Demontier Tenório

Morreu por volta das duas horas da madrugada desta segunda-feira no Hospital Monte Klinikum em Fortaleza, a Senadora Alacoque Bezerra vítima de complicações cardíacas. Na noite da última sexta-feira, ela sofreu um infarto em sua residência no centro de Juazeiro do Norte e foi socorrida às pressas para a capital cearense em uma aeronave UTI no Ar. Nesse período, viveu momentos de altos e baixos no seu quadro clínico até o coração parar de bater.

Alacoque nasceu no dia 10 de Fevereiro de 1921 e era uma espécie de professora emérita da rede estadual de ensino quando teve a oportunidade de coordenar a educação em nível de Cariri na condição de delegada regional da Secretaria de Educação do Ceará. Ela jamais escondeu o amor por Juazeiro do Norte, sua terra natal, e pelo Padre Cícero Romão Batista de quem era devota. Oriunda de uma família política com grande influência no Ceará, sempre teve uma vida discreta.

Todavia, quando foi chamada a participar da política não se furtou. A eleição de Virgílio Távora para o Senado da República no dia 15 de novembro de 1982 pelo PDS trazia consigo os suplentes José Afonso Sancho e Alacoque Bezerra. Seis anos depois, Virgílio morreu ensejando a efetivação do primeiro suplente. Meses depois, o empresário José Afonso se licenciou do senado e Alacoque foi empossada pelo então presidente do Congresso Nacional, Senador Nélson Carneiro, como primeira mulher nordestina a tomar assento naquela casa. 

Ela exerceu o mandato entre os dias 18 de outubro de 1989 até 15 de fevereiro de 1990 reforçando sua luta em prol da educação quando apresentou projetos pela regulamentação do piso salarial para o magistério e defendeu a qualificação da merenda escolar. Em Juazeiro, ela ganhou homenagens como o nome de uma rua na Vila Santo Antonio e um pólo de ensino na Colina do Horto. Quando completou 90 anos, a mesma foi surpreendida em casa com uma festa simples, mas recheada de amor e carinho dos parentes e amigos.

Houve canto de parabéns, corte do bolo, um jantar no Sitio Salgadinho, onde a senadora nasceu, uma sessão de fotografias e a presença do cantor Nando Cordel. O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), César Asfor Rocha, genro de Alacoque, veio de Brasília especialmente para homenageá-la. Bastante lúcida e sorridente, tomou café da manhã com os filhos, netos e bisnetos. A “Madrinha do Juazeiro”, como era carinhosamente chamada, não conseguiu esconder a alegria. O corpo está sendo aguardado em Juazeiro e deve ser velado no Casarão da família na Rua Padre Cícero.

Filha de José Bezerra de Menezes e Maria Amélia Bezerra de Menezes, Alacoque foi a primogênita de sete irmãos: Leandro Bezerra (o primeiro a falecer em abril de 1991), Adauto e Humberto Bezerra, Neide, Orlando (já falecido) e Ivan Bezerra. Casou-se com José Maria de Figueiredo, com quem teve três filhos: Amélia Maria, Ivanhoé e Magda. Boa parte dos parentes ingressou no mundo político a partir de Leandro Bezerra que foi vereador em Juazeiro do Norte.

O Coronel José Adauto Bezerra foi deputado estadual, deputado federal, vice-governador e governador do Ceará. O também Coronel Francisco Humberto Bezerra foi deputado federal, prefeito de Juazeiro e vice-governador do Ceará. Orlando Bezerra de Menezes foi vereador e prefeito de Juazeiro, deputado estadual e deputado federal, o filho deste Jarbas Bezerra, deputado estadual. O filho de Leandro, José Arnon Cruz Bezerra de Menezes – deputado estadual, vice-prefeito de Juazeiro e deputado federal, e o irmão deste acaba de se eleger vice-prefeito de Juazeiro.