Manifestantes sunitas atacam comboio de autoridades no Iraque
Guarda-costas reagiram com tiros.
Da Reuters
Guarda-costas do vice-primeiro-ministro do Iraque teriam ferido duas pessoas ao disparar tiros de advertência contra manifestantes sunitas que atiravam garrafas e pedras contra o comboio da autoridade neste domingo (30), disseram testemunhas.
O incidente aconteceu na cidade de Ramadi, na província de Anbar, para onde o vice-primeiro-ministro, Saleh al-Mutlaq, viajou para falar com as pessoas em uma tentativa de aliviar as tensões sectárias.
Milhares de sunitas iraquianos foram às ruas e bloquearam uma das principais rodovias na semana passada, em protesto contra o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki, que eles acusam de discriminação contra a sua comunidade e de estar sendo influenciado pelo vizinho Irã.
"Saia", "Saia", gritavam os manifestantes para Mutlaq, que é sunita. Os guardas de Mutlaq abriram fogo para dispersar a multidão, que jogava objetos contra o seu comboio. Duas pessoas foram feridas, disse a testemunha. "Só agora Mutlaq vem participar do protesto e depois de sete dias. Ele veio para enfraquecer o protesto", disse Saeed al-Lafi, porta-voz dos manifestantes.
Os manifestantes exigem o fim da marginalização da minoria sunita do Iraque, que dominou o país até a invasão dos EUA em 2003, que derrubou Saddam Hussein. Eles querem que Maliki revogue as leis antiterrorismo que eles dizem que são usadas para perseguí-los.
Repetindo slogans usados em revoltas populares que derrubaram líderes no Egito, Iêmen, Tunísia, os manifestantes também estão pedindo a renúncia de Maliki.
"É assim que se lida com manifestantes pacíficos? Atirando neles? Isso é realmente absurdo", disse o manifestante Ghazwan al-Fahdawi, mostrando cartuchos de munição vazios, de tiros que haviam sido disparados pelos guardas de Mutlaq.
Na cidade de Mosul, no norte, o conselho da província convocou uma greve de três dias, a partir da próxima sexta-feira, para pressionar Bagdá a libertar mulheres prisioneiras e parar de se voltar contra políticos sunitas.
Os protestos foram deflagrados na semana passada na província de Anbar, depois que tropas leais a Maliki prenderam um guarda-costas do seu ministro de finanças, um sunita. Isso aconteceu horas depois que o presidente iraquiano, Jalal Talabani, um curdo visto como uma influência estabilizadora na política tumultuada do país, foi levado de avião para o exterior para tratamento médico.
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