PERMISSIONÁRIOS RECLAMAM

Juazeiro do Norte. A situação dos mercados públicos administrados pela SR Empreendimentos, neste município, voltou a gerar o descontentamento dos permissionários dos equipamentos que, conforme denunciam, apresentam condições de insalubridade, falta de segurança, banheiros sujos e quebrados, além da iminência de incêndio devido à péssima condição da rede elétrica. Também afirmam que nos locais há, constantemente, atos de vandalismo durante o período noturno como forma de amedrontar alguns comerciantes que trabalham no interior dos equipamentos, objetivando que estes abandonem seus boxes para, a partir daí, serem criadas novas possibilidades de comercialização dos espaços por valores superiores aos já definidos pela administradora.

Na semana passada, um grupo de permissionários do mercado Governador Adauto Bezerra, popularmente conhecido como 'mercado do Pirajá', bloqueou o tráfego de veículos na Avenida Ailton Gomes em repúdio a falta de infraestrutura no local.

Cerca de 30 permissionários queimaram pneus e outros materiais que produziram uma nuvem negra de fumaça, impedindo a visibilidade de motoristas e de pedestre que circulavam nas imediações do equipamento de comercialização de produtos e gêneros alimentícios. A manifestação durou cerca de 2 horas.

"O que nós reivindicamos não foi nada mais do que condições para que todos aqui possam trabalhar condignamente, sem medo de assaltos, com higiene e com maior condição de bem atender a nossa clientela", disse o presidente da Associação dos Permissionários do mercado do Pirajá, José Cláudio Lacerda, que abriga cerca de 900 dos 1.200 comerciantes que atuam no empreendimento.

Assaltos

Conforme o comerciante, todos os dias são realizados assaltos e furtos na área onde o equipamento funciona. "Não são delitos cometidos apenas do lado de fora. Aqui dentro do mercado, os assaltos são frequentes. Já houve vários casos de latrocínio também. Não existe segurança nenhuma. Nem para os permissionários, nem para as pessoas que se deslocam até aqui para realizarem suas compras", explica.

Cláudio Lacerda afirma que a limpeza que deveria ser feita pela administradora também não acontece. Segundo ele, o equipamento não é lavado desde que a SR Empreendimentos assumiu a responsabilidade pelo lugar.

"Quando o mercado do Pirajá era administrado pelo Município, fazia-se a lavagem de toda a área quatro vezes por mês. Nós estamos com quatro anos e seis meses e só foi lavado quatro vezes este mercado. Antigamente, dedetizavam o mercado inteiro duas vezes por ano. Desde que houve a mudança da administração nunca mais fizeram. Aqui tem inseto, barata, rato, gato, cachorro, enfim, tudo isso convivendo com a gente dentro do mercado do Pirajá e ninguém toma uma providência em relação a isso tudo", denuncia Cláudio Lacerda.

Rede elétrica

O presidente da Associação dos permissionários do mercado do Pirajá avalia que os comerciantes trabalham dentro de uma "bomba relógio" devido à situação da rede elétrica do equipamento. "Nós estamos em meio a barracas de madeira. O corpo de Bombeiros realizou dois meses atrás uma vistoria e, com um representante do Ministério Público, considerou a rede elétrica caótica. O promotor de Justiça tachou a situação como periclitante. "Estas reformas deveriam ter sido feitas quatro anos atrás. Nós estamos em cima de uma bomba relógio, prestes a explodir. A qualquer momento isso aqui tudo pode pegar fogo".

No mercado Teófilo Machado, popularmente chamado de 'Senhora Santana', no centro da cidade, os problemas também se acumulam. No local, há 500 comerciantes. Todos defendem o afastamento da SR Empreendimentos do comando administrativo do equipamento.

Ampliação

A obra resultaria na ampliação de área para construção de novos boxes. No entanto, o atraso na conclusão dos serviços tem gerado a diminuição constante no número de consumidores, o que ocasiona prejuízos de até 90% para alguns dos permissionários. Segundo o comerciante Marcos Souza, secretário da Associação dos Permissionários do mercado Senhora Santana, ordens de despejo determinadas pela SR Empreendimentos são constantes.

"Tem feirante que foi retirado do seu espaço e hoje é obrigado a comercializar em via pública. A verdade é que transformaram o mercado em uma favela. A falta de segurança e de infraestrutura já responde por uma queda de cerca de 90% das vendas de muitos trabalhadores", afirma Marcos Souza.

O valor pago pelos permissionários também é motivo de discussão junto à administração do equipamento. A SR Empreendimentos chegou a aumentar o valor das mensalidades em até 200% no mercado do Pirajá.

As denúncias de irregularidades se tornaram tão frequentes que, em fevereiro deste ano, o promotor de Justiça Silderlandio do Nascimento, decidiu requerer ao juiz da 2ª Vara Cível de Juazeiro do Norte, Gúcio Carvalho Coelho, que fosse decretada a rescisão ou o distrato dos contratos de terceirização entre a empresa e a município. A decisão, no entanto, ainda não foi prolatada.

A empresa tem obrigação contratual de repassar, mensalmente, cerca de 2% da receita arrecada ao município. O repasse, porém, nuca foi feito, segundo a Prefeitura. A reportagem procurou a representante da empresa SR Empreendimento em Juazeiro do Norte, Emanuella Bezerra Resende. A assessora administrativa, no entanto, não quis prestar esclarecimentos sobre os problemas apresentados pelos representantes dos permissionários.

Os comerciantes aguardam uma solução definitiva por parte do poder público municipal, a quem compete resolver o problema no Mercado.

ENQUETE

Como avalia o problema?

"É um verdadeiro caos. Além da falta de infraestrutura também não existe saneamento básico, limpeza e segurança. O mercado está praticamente abandonado. Nem ao menos reforma a empresa gestora fez.
Ana Maria
Comerciante

"Está tudo abandonado. As obras que foram iniciadas não trouxeram nenhum benefício. Pelo contrário, tem comerciante contabilizando prejuízo de até 90%. São pessoas que trabalham para manter suas famílias"
Marcos Souza
Comerciante

Mais informações:
Associação dos Permissionários do Mercado Governador Gonzaga Mota - (88) 9238-0648
Mercado José Teófilo
(88) 8839-1544

Roberto Crispim
Colaborador