Corte adia audiência sobre legalidade de Comissão Constituinte no Egito
Maioria islamista aprovou texto em comissão boicotada.
Do G1, com informações de agências internacionais*
A corte constitucional do Egito adiou a audiência deste domingo (2) na qual seria examinada a legalidade da comissão que redigiu um polêmico projeto de constituição, enquanto centenas de pessoas fizeram uma manifestação diante da sede do órgão, de acordo com uma emissora de TV estatal.
A suprema corte não deu uma previsão de quando iria remarcar as audiências dos casos que ameaçam complicar ainda mais uma crise política envolvendo o presidente Mohamed Mursi, depois de decretos que elevam o poder do líder no país.
Esta sessão deveria examinar a legalidade da Comissão Constituinte, formada em sua maioria por islamistas, que elaborou um projeto enviado na tarde do sábado (1) ao presidente Mohamed Mursi, desafiando um decreto presidencial que proíbe a dissolução judicial da comissão que redigiu o texto.
O projeto de constituição, que deverá ser submetido a um referendo no próximo dia 15 de dezembro, foi adotado rapidamente esta semana, durante uma polêmica comissão que foi boicotada pela oposição de esquerda e também por representantes de igrejas cristãs.
Constituição
A Comissão Constituinte egípcia adotou na sexta um projeto de Constituição para substituir a revogada após a queda de Hosni Mubarak, no início de 2011, e anunciou que será submetido a um referendo. Os membros desta comissão, dominada pelos islamitas, votaram os 234 artigos que lhes foram submetidos no transcurso de uma sessão.
A nova Constituição mantém a referência aos princípios da sharia, que já figurava na lei fundamental anterior, sob a presidência de Mubarak. O texto, adotado por unanimidade, foi submetido ao presidente Mohamed Morsi. A adoção rápida deste projeto, que estava há meses estancado, chega em plena crise política sobre os poderes presidenciais reforçados que Morsi se autoconcedeu na semana passada.
Crise
Morsi mergulhou o Egito em uma nova crise na semana passada, quando deu a si mesmo amplos poderes e colocou suas decisões além da contestação judicial, dizendo que essa era uma medida temporária que ia acelerar a transição democrática do país, até que uma nova Constituição seja aprovada.
A afirmação de autoridade em um decreto emitido em 22 de novembro, um dia depois que ele recebeu elogios do mundo pela intermediação de uma trégua entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, assustou seus adversários e aumentou as divisões entre os 83 milhões de egípcios.
Duas pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas durante os protestos pelas forças de oposição, que foram agrupadas e fortalecidas por um decreto que elas entendem como uma tomada de poder ditatorial.
Apoiadores do presidente do Egito, Mohamed Mursi, participam de manifestação que reuniu dezenas de milhares de apoiadores neste sábado (1º).
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