Termina prazo de 24h para palestinos deixarem norte da Faixa de Gaza; ordem foi dada por Israel
Ainda não está claro qual será o próximo passo do exército israelense.
Campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, após ataque israelense — Foto: Mohammed Abed/AFP
Prazo, que encerrou às 18h desta sexta-feira (13), foi feito por Israel. Ordem foi divulgada por meio de panfletos exigindo que moradores do norte da Faixa de Gaza abandonem suas casas. Apesar do risco de novos ataques, o Hamas exigiu que população ignorasse a ordem israelense.
Por g1
Termina prazo de 24 horas para palestinos deixarem o norte de Gaza
O prazo de 24 horas para que os moradores da Cidade de Gaza e arredores deixassem suas casas em direção ao sul terminou nesta sexta-feira (13), às 18h , pelo horário de Brasília.
A ordem, dada pelo exército de Israel, foi divulgada por meio de panfletos distribuídos na noite de quinta-feira (12) e entregues à população da região norte da Faixa de Gaza.
A ONG Médicos sem Fronteiras disse que Israel estendeu o prazo para evacuação do hospital Al Awada, segundo a rede Al-Jazeera. A organização humanitária havia dito anteriormente que eles teriam apenas duas horas para evacuar o hospital. Depois, afirmaram que o pedido foi estendido até as 6 horas.
Ainda não está claro qual será o próximo passo do exército israelense.
Minutos após o fim do prazo, a agência Reuters informou, sem detalhar o horário, que Forças de Defesa de Israel (IDF) realizaram ataques locais no território da Faixa de Gaza .
Prazo de 24h
O porta-voz do exército de Israel afirmou que a "evacuação é para a própria segurança" dos habitantes da Faixa de Gaza e recomendou que as pessoas só voltem à Cidade de Gaza quando o governo israelense permitir.
Apesar da orientação, o Hamas exigiu que a população ignore a ordem israelense e permaneça em suas casas. Além do braço armado e terrorista, o grupo também tem um braço político, que governa atualmente a Faixa de Gaza.
Palestinos temem que a ordem seja um indicativo de que o exército israelense vá realizar uma ofensiva por terra em Gaza.
Após o pronunciamento nas redes sociais do exército, a Organização das Nações Unidas (ONU) disse, em comunicado, que os militares israelenses avisaram que todos os palestinos na região norte da Faixa de Gaza, cerca de 1,1 milhão de pessoas, deveriam migrar para o sul.
Mas, segundo as informações do exército, o alerta é apenas para a Cidade de Gaza, que tem 677 mil habitantes.
Israel também havia informado que, nos próximos dias, as operações na Cidade de Gaza serão "significativas" e que os moradores da região não devem se aproximar ou tentar ultrapassar a fronteira. (veja a íntegra do comunicado abaixo)
A ONU disse que o comunicado foi enviado pouco antes da meia-noite, no horário local. A Organização afirmou que já transferiu seu centro de operações centrais para o sul de Gaza.
Salama Marouf, chefe do gabinete de comunicação do Hamas, disse à agência que o aviso é "propaganda falsa, com o objetivo de semear confusão entre os cidadãos e prejudicar a nossa coesão interna" e que orienta os cidadãos palestinos a "não se envolverem nestas tentativas".
ONU pede que qualquer ordem de ataque seja rescindida
O porta-voz da ONU Stephane Dujarric chegou a pedir que qualquer ordem de ataque por Israel seja rescindida, "evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia em uma situação calamitosa".
De acordo com o porta-voz, "as Nações Unidas consideram impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras", já que não haveria tempo hábil para a movimentação de todo esse contingente de pessoas.
Em comunicado, Dujarric afirmou que a ordem de deixar a parte norte de Gaza foi dada, inclusive, aos funcionários da ONU e às pessoas abrigadas nas instalações humanitárias da organização.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também apelou às autoridades israelenses, dizendo que mover as pessoas que estão em estado grave nos hospitais de Gaza, incluindo aquelas com suporte de respiração, é uma "sentença de morte".
Dezenas de tanques de guerra estão sendo colocados por Israel na fronteira de Gaza, antes de uma invasão terrestre planejada pelas forças militares do país para combater o Hamas.
O conflito entre Israel e Palestina teve início no último sábado (7), após terroristas do grupo Hamas iniciarem um ataque sem precedentes contra o território israelense. Israel declarou guerra ao grupo terrorista, e bombardeios entre os dois lados continuam desde então.
Até o momento, são mais de 3.099 mortos, sendo 1.799 palestinos e 1,3 mil israelenses.
Imagens de drone mostram como ficou o local da rave atacada pelo Hamas
Veja a íntegra do comunicado de Israel aos habitantes da Cidade de Gaza
"As Forças de Defesa de Israel apelam que todos os cidadãos da Cidade de Gaza evacuem suas casas em direção ao sul, para sua própria segurança e proteção, e se mudem para a área sul de Wadi Gaza, como mostrado no mapa.
A organização terrorista Hamas travou uma guerra contra o Estado de Israel e a Cidade de Gaza é uma área onde operações militares acontecem. Essa evacuação é para a sua própria segurança.
Você poderá retornar para a Cidade de Gaza apenas quando outro pronunciamento permitir que isso seja feito. Não se aproxime da área da cerca de segurança com o Estado de Israel.
Os terroristas do Hamas estão escondidos na Cidade de Gaza, dentro de túneis que ficam abaixo de casas e dentro de prédios lotados de cidadãos inocentes de Gaza.
Cidadãos da Cidade de Gaza, evacue para o sul para a sua própria segurança e a segurança de seus familiares, e se distancie dos terroristas do Hamas, que estão te usando como um escudo humano.
Nos próximos dias, as Forças de Defesa de Israel continuarão com operações significativas na Cidade de Gaza, com esforços extensivos para evitar ferir civis."
O que aconteceu até agora?
▶️ Como foi o ataque? As ações se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde Hamas lançou 5 mil foguetes.
Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país.
Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza.
▶️ Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação e bloqueou as fronteiras da Faixa de Gaza, impedindo a entrada de alimentos, eletricidade, água e combustível.
"Estamos em guerra e vamos ganhar", disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque.
"O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu."
Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, declarou na segunda-feira (9) que Gaza “não receberia eletricidade, nem alimentos, nem água, nem combustível”. As fronteiras da Faixa de Gaza foram bloqueadas.
▶️ Quantas pessoas morreram? O balanço mais recente das autoridades locais indicava que mais de 2,8 mil pessoas morreram. A ONU estima que mais de 338 mil pessoas foram deslocadas em Gaza desde sábado (7).
▶️ O que é e onde fica Faixa de Gaza? É o território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito.
Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 km².
Para se ter uma ideia desse tamanho em comparação com cidades brasileiras, o território é um pouco maior que o da cidade de Fortaleza (312,4 km²) e menor que o de Curitiba (434,8 km²).
Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.
▶️ Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes.
Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/10/13/prazo-israel-cidade-de-gaza.ghtml
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