Crime e medo imperam no Centro de Juazeiro


A polícia não tem contido a onda de furtos, roubos e até assaltos que ocorrem nas principais vias da cidade

SEGURANÇA PÚBLICA A ronda policial não inibe a criminalidade e leva à segurança particular. FOTOS: ELIZÂNGELA SANTOS Juazeiro do Norte. A insegurança em áreas comerciais deste município tem levado comerciantes à descrença da atuação da Polícia quanto aos assaltos e arrombamentos constantes que têm ocorrido. Mesmo com aparato de segurança particular, envolvendo custos altos, os empresários afirmam que não há viabilidade de trabalhar sem que tenham que pagar caro para se manter do comércio na cidade. Eles alegam a ausência de um policiamento mais ostensivo no Centro da Cidade, principalmente nas ruas mais movimentadas, como a São Pedro. Os arrombamentos às lojas têm sido cada vez mais corriqueiros e não são poucas as que já passaram até por mais de um dano ocasionado pela falta de segurança. Em menos de oito dias, o proprietário de uma papelaria da cidade, Rafael Rodrigues Vieira, diz que teve seu estabelecimento invadido por ladrões duas vezes, mesmo com os recursos utilizados para manter a segurança do seu comércio, na Rua Delmiro Gouveia, no Centro. Os prejuízos contabilizados somam mais de R$ 8 mil em computadores, impressoras e insumos de materiais de informática. "Temos medo de trabalhar e chegamos a uma situação insustentável de não esperarmos mais dos aparatos policiais, porque não resolvem o problema", afirma o comerciante descrente das instituições de segurança. Ele disse que, da primeira vez em que foi assaltado, há três anos, ainda registrou boletim de ocorrência na delegacia. "Na verdade, foi um dia perdido para mim. Não resolveu nada", diz. E dessa vez, ele foi mais enfático e disse que sequer iria registrar o arrombamento, por saber que seria apenas mais um registro. Ao invés disso, decidiu investir mais em segurança, colocando câmeras em sua loja, além de apelar para a fé de não ser roubado. Monitoramento O medo dos assaltos requer, segundo os comerciantes, um monitoramento mais intenso e um policiamento mais ostensivo no centro. Mas mesmo com a presença de policiais, como acontece nas romarias, em que a cidade tem uma movimentação bem maior, os "batedores de carteira" ou "lanceiros" ainda atuam. A gerente de uma loja de cosméticos, Cícera Olímpio, diz que há vários anos trabalha na Rua São Pedro e não é difícil presenciar situações de pessoas furtadas ou mesmo assaltadas em pleno movimento. "Semana passada ficamos apreensivos com dois homens com atitude suspeita que entraram numa das lojas da empresa e já ficamos de alerta, caso viessem para essa que estamos", afirma. Ela diz que ambos estavam vistoriando as dependências da loja. Os aparatos como câmeras e alarmes podem até ser importantes para manter a segurança dos espaços, mas não são suficientes para conter as ações, conforme o comerciante Genivaldo Pereira Farias. Circular com malotes nas ruas da cidade passou a ser uma das ações de risco para os empresários. Na rua São Francisco, no Centro da Cidade, há poucos meses era comum se ver vários cartazes anunciando "área de risco de assaltos". Os moradores chegam a flagrar constantes ações dos bandidos na área. Para o comerciante Genivaldo Farias, de uma das joalherias mais tradicionais da cidade, nos últimos cinco anos a situação tem-se tornado insustentável. Para manter o estabelecimento, foi necessário investir em segurança privada e monitoramento constante. Os gastos no local chegam a mais de R$ 3 mil mensais. Sem isso, conforme ele, é impossível se manter no comércio da Cidade. Os funcionários e proprietários da empresa chegaram a ser abordados em pleno meio-dia por assaltantes armados. Mesmo depois de reuniões com lojistas, propostas de planos de segurança privados para a cidade, junto à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) há alguns anos, os projetos mais efetivos realizados até hoje no Centro foi a inserção de algumas câmeras que não têm resolvido o problema. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista (Sindilojas), em Juazeiro do Norte, Francisco Alberto Bezerra, o comerciante se encontra coagido diante da situação de insegurança. Ele destaca a necessidade de uma atuação mais ostensiva. "Sai um funcionário com um malote e antes de chegar ao banco é assaltado", ressalta ele. Conforme o presidente da entidade lojista, infelizmente a questão da insegurança se tornou banalizada na cidade. Elizângela santos Colaboradora