Educação para a segurança e a eficiência energética

Segurança energética e menos desperdício de energia

[caption id="attachment_129080" align="alignleft" width="300"]-11 Educação para a segurança e a eficiência energética Mas a segurança diante da possibilidade de incêndios também serve de alívio (Foto: André Costa)[/caption] Tudo começou com uma aula prática de Física, que transformou-se numa lição de vida para os estudantes por André Costa - Colaborador Os estudantes aprenderam que instalações corretas, além de seguras, são econômicas A maior alegria das famílias beneficiadas com a primeira fase do projeto foi a economia sentida na redução do valor da conta de energia. Juazeiro do Norte. A preocupação com o meio ambiente e a vontade de criar alternativas para diminuir o consumo de energia, cada vez mais em alta no País, fizeram com que alunos do Ensino Médio desenvolvessem um projeto capaz de reduzir a conta de luz em até 30%, além de minimizar os riscos de curto-circuitos, segundo o professor e coordenador do projeto, Ricardo Ferreira da Fonseca. Apesar de só ter sido posta em prática neste mês, a ideia surgiu em 2015, durante um aula. "Eu comentava com os alunos sobre o Efeito Joule, uma Lei Física que expressa a relação entre o calor gerado e a corrente elétrica que percorre um condutor em determinado tempo, e vimos que perde-se muita energia por mal dimensionamento e rede fora das normas da ABNT", contou. A partir de então, três alunos do 1º ano do Colégio Paraíso passaram a pesquisar, com o auxílio do docente, meios de redimensionamento da rede elétrica. Posteriormente, foram instruídos ao uso correto dos equipamentos de segurança, como usar a fiação elétrica e o significado de diferentes cores dos fios. "Aprendemos também como montar os interruptores e como instalar o aterramento, depois, fomos por em prática o que aprendemos na teoria", explica Tiago Alencar, um dos estudantes que integram o projeto. No início deste mês, já na fase de execução do projeto, o grupo selecionou três imóveis, no bairro Leandro Bezerra, para as primeiras trocas da fiação, interruptores e tomadas. "Nosso trabalho, além de científico, é social. Então optamos por famílias carentes, com poucos recursos financeiros e que, além de passarem a contar com mais segurança na rede elétrica, terão redução na conta de energia ao fim do mês". Assim justificou Fonseca a escolha do bairro periférico. De acordo com o professor, "muitas pessoas, sobretudo as de baixa renda, usam fios condutores mais baratos e de baixa qualidade, abaixo da bitola e não se preocupam com as cores, pois quem faz a instalação é um amigo, eletricista não qualificado, enfim, alguém que não obedeceu à ABNT". A execução do projeto de redimensionamento, em cada casa, dura em média 7 horas e todo o material utilizado é doado. "Trocamos toda a fiação, tomadas e interruptores, além de fazer o aterramento de toda a rede", detalhou o estudante Caio Pereira. Substituição O especialista de eficiência energética da Companhia Energética do Ceará (Coelce), Marconi Melo, reconheceu a importância do projeto e ressaltou que, "a Coelce sempre alerta para que os usuários fiquem atentos às condições dos fios". Conforme explica, "a cada 5 ou 10 anos, deve ser feita uma vistoria em toda rede elétrica dos imóveis. Caso esteja velha ou sobrecarregada, o aconselhado é fazer a substituição". Esse cuidado, continua Marconi, "é importante, pois antigamente, quando uma casa era construída, não se tinha a quantidade de eletrodomésticos que existe hoje. Portanto, em muitos casos, a rede acaba ficando sobrecarregada, há o aquecimento e, consequentemente, maior consumo de energia, sem contar nos riscos de curtos-circuitos". Quanto ao consumo de energia, cuja redução foi estimada em 30% com o redimensionamento, Marconi pondera que "a redução no consumo varia de um imóvel para o outro". "Não podemos precisar a redução e generalizar para todos os casos. Não é fácil mensurar, mas existem cálculos bem definidos para isso. Entretanto, realmente com toda a fiação estando em perfeito estado, bitolas compatíveis, enfim, o usuário terá uma melhora sensivelmente na perda de energia, pois a corrente elétrica irá circular com mais facilidade, sem aquecimento e diminuindo as perdas", concluiu o especialista. Para Cícera Gomes, uma das beneficiadas com o projeto, a expectativa agora é pela chegada da próxima conta de energia. "Nesse tempo de crise, qualquer economia é bem-vinda, a satisfação é dupla: por ter a casa mais segura e a conta menor", disse. Já para os jovens estudantes, a gratificação é instantânea. "Ficamos feliz em poder ajudar, quando o trabalho é finalizado, fica a sensação de dever cumprido", contou Tiago. Curtos-circuitos Além de reduzir o consumo elétrico, a iniciativa pioneira minimiza os riscos de acidentes causados por curtos-circuitos que, em 2015, cresceram quase 50% no Brasil, saltando de 295 casos de incêndio em 2014 para 441 no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel). Com o aumento de casos, saltou também o número de mortes. Nos dois último anos, ainda conforme a Abracopel, a quantidade de óbitos causadas por esse tipo de acidente elevou 60%. "É um perigo iminente", lembrou o estudante Vinícius Mendes, integrante do projeto. Para a dona de casa Damiana Alves, que também teve a instalação da casa totalmente trocada, a sensação é de "alívio e segurança". "No período de chuvas, minha preocupação maior era molhar tudo e causar um curto-circuito enquanto a gente dormia. Agora toda a nossa família está mais segura", relatou ao reconhecer que "não sabia que a rede elétrica estava em tão condições tão ruins". Futuro Com as primeiras três casas beneficiadas, de um total de seis, o coordenador revela que os próximos passos do projeto são disseminar e expandir a ideia a partir do Município. "Vamos coletar os dados oferecidos pelas contas de energia e verificar o quanto pode ser economizado pelo Município. Não adianta falar em energia eólica, solar ou outra qualquer se não temos instalações ideais, queremos criar a cultura", pontuou Fonseca. O custo, ainda de acordo com o professor, é baixo frente aos benefícios. "Sai muito barato. Em média R$ 170 por cada imóvel de 42 m² e facilmente vemos o retorno do que foi investido". Mudança cultural Com olhar mais adiante, estendendo as fronteiras do projeto em escala estadual ou nacional, Ricardo pondera que, "numa próxima fase, em caso de patente, logicamente será doada para a população", mas confessa não ter tais pretensões. "Não pensamos nisso, só queremos divulgar para criar a cultura, esta é a função do professor e assim trabalho meus alunos". SAIBA MAIS Desligue os aparelhos quando não estiverem em uso Evite o hábito de dormir com a televisão ligada. Se ela possuir a opção de programação de horário de desligamento, utilize-a Faça o degelo e a limpeza da geladeira periodicamente e mantenha a borracha de vedação da porta em bom estado Dê preferência às lâmpadas fluorescentes compactas (LFC) ou circulares. Além de consumir 1/3 menos energia que as correlatas incandescentes, duram dez vezes mais Acumule uma quantidade razoável de roupas e passe tudo de uma só vez. Quando o ferro é ligado e desligado várias vezes, provoca um grande desperdício de energia Ao usar o condicionador de ar, mantenha as portas e janelas fechadas e limpe os filtros periodicamente, pois sujos eles impedem a circulação livre de ar, aumentando o consumo de energia Fonte: Coelce