Fumaça afeta entorno do lixão de Juazeiro

Fumaça do lixão causa problemas a saúde da população

[caption id="attachment_140385" align="alignleft" width="300"] Apesar de o fogo estar controlado, muita fumaça vem sendo produzida e chegando às comunidades próximas ( Foto: Antonio Rodrigues )[/caption] Com o aumento da temperatura, a combustão dos gases tem gerado muita fumaça na área por Antonio Rodrigues - Colaborador Juazeiro do Norte. O aumento da temperatura no mês de novembro, além do habitual desconforto à população, vem causando sérios problemas à saúde dos moradores próximos do lixão ao céu aberto deste Município do Cariri cearense. No local, que recebe os resíduos sólidos da cidade, às margens da CE-060, focos de incêndio têm sido registradas desde o dia 29 de outubro. Apesar de o fogo estar controlado, muita fumaça vem sendo produzida e chegando às comunidades próximas. O problema começou a ser identificado pelos catadores que trabalham por lá. As chamas começaram na parte de baixo, que concentra as barracas de pessoas que moram no lixão. Em seguida, atingiu o restante do material na parte mais alta. O fogo logo atingiu o barraco de madeira e lona do catador Pedro Felix, que, no momento, não estava no local. Há dois anos ele morava no lixão. "Perdi roupa, uma feira, o material de R$ 300 para vender. Até um celular velho eu perdi. Perdi tudo. Só salvei os documentos porque não guardo aqui", lamentou. Os moradores vizinhos vêm sofrendo com a fumaça. "Os olhos ficam ardendo, dá muita tosse. Todo mundo está reclamando", denuncia o catador Francisco de Assis, que paralisou suas atividades. Enquanto o comerciante Daniel Silva, morador da Vila Três Marias, bairro a pouco mais de 1Km do lixão, explica que, quando chega à noite, o problema fica ainda mais acentuado. "A fumaça cobre tudo, não dá pra ver nada. A gente não consegue dormir", conta. O bairro Vila Padre Cícero, popular Palmeirinha, também fica coberto de fumaça, dependendo da direção do vento. Moradora de lá, a dona de casa Cícera Rosendo conta que as crianças são as que mais sofrem com a inalação da fumaça. "Aqui tem quatro crianças. Minha menina pequena está até cansada. À noite fica mais forte. Até as roupas dentro de casa ficam fedendo a fumaça. E ela entra de todo jeito, pela brecha das telhas. De manhã não é tão ruim porque abre as portas, mas de noite, fica abafado. Aqui é esquecido", denuncia Cícera. Segundo a Autarquia Municipal de Meio Ambiente (Amaju), algumas medidas já foram tomadas e, há duas semanas, o fogo foi contido. Foi aplicado o contrafogo e colocadas camadas de argila sobre o lixo em combustão. No entanto, o trator que atuava, diariamente, está com defeito e aguarda o conserto pela empresa que faz a coleta dos resíduos sólidos. O veículo trabalhava na cobertura do material para controlar e impedir que as chamas se alastrem, fazendo o isolamento da área que apresenta focos. Por outro lado, a Amaju acredita que, com o conserto ou substituição do trator nesta quarta-feira (22), até o fim da semana, serão colocadas as 50 carradas de areia para enterrar o lixo em combustão, o que diminuirá a fumaça em 90%. Segundo o superintendente da Amaju, o engenheiro ambiental Sidney Kal-Rais, o fogo nas áreas que concentram grandes quantidades de lixo é mais comum em épocas de altas temperaturas, como novembro. A decomposição do material gera gases, como o metano, que é inflamável. "São camadas e camadas de resíduos e o fogo vai descendo. Com a alta temperatura, fica inviável de se apagar. O gás continua em combustão e vai passar alguns dias. A gente está torcendo para dar uma chuva, esfriar a temperatura", completa Sidney. Com população estimada em 270.383 habitantes, Juazeiro do Norte produz, diariamente, cerca de 926 toneladas de lixo, segundo o Conselho de Política e Gestão do Meio Ambiente, que são depositados no lixão.