JUAZEIRO DO NORTE - Usuários criticam precariedade dos postos de saúde

A precariedade das instalações se acentua nos serviços de Odontologia. Em algumas unidades destinadas ao funcionamento do PSF, faltam máquinas autoclaves, utilizadas na esterilização de equipamentos

Juazeiro do Norte. Usuários do sistema básico de saúde neste município se dizem insatisfeitos com a falta de médicos nas unidades do Programa Saúde da Família (PSF), em funcionamento em bairros mais afastados do centro da cidade. Exemplo disso foi o fechamento da Unidade de Pronto Atendimento Frei Jeremias (UPA), no bairro Franciscanos, e com a retirada da maioria das especialidades médicas que vinham sendo realizadas no Hospital Tasso Jereissati, conhecido popularmente como Estefânia Rocha Lima, no bairro Romeirão.

Além da falta dos profissionais de saúde, os usuários se queixam da escassez de medicamentos nas unidades de atendimento e na farmácia básica do município. Também existem reclamações quanto à demora na realização de exames solicitados pelos médicos, quando os pacientes conseguem realizar a consulta. A dona de casa Sueli Ribeiro de Lima avalia o setor de saúde do município como deficitário. Segundo ela, que reside no bairro Betolândia, distante cerca de quatro quilômetros do centro da cidade, há pelo menos duas semanas não existem médicos atuando na unidade do PSF que atende os moradores.

Para o pedreiro Francisco Thomas dos Anjos, que precisa realizar um exame de endoscopia, a falta de medicamentos e a demora na realização dos exames resultam, em muitos casos, na piora dos pacientes. "Todo dia tem reclamação por causa da demora nos exames e por causa da falta dos remédios. Eu mesmo estou esperando já tem mais de um mês", disse.

Na região de Carás/Umari, o posto de saúde que atende a comunidade sobre risco de desabamento devido um cupinzeiro. O local nunca passou por reforma, conforme afirmam os moradores da região. Outro problema que vem preocupando os usuários do setor da atenção básica de saúde no município é a falta de máquinas autoclaves, utilizadas na esterilização de equipamentos. "Há um sério risco de contaminação de doenças devido à ausência do equipamento de esterilização" avalia o vereador Normando Sóracles.

Ouvido pela reportagem, o prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Macedo (PMDB) disse reconhecer que há falhas no setor de saúde do município, ocasionadas, principalmente, pela falta de recursos. Em relação às unidades que compõem a rede de atendimento à população através dos PSFs, o gestor informou que todas as unidades, num total de 42, receberão obras de recuperação e ampliação. "O processo licitatório para contratação da empresa responsável pela recuperação das unidades, inclusive, já foi realizado há algum tempo. A maioria das unidades já foi reformada e ampliada. Há, no entanto, locais que ainda demandam este serviço. A demora na conclusão destas obras se dá por causa do pouco recurso que os municípios possuem para atender o setor. Não há dinheiro suficiente", afirma Raimundo Mâcedo, ressaltando que o município investe, mensalmente, uma margem de 33% de toda a receita na área da saúde.

Demora

Sobre a demora na execução dos exames, o gestor, que é médico, avalia que seja necessário que os profissionais da área melhorem seus critérios na hora de solicitar exames de seus pacientes. Conforme afirma, cerca de 98% dos exames solicitados são de rotina. "Este tipo de exame pode esperar um pouco mais. Aqueles que não podem deixar de ser feitos com maior rapidez são os emergenciais", assevera.

Raimundo Macedo também informou que o município estuda a melhor forma para resolver os problemas relacionados à falta de médicos e de medicamentos em unidades de atendimento do setor básico de saúde no município e que vem trabalhando a destinação de recursos, através do governo federal, para a construção de um novo hospital municipal em Juazeiro.

Roberto Crispim 
Colaborador