Autoridades não encontraram sobreviventes após queda de avião com 132 a bordo na China
Destroços ficaram espalhados pela região montanhosa onde o Boeing 737-800 caiu
O Globo e agências internacionais
Avião que caiu na China tinha 132 pessoas a bordo; Destroços ficaram espalhados em região montanhosa Foto: - / AFP
PEQUIM — Um dia após a queda de um avião Boeing 737-800 com 132 pessoas a bordo em Wuzhou, no Sul da China, equipes de resgate não encontraram sobreviventes. Autoridades não confirmam ainda o número de vítimas, mas veem poucas chances de resgatarem alguém com vida após a tragédia.
'Do ponto de vista técnico, não deveria ter acontecido': Queda de avião com 132 a bordo na China intriga especialistas
Nesta terça-feira, a Administração de Aviação Civil da China (AACC) informou que as investigações sobre o acidente enfrentam "alto nível de dificuldade" por causa dos graves danos à aeronave. Na primeira entrevista coletiva sobre o caso, Zhu Tao, diretor de segurança da AACC, disse que, com base nas informações atuais disponíveis, também não há uma avaliação clara da causa do acidente.
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De acordo com a mídia estatal do país, partes carbonizadas da aeronave ficaram espalhadas pela região montanhosa e restos queimados de documentos de identidade e carteiras também foram encontrados. Os destroços estão cercados por montanhas por três lados e há apenas um pequeno caminho para acessar o avião.
Um avião com 132 pessoas a bordo caiu na tarde desta segunda-feira, por volta de 14h30 (horário local), em uma área montanhosa no Sul da China, durante um voo da cidade de Kunming para Cantão. A companhia aérea China Eastern Airlines confirmou que há mortos.
O voo MU5735 tinha como destino a cidade portuária de Cantão após a decolagem em Kunming, capital da província de Yunnan, no Sudoeste. Conforme a plataforma de monitoramento Flightradar24, pouco mais de uma hora após decolar, o avião “de repente começou a perder altitude muito rápido”. O Boeing estava a 29.100 pés quando, em pouco mais de um minuto, desceu mais de 21 mil pés. A aeronave aparentemente recuperou a altitude em torno de 8 mil pés antes de continuar a queda.
'Como um trovão'
Si, de 64 anos, que mora próximo ao local do acidente, disse à Reuters que ouviu um barulho muito forte no momento da queda.
— Foi como um trovão — descreveu.
Famílias e amigos dos passageiros e tripulantes aguardam por atualizações sobre o caso no aeroporto internacional de Cantão. Uma mulher, que não quis se identificar, disse ao Jiemian News que a irmã e amigos muito próximos estavam entre os passageiros. Ela contou ainda que faria a mesma viagem, mas acabou embarcando em um voo anterior.
— Sinto muita angústia — relatou.
Outro homem disse à Reuters que era colega de um passageiro chamado Tan. Quando confirmou que ele estava a bordo, teve que dar a notícia para a família do rapaz.
— Eles estavam soluçando. A mãe dele não conseguia acreditar que isso tinha acontecido. Ela disse que estará aqui o mais rápido possível. Estava muito triste. Seu filho tinha apenas 29 anos — lamentou.
Queda intriga especialistas
As causas da tragédia ainda serão investigadas. O caso chamou a atenção de especialistas de aviação porque acidentes com aeronaves deste modelo são raros, ainda mais na fase de cruzeiro do voo — entre o final da subida da aeronave e o início da descida no aeroporto de destino. O histórico de segurança do setor aéreo da China também figura entre os melhores do mundo na última década.
— Normalmente, o avião está no piloto automático durante a fase de cruzeiro. Portanto, é muito difícil entender o que aconteceu. Do ponto de vista técnico, algo assim não deveria ter acontecido — disse à Reuters o especialista em aviação Li Xiaojin.
A Boeing apontou em um relatório divulgado no ano passado que apenas 13% dos acidentes comerciais fatais em todo o mundo entre 2011 e 2020 ocorreram durante a fase de cruzeiro, enquanto 28% dos acidentes com mortes ocorreram na aproximação final e 26% no pouso.
O 737-800 tem um bom histórico de segurança e é o antecessor do modelo 737 MAX, que está parado na China há mais de três anos após acidentes fatais em 2018 na Indonésia e 2019 na Etiópia.
— A Administração de Aviação da China tem regulamentos de segurança muito rígidos e só precisamos esperar por mais detalhes para ajudar a esclarecer a causa plausível do acidente — disse à Reuters Shukor Yusof, chefe da consultoria de aviação Endau Analytics, com sede na Malásia.
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