Em reunião com clero, Bento XVI pede \'verdadeira renovação\' da Igreja
Alemão anunciou que vai renunciar ao pontificado em 28 de fevereiro.
Do G1, em São Paulo
O Papa Bento XVI pediu nesta quinta-feira (14) uma "verdadeira renovação" da Igreja Católica, durante encontro com sacerdotes da Diocese de Roma.
A reunião já prevista, mas ela teve seu significado ampliado, já que será a última vez que se reúne com eles antes de renunciar ao pontificado, o que deve ocorrer em 28 de fevereiro.
"Temos que trabalhar para que se realize verdadeiramente o Concílio Vaticano II e se renove a Igreja", disse.
Os bispos auxiliares da diocese e as centenas de sacerdotes receberam o papa alemão com aplausos, vivas e outras demonstrações de carinho.
O papa entrou apoiado em um bastão, enquanto os aplausos se mesclavam com o canto \'Tu sei Petrus\' (Tu és Pedro).
Bento XVI respondeu com um largo sorriso e dando várias vezes obrigado pelas mostras de carinho.
Bem humorado, ele conversou com os padres e contou episódios de seu passado na Igreja.
O pontífice falou sobre suas experiências pessoais como um jovem padre reformista e sobre o entusiasmo com o Concílio, que mudouo catolicismo ao revisar rituais arcaicos, como a missa em latim.
Bento XVI, desde então, se tornou mais conservador em sua perspectiva, e nesta quinta-feira condenou as falsas expectativas de mudanças radicais do Concílio, afirmando que elas criaram "um monte de miséria".
Enquanto os padres aplaudiam e cantavam \'Vida Longa ao Papa!\', o pontífice disse: \'Sempre estarei com vocês e juntos vamos com o Senhor na certeza de que o Senhor será vitorioso\'.
\'Divisões\' da Igreja
Na véspera, durante a Missa de Quarta-Feira de Cinzas, o Papa afirmou que a Igreja "está desfigurada" pela "divisões em seu corpo eclesiástico".
"A qualidade e a verdade da relação com Deus é o que certifica a autenticidade de todos os sinais religiosos", disse o pontífice no sermão.
Depois, ele denunciou a "hipocrisia religiosa, o comportamento dos que querem aparentar, as atitudes que buscam os aplausos e a aprovação".
\'Pelo bem da Igreja\'
Mais cedo, na primeira fala em público desde que anunciou sua renúncia, ele disse que tomou a decisão de abandonar o pontificado "em plena liberdade, pelo bem da Igreja".
Bento XVI disse que "orou arduamente e examinou sua consciência" antes de tomar a decisão.
O pontífice alemão, de 85 anos, reiterou que está consciente da gravidade da decisão, mas também que está consciente da diminuição de suas forças espirituais e físicas.
Ele disse ter certeza que a Igreja iria sustentá-lo com orações e que Cristo continuará sendo seu guia.
Na audiência, o Pontífice recebeu no Vaticano mais de 3.500 fiéis e peregrinos para a sua catequese e fez a saudação em várias línguas, entre as quais o português, falando sobre o período da Quaresma (assista no vídeo acima). Ele agradeceu à presença de fiéis, citando literalmente as cidades de Curitiba e Porto Alegre.
Na terça-feira, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que o Papa Bento XVI está usando um marcapasso cardíaco "há algum tempo", mas que seu estado de saúde é bom e que ele estava "lúcido e sereno" quando tomou a histórica decisão de encerrar precocemente seu pontificado.
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