Obama está 'modestamente otimista' sobre acordo contra abismo fiscal

Partidos precisam chegar a acordo para evitar nova crise no país.

Do G1, com agências internacionais

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta sexta-feira (28) que está "modestamente otimista" de que democratas e republicanos possam chegar a um acordo para evitar o chamado "abismo fiscal".

O pronunciamento de Obama acontece após uma reunião com líderes do Congresso dos Estados Unidos para para tentar um acordo para evitar uma nova crise na economia americana.

“Acabei de ter uma conversa com os líderes [dos dois partidos]. E estou otimista de que possamos conseguir um acordo que possa passar pelas duas casas a tempo”, afirmou Obama, durante discurso na Casa Branca. “Tivemos uma reunião construtiva hoje”.

Segundo Obama, os líderes dos partidos republicano e democrata no senado, Harry Reid e Mitch McConnell, seguem discutindo os termos do acordo. “Não deve ser difícil, já que democratas e republicanos não querem ver os impostos subirem para a classe média”, afirmou.

Em uma tentativa de pressionar as duas casas do Congresso a agirem antes do prazo final de 31 de dezembro, o presidente dos EUA afirmou que “a hora de ação imediata é agora”. “Em quatro dias, o holerite de cada trabalhador vai ficar consideravelmente menor”, disse. “O Congresso pode evitar se agir agora”.

O presidente afirmou que, se não houver um acordo, pedirá ao chefe da maioria democrata no Senado que apresente um projeto de lei para bloquear a elevação automática de impostos prevista para 1º de janeiro.

“O povo americanos está vendo o que fazemos aqui. A paciência está pequena. Os americanos se perguntam por que nesta cidade não se consegue fazer as coisas num tempo organizado”, criticou ele, que afirmou ter trabalhado, nos últimos meses, para conseguir um acordo entre republicanos e democratas que peça para os ricos “pagarem um pouco mais”. “Ainda quero fazer isso. É a coisa certa”, afirmou.

Obama quer que se mantenham os cortes de impostos, mas apenas para os que têm renda anual de até US$ 250 mil, enquanto os republicanos querem que estes se prorroguem para todos os contribuintes, inclusive para os mais ricos.

Os republicanos, além disso, exigem cortes no gasto público maiores que os democratas estão dispostos a aceitar

O presidente e os parlamentares trabalham contra o prazo de 1º de janeiro para encontrar uma solução a fim de evitar um choque fiscal que os economistas advertem que poderá enfraquecer o crescimento econômico dos Estados Unidos e arrastar a economia norte-americana novamente à recessão.

Entenda o abismo fiscal
O chamado "abismo fiscal" consiste em um aumento automático de impostos e um corte do gasto público, que serão realizados caso não seja modificada a legislação atual. Esse "abismo" é resultado da aprovação pelo Congresso, em 2011, da ampliação do déficit fiscal do país em US$ 2,1 trilhões. À época, o endividamento chegara ao limite de US$ 14,3 trilhões, e o país corria o risco de dar "calote" caso o limite da dívida não fosse elevado. Mas, em troca, a medida exigia chegar a um acordo até o fim de 2012 para cortar US$ 1,2 trilhão em dez anos. Sem isso, o tal “sequestro automático” de gastos que vão impactar programas sociais e de defesa seria ativado.

Caso não haja acordo até segunda-feira, na terça-feira as isenções fiscais para a maioria dos contribuintes, adotadas durante a presidência de George W. Bush expirarão e, além disso, entrarão em vigor drásticos cortes no gasto público.

Os impostos de quase todos os contribuintes norte-americanos aumentarão 2.200 dólares, segundo a Casa Branca. Os cortes, consequência de um pacto entre democratas e republicanos em 2011, seriam sentidos, sobretudo, no orçamento de Defesa e poderiam derivar em numerosas demissões.

Os democratas defendem a aprovação de uma lei que estende as alíquotas baixas de imposto de renda para todos os cidadãos norte-americanos, exceto aqueles com uma renda familiar líquida acima de 250 mil dólares por ano.

Caso o Congresso não se pronuncie até 31 de dezembro, as alíquotas dos impostos para todos os americanos sofreriam uma forte alta, retornando a níveis pré-2001 e, dois dias depois, US$ 109 bilhões em cortes automáticos de gastos começariam a ter efeito. Juntos, os impostos mais altos e os gastos menores retirariam US$ 600 bilhões da economia dos EUA, podendo causar uma nova recessão em 2013.

Na quarta-feira, foi Boehner quem pediu que o Senado, controlado por democratas, aja primeiro para evitar o "abismo", se oferecendo a pelo menos considerar qualquer proposta produzida pelo Senado.

Reid respondeu ao republicano na quinta-feira, dizendo que o Senado já havia agido, e que a solução dos Democratas precisa do consentimento de Boehner e do líder republicano do Senado, Mitch McConnell.