ser encontrado, mas ainda não sabemos a localização exata de onde ele foi achado. Vai depender da Justiça Argentina liberar essa vinda dele para cá", informou a delegada da Polícia Federal, Mariana Cavalcanti, que está à frente das investigações. A Polícia Federal ainda tentar saber a data em que o pai e a criança deixaram o Brasil. Não há registro nas fronteiras e a polícia da Argentina ainda deverá repassar o material fornecida pela corporação brasileira. Mesmo tendo a suspeita de que o menino havia siado levado para a Argentina. A PF ainda fez buscas em Pernambuco e na Paraíba. De acordo com a PF, Attias responderá por sequestro internacional, podendo pegar de 6 a 8 anos de prisão. Porém, o tempo de detenção pode aumentar caso sejam comprovado maus tratos. Ele será extraditado para o Brasil. A PF aguarda a formalização do pedido, que deverá ser emitido pelo juiz da vara da infância em Pernambuco. O empresário e a criança foram achados depois que a Interpol emitiu um alerta amarelo, para localizar uma pessoa. Depois, foi feito o alerta vermelho, que chamou atenção para a necessidade de prisão de Carlos Attias. Ao todo, 192 países foram acionados. Na coletiva, o delegado adjunto das Operações Especiais da Polícia Civil, Francisco Océlio Ribeiro, destacou o trabalho desenvolvido em parceria com todos os órgãos de polícia, do Judiciário e do Ministério Público. "Diante dos indícios de que ele havia saído do país, nós contamos com a vontade e a celeridade de todos. A partir do mandado de prisão, o trabalho passou a ser feito pela Interpol", afirmou. [caption id="attachment_130989" align="alignleft" width="300"] Coletiva do Caso Carlinhos aconteceu na sede da Polícia Federal (Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press) [/caption] Entenda o caso A fisioterapeuta conta que, na noite de Natal, um oficial de Justiça chegou à casa dela, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, com um mandado para que dois filhos, uma menina de dez anos, e o menino fossem para casa do pai, um comerciante argentino de 53 anos. No dia seguinte, as duas crianças seguiram para a casa do pai, com previsão para retornar dois dias depois, mas isso não aconteceu. Sem encontrar as crianças e nem conseguir contato com o ex-marido, Cláudia procurou a Justiça. Acompanhada por um oficial de Justiça, a fisioterapeuta seguiu até a casa e a empresa do pai das crianças, mas não as encontrou. No dia 30 de dezembro, o pai conseguiu o direito de passar a virada do ano com os dois filhos, com previsão de entregá-los à mãe no dia 2 de janeiro. A filha do casal ainda foi deixada na casa da mãe. Desde esse dia, ninguém mais teve notícias do paradeiro do pai e do garoto Carlinhos.
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