EUA batem recorde da pandemia, com mais de 260 mil casos de Covid por dia

A nova cepa também está atingindo alguns estados, como Washington, Maryland e Virginia, de maneira especialmente crítica.

O Globo e New York Times

Pessoas fazem fila para fazer testes grátis de coronavírus em Washington, um dos locais mais afetados do país pelo avanço da Ômicron Foto: Anna Moneymaker / AFP 

Mortes também aumentaram, mas a média diária é menor do que o recorde de janeiro deste ano; infecções na Europa também contribuem para recorde mundial 

NOVA YORK — O recorde de casos diários de coronavírus foi quebrado na terça-feira nos Estados Unidos, com a convivência de duas variantes altamente contagiosas — a Delta e a Ômicron. Com o terceiro ano da pandemia se aproximando, a média móvel de novas infecções no país passou de 265 mil, de acordo com o site Our World in Data, da Universidade de Oxford. As mortes também cresceram, mas a média diária em torno de 1.500 por dia é menor que o recorde de 3.400 registrado em janeiro deste ano.

Na Europa, países como França, Espanha, Portugal, Itália, Reino Unido, Dinamarca e Grécia também registraram recordes de novos casos nesta semana, atribuídos ao avanço da Ômicron, identificada pela primeira vez na África do Sul, no final de novembro.

A situação na Europa e nos EUA levou o número de novos casos em todo o mundo a passar de 1 milhão pelo segundo dia consecutivo na terça-feira, com uma média móvel de sete dias que ultrapassou 900 mil infecções diárias. O recorde mundial anterior ocorreu em abril, com média de 826 mil novos casos diários.

— Estou muito preocupado porque a Ômicron, sendo altamente transmissível e se disseminando ao mesmo tempo em que a Delta, está levando a uma tsunami de casos —  disse o diretor da Organização Mundial da  Saúde, Tedros Adhanom. — Isso está colocando e continuará a exercer uma pressão imensa sobre os profissionais de saúde exaustos, e os sistemas de saúde estão à beira de um colapso.

Nos EUA, o recorde anterior de casos diários foi registrado em 11 de janeiro, quando a média de sete dias era de 251.232 novas infecções, durante um inverno catastrófico muito pior do que o atual, quando mais de 62% dos americanos estão totalmente vacinados. As primeiras evidências indicam que a nova variante causa sintomas mais leves do que anteriores, com doses de reforço ajudando a prevenir formas graves da da Covid-19 e mortes.

Embora as hospitalizações tenham aumentado nos EUA, com média de mais de 71 mil por dia, elas permanecem em número muito abaixo dos níveis máximos registrados no começo do ano. Mesmo assim, um aumento do número de pacientes ameaça sobrecarregar hospitais, enquanto os próprios profissionais de saúde estão cada vez sendo mais infectados.

A rápida disseminação da nova variante também aumenta a escassez de mão de obra, afetando os setores médicos, farmacêuticos e de turismo, entre outros.

Apesar do avanço da Ômicron, um número considerável de pacientes nos EUA permanece infectado com a variante Delta, que é mais mortal. Na terça, o CDC relatou que os casos de Ômicron representam uma porcentagem menor do que o esperado, de cerca de 59%. E para a semana encerrada em 18 de dezembro, a agência revisou para baixo sua estimativa de 73% de casos com a nova variante, para cerca de 23%.

Em breve, no entanto, a Ômicron dominará os EUA e isso pode ser uma boa notícia: um novo estudo realizado por cientistas sul-africanos mostrou que as pessoas que se recuperaram de uma infecção com a nova cepa podem ser capazes de evitar infecções posteriores com a Delta.

Europa: Portugal bate recorde de casos na pandemia de Covid-19

A nova cepa também está atingindo alguns estados, como Washington, Maryland e Virginia, de maneira especialmente crítica. 

— Washington é um marco do que provavelmente veremos em grande parte do resto do país —  disse ao New York Times Neil J. Sehgal, professor na Escola de Saúde Pública da Universidade de Maryland. — Uma onda gigantesca em casos de Ômicron provavelmente inundará grande parte dos EUA no próximo mês.

França mantém boates fechadas

Embora os recordes de novos casos também estejam sendo quebrados na Europa, até agora líderes de Reino Unido, França, Espanha e outros países têm resistido à imposição de restrições mais duras e apostam que a alta cobertura vacinal e a aceleração das doses reforço, junto com as restrições anteriores ainda em vigor, serão suficientes para manter a pandemia administrável.

Na França, o governo anunciou que casas noturnas vão permanecer fechadas por mais três semanas, a partir de 3 de janeiro, depois que o país registrou quase 180 mil novos casos na terça-feira, recorde que foi de novo batido nesta quarta, quando foram  registrados 208 mil casos.

Os cerca de 1.600 estabelecimentos do ramo estavam fechados desde 6 de dezembro, inicialmente por um período de quatro semanas que coincidiram com o período do Natal. O ministro do Turismo, Jean-Baptiste Lemoyne, garantiu que as empresas receberão um auxílio para compensar as perdas com o fechamento durante o período de festas.

No Parlamento, o ministro da Saúde, Olivier Véran, disse que, apesar do aumento de casos, a Ômicron ainda não teve impacto nas hospitalizações, cujo principal vetor continua sendo a Delta. Ele alertou, porém, que os efeitos da nova cepa ainda estão para ser medidos.

— Hoje, a cada segundo, dois franceses testam positivo para o coronavírus. Nunca passamos por uma situação dessas — disse Véran, que descreveu a situação como "atordoante".

Já o ministro do Interior, Gerald Darmanin, estimulou as autoridades locais a limitarem reuniões e celebrações públicas para o Ano Novo, impondo, em particular, o uso obrigatório de máscaras ao ar livre.

O Parlamento francês começa a debater nesta quarta-feira uma nova lei que exige um passaporte de vacinação para ter acesso a restaurantes, cinemas, museus e outros locais públicos, como uma forma de incentivar a população a se vacinar no país, que já tem uma das maiores taxas de imunização do mundo, de 73% da população.

O passe de vacinação substituirá o anterior passe sanitário, que também admitia testes de Covid para a entrada em locais públicos fechados e nos meios de transporte.

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