Juazeiro do Norte-CE: Foguinho morreu num ano de grandes perdas na crônica esportiva e no futebol

Sob o título “Dale Fogo” – um chavão costumeiramente usado por seus companheiros de trabalho nas transmissões esportivas - o radialista e psicólogo Ronaldo Costa escreveu um artigo e o enviou à redação do Site Miséria. Ele presta uma homenagem ao colega Francisco de Assis Silva, o Foguinho, que morreu nesta terça-feira em Juazeiro do Norte aos 69 anos de idade e foi sepultado no final da manhã de hoje no Cemitério Anjo da Guarda. O texto destaca o seguinte:

O ano de 2014 tem sido trágico para nós brasileiros, sobretudo para os amantes do futebol. Não me refiro apenas aos massacres impostos por alemães e holandeses ao nosso selecionado na recém-finda Copa do Mundo. Mas, principalmente às tantas perdas que tivemos no mundo da bola e que nos deixaram entristecidos. O destino nos levou jogadores emblemáticos do nosso futebol como o lateral esquerdo do Botafogo e da seleção, Marinho Chagas - considerado o melhor da posição na Copa de 74 -, Giba que tantos títulos conquistou pelo Corinthians e o atacante Assis, que ao lado de Washington fizeram história no Fluminense na década de oitenta.

Saindo do campo para as cabines de emissoras de rádio e TV, tivemos as mortes dos jornalistas esportivos Mauricio Torres da Record, do narrador Luciano do Vale da Bandeirantes e, mais recentemente, do comentarista Osmar de Oliveira, o Doutor Osmar, também da Bandeirantes. O que não esperávamos é que no rol de tantas perdas, tivéssemos, agora, a inclusão de alguém tão próximo de nós. Vítima de uma parada cardiorrespiratória, o narrador esportivo Foguinho igualmente nos deixou.

Naquele momento inesperado, quando o coração do “velho Fogo” batia pela última vez, silenciava para sempre uma das vozes mais marcantes do rádio esportivo caririense. É comum ouvirmos dizer que morrer é algo tão natural quanto nascer, partindo do principio de que tudo que nasce um dia morrerá. Mas isso é  teoria, pois a partida de Foguinho nos mostra que, na prática, a morte não é algo aceitável de maneira tão simples quanto parece. Ele se foi deixando muito de si, mas arrancando um pedaço de todos nós e isso é percebido claramente através do vazio que hora se instala na radiofonia caririense.

A história de Foguinho se confunde com a de muitos profissionais que tem o privilégio de trabalhar em grandes empresas de comunicação, e desfrutar o prazer de cobrir grandes eventos esportivos. Mesmo com suas limitações financeiras e das próprias emissoras por onde passou, “Fogo” conseguiu a proeza de cobrir cinco Copas do Mundo e três mundiais interclubes no Japão, além de muitas outras transmissões importantes que fez pelo Brasil afora.

Foi uma carreira brilhante e tenho certeza que ele escreveu com tinta perene a história de sua passagem pelo rádio esportivo. As boas impressões que produziu como profissional do rádio, fez-se erguer o livro dos testemunhos dele próprio. Sua morte se encarrega de recolher e colecionar as folhas dispersas do legado histórico deixado pelo velho “Chico Silva”. Descanse em paz meu amigo e saiba que onde quer que você esteja gostaríamos que continuasse nos ouvindo dizer: “Dale Fogo”.

Demontier Tenório