Mineira morta na Irlanda e suspeito de crime terminaram namoro há pouco tempo, diz irmã da vítima
Suspeito crime está preso sem direito a fiança
Brasileiro é apontado como autor de assassinato de mineira, encontrada morta em apartamento na Irlanda — Foto: Reprodução
Isabel Fonseca afirma que brasileiro não demonstrava ser uma pessoa violenta; Miller Pacheco foi detido pela polícia e está preso sem direito a fiança
Por Paulo Assad — Rio de Janeiro
O brasileiro Miller Pacheco, de 29 anos, apontado pela polícia irlandesa como assassino da mineira Bruna Fonseca, era ex-namorado da vítima, segundo contaram familiares da jovem de Formiga (MG) ao GLOBO. A bibliotecária de 28 anos foi encontrada morta com sinais de estrangulamento e espancamento no dia 1° de janeiro, pouco após as comemorações da virada de ano, na cidade irlandesa de Cork.
Na tarde desta segunda-feira, o brasileiro foi formalmente acusado de matar a jovem. A defesa de Miller foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou até o momento. O espaço segue aberto.
Bruna se mudou para a Irlanda em meados de setembro do ano passado, com o objetivo de estudar inglês e trabalhar. Segundo a irmã de Bruna, Isabel Fonseca, a jovem e Miller terminaram o relacionamento há pouco tempo, já em solo estrangeiro.
O namoro durou cerca de cinco anos. Pacheco chegou a Irlanda há um mês, conforme conta a irmã.
Bruna Fonseca foi encontrada morta em um apartamento na cidade de Cork, na Irlanda Reprodução
— Ele foi (para a Irlanda) depois dela. Moraram juntos, porém houve o rompimento — explica Isabel, que também tem outros parentes morando na ilha. — Antes, enquanto estavam aqui no Brasil, ele nunca demonstrou nenhuma atitude violenta. A minha irmã sempre foi uma pessoa muito reservada com sua vida pessoal.
Após o término do relacionamento, o casal continuou residindo no mesmo endereço durante alguns dias até que Miller encontrasse uma nova residência.
— Moradia em Cork é muito difícil. Assim que encontraram um quarto para ele, ele se mudou — conta Isabel.
A Guarda Siochána, como é chamada a polícia irlandesa, foi acionada por volta das 6h30 do dia primeiro de janeiro para atender a uma ocorrência no número 5 da rua Liberty Street, no centro de Cork. Ao chegarem no local encontraram a brasileira desacordada.
Paramédicos tentaram ressuscitar a jovem, mas não tiveram sucesso, e ela foi declarada morta no local. Uma perícia médica feita depois indicou que Bruna foi estrangulada e enforcada.
Segundo a polícia irlandesa, horas antes de ser morta, a mineira havia saído com amigos para celebrar a virada do ano no centro da cidade. Uma outra moradora da cidade, também brasileira, disse ao jornal Irish Examiner que o caso chocou a comunidade de expatriados:
— É muito difícil para nós entender. Assim como eu, ela veio para a Irlanda para estudar, para tentar uma vida melhor — contou Andressa Nunes, que disse ainda ter estado na mesma festa que Bruna, no bar Oyster Tavern — Quando soube na manhã seguinte sobre o que aconteceu com ela, quase chorei.
A polícia irlandesa não divulgou detalhes da investigação que levou à prisão do brasileiro. Segundo a imprensa local, ele foi detido na tarde de domingo no quarto número três do mesmo endereço em que Bruna Fonseca foi encontrada morta. Sem direito a fiança, ele irá continuar preso na penitênciária de Cork e deverá se apresentar ao tribunal na semana que vem.
'Guerreira e uma menina discreta'
Nas redes sociais, familiares e amigos lamentaram a morte da brasileira, que teve ampla repercussão no país. Irlandeses também prestaram suas homenagens a Bruna Fonseca, vítima do que tem sido descrito nas redes como o primeiro feminícidio de 2023 na Irlanda.
"Meu coração tá muito pesado e eu não paro de pensar o quanto somos indefesas. Que tu esteja ao lado de Deus agora. Descansa em paz!", escreveu uma brasileira na última publicação de Bruna no Instagram."Descanse em paz, bela alma", comentou uma irlandesa.
— A Bruna sempre foi definida como guerreira, uma menina discreta, porém com objetivos muito bem definidos. Uma irmã que está sempre auxíliando a quem a buscava. Sem sombra de dúvida a nerd da família — lembra Isabel Fonseca, que descreveu ainda o choque sofrido pela família — Ainda não estamos sabendo lidar, porque ninguém no mundo pode imaginar passar por uma situação dessas. Estamos vivendo um dia de cada vez.
Desde que se mudou para a Irlanda, a bibliotecária trabalhava para uma empresa de limpeza para se manter no país. Ainda segundo Isabel, a brasileira tinha planos de se estabalecer no exterior:
— Como ela ainda estava lá a pouco tempo, ela não comentava se seria permanente, porém ela pensava sim em estabelecer algo mais sólido fora do país
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2023/01/mineira-morta-na-irlanda-e-suspeito-de-crime-terminaram-namoro-ha-pouco-tempo-diz-irma-da-vitima.ghtml?utm_source=globo.com&utm_medium=oglobo
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