Juazeiro do Norte-CE: Frentista atropelado em posto revela drama e indignação

O frentista Francisco Roberto diz ter visto a morte de perto quando, no dia cinco de agosto último, foi atropelado em um acidente de trânsito incomum. Ao desviar de uma moto que saía da rotatória do bairro Triângulo, o Vectra de cor vinho e placa BZO-5577 arrastou a bomba de gasolina e levou também o frentista que acabara de abastecer um veículo. 

Nas imagens do circuito de segurança do posto de combustíveis, Roberto parece voar ao receber o impacto que resultou em fratura da perna e do ombro, esta a última, a parte que mais o incomoda precisando ter colocado um fixador interno.

Em entrevista ao Site Miséria, Roberto contou sobre o drama que vive desde então. Ele diz que o seu dia a dia é sofrido: “o dia todinho deitado numa cama. Para tomar banho minha mãe e minha esposa tem que me ajudar me colocando na cadeira de rodas. É sofrível, triste”. 

Roberto dá sua versão sobre o acidente: “Eu tinha abacado de fazer um abastecimento e estava do lado do caixa”, diz. “Foi quando olhei para a rotatória e vi o acidente do carro pegando a moto. Quando eu virei o rosto, que voltei, o carro já me atropelou. Nisso já me jogou a uns oito metros de distância”.

“Tentei me levantar, mas vi que minha perna estava quebrada e o pessoal já veio me ajudar. Mas houve um princípio de incêndio, um me socorreu e outros conseguiram debelar o fogo”, acrescenta.

O frentista passará de sessenta a noventa dias tratando os ferimentos, afirma estar se recuperando bem, mas que não pode arcar com todas as despesas. Algumas delas com relações indiretas, mas que lhe dão prejuízos, como pagar transporte para deixar e buscar os filhos no colégio, já que não pode dirigir.

“Graças a Deus estou me recuperando bem, mas estou chateado porque a mulher que me atropelou não veio aqui nem saber se eu estou melhor, pelo menos saber se eu estava vivo para me dar alguma assistência, alegando que ela não teve culpa. Mas pela velocidade que ela vinha ela tem culpa porque quase tirava minha vida”, lamenta.

De acordo com Roberto, em um de seus últimos contatos com a senhora Maria Tavares (que dirigia o carro), ela teria dito para que ele a processasse se isentando de culpa e dizendo que Ana Carolline de Barros Neris (que pilotava a moto) foi a causadora do acidente. Roberto conversou também com ela: “Falei com ela, ela veio aqui, conversou comigo. Disse que não tenha essas condições todas, mas no que pudesse ia me ajudar em alguma coisa”.

O Site Miséria teve acesso ao laudo pericial do acidente. Apesar das constatações do próprio frentista, o documento entende que a moto e não o carro foi o causador do acidente “ao empreender uma manobra de conversão para a direita, para acessar a Rua Profª Valdemira Ribeiro Lima, em contramão de direção, interceptou a trajetória retilínea e prioritária do veículo Vectra (...) que trafegava em sua mão própria de sentido”.


Carolline, que conduzia a moto Honda Biz, contesta o laudo. Segundo ela afirma, a motocicleta foi retirada do local por pessoas que a socorreram, colocando a moto em pé, o que pode ter dado a entender que ela acessaria outra rua pela contramão.

“A moto deveria estar no chão e não em pé. Como é que faz a perícia com ela em pé”, questiona. “É minha palavra contra o laudo não é? É esperar para ver no que vai dar, mas Deus sabe a verdade”, acrescentou.

Durante dois dias o Site Miséria entrou em contato com a senhora Maria Tavares pelo celular de número ****2776, mas não obtivemos êxito. Falamos com o seu advogado e primo, Ermano Tavares, que ficou de agendar uma entrevista até o final da semana, mas não retornou o contato.

“Sou pai de família, tenho dois filhos, pago aluguel de uma casa e vou passar quase sessenta dias ou noventa sem trabalhar ganhando metade do salário. Então alguém tem que arcar com alguma despesa comigo. Na situação em que eu estou é que eu não posso ficar”, finaliza o frentista vítima do acidente.

Robson Roque