Gangues promovem massacres na Nigéria e deixam mais de 200 mortos, dizem sobreviventes

Centenas de homens armados em motocicletas atacaram vilarejos atirando a esmo

Da Reuters

Forças militares em patrulha em Zamfara no ano passado. Foto: Afolabi Sotunde / Reuters

Centenas de homens armados em motocicletas atacaram vilarejos atirando a esmo para retaliar bombardeios do governo contra seus esconderijos

ZAMFARA, NIGÉRIA - Testemunhas relataram neste sábado que ao menos 200 pessoas foram assassinadas em vilas no estado de Zamfara, na Nigéria, durante ataques desferidos por grupos de criminosos armados em represália a ataques aéreos militares desferidos pelo governo contra seus esconderijos nesta semana.

Os moradores tiveram acesso às aldeias no sábado, depois que os militares tomaram o controle das comunidades para organizar enterros em massa, disseram eles à Reuters. O governo estadual disse que confirma que 58 pessoas morreram durante os ataques.

O centro e o noroeste da Nigéria são há anos bases de gangues criminosas que atacam aldeias, conduzem assassinatos ou realizam sequestros para pedir resgates. Na mesma região de Zamfara, 279 estudantes foram sequestradas por criminosos no ano passado, vindo a ser libertadas posteriormente.

Centenas de homens armados conduzindo motocicletas invadiram quase dez cidades dos distritos de Anka e Bukkuyum, entre quarta e quinta-feira, atirando nos moradores a esmo, saqueando e incendiando casas, segundo habitantes locais.

Ummaru Makeri, um morador que perdeu sua esposa e três filhos durante o ataque, disse que cerca de 154 pessoas já foram enterradas, incluindo vários vigilantes que foram mortos.

Babandi Hamidu, morador da cidade de Kurfa Danya confirmou os ataques e explicou que "mais de 140 pessoas foram enterradas nas dez cidades" e que continuam "procurando corpos, porque há muita gente desaparecida".

Idi Musa, moradora de outra cidade, Kurfa Danya, disse que "o saldo de mortos é enorme".

Os militares disseram que realizaram ataques aéreos na madrugada desta segunda-feira contra alvos na floresta de Gusami e no vilarejo oeste de Tsamre, no estado de Zamfara, matando mais de 100 membros da gangue, incluindo dois de seus líderes, de acordo com relatórios de inteligência.

Um morador que não quis ser identificado disse à Reuters que os ataques às aldeias podem estar ligados aos ataques militares.

Houve uma série de ataques no noroeste da Nigéria, que registrou um aumento acentuado nos sequestros em massa e outros crimes violentos desde o final de 2020, enquanto o governo luta para manter a lei e a ordem.

O presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, disse em um comunicado no sábado que os militares adquiriram mais equipamentos para rastrear e eliminar gangues de criminosos que têm submetido as pessoas a um reinado de terror, incluindo a imposição ilegal de impostos sobre as comunidades sitiadas. Buhari acrescentou que o governo não cederá em suas operações militares para se livrar dos criminosos.

“Os últimos ataques a pessoas inocentes pelos bandidos é um ato de desespero por parte de assassinos em massa, agora sob pressão implacável de nossas forças militares", disse Buhari.

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