Apuração no Chile aponta para segundo turno entre candidatos da extrema-direita e da esquerda
No Chile, o voto não é obrigatório. Nas duas últimas grandes eleições, a participação não passou de 50% do total de eleitores
O advogado conservador José Antonio Kast lidera a disputa pela presidência seguido pelo deputado e ex-líder estudantil Gabriel Boric.
Por g1
O candidato da extrema direita, José Antonio Kast, e o da esqueda, Gabriel Boric, votam no primeiro turno das eleições presidenciais no Chile em 21 de novembro de 2021 — Foto: Montagem g1/Fotos AP
O candidato de extrema-direita José Antonio Kast lidera as eleições presidenciais do Chile neste domingo (21) com 28% dos votos, seguido do nome da esquerda Gabriel Boric, com 25%.
Com 92,75% dos votos apurados, os dois devem disputar o segundo turno, que será realizado no dia 19 de dezembro (veja mais abaixo). Para vencer em primeiro turno, um deles precisaria ter superado 50% dos votos válidos.
Franco Parisi, candidato de direita que passou toda a campanha nos Estados Unidos, onde vive, aparece em 3º lugar com 13% dos votos. Em quarto, está a senadora Yasna Provoste, candidata dos democratas-cristãos, com 12%.
Foi a primeira eleição em 16 anos sem Sebastián Piñera e nem Michelle Bachelet como candidatos a presidente. Piñera é o atual presidente, mas enfrenta forte rejeição popular e acabou de escapar de um processo de impeachment. Bachelet é hoje alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.
No Chile, o voto não é obrigatório. Nas duas últimas grandes eleições, a participação não passou de 50% do total de eleitores. Em 2017, quando Piñera foi eleito, apenas 46% dos eleitores compareceram ao primeiro turno e 48% ao segundo.
Já neste domingo (21), um dia de primavera particularmente quente – com termômetros acima dos 30ºC –, foram registradas longas filas nos centros de votação de Santiago e cidades do norte e do sul do país.
Mesmo após o fechamento das seções às 18h (horário de Brasília), muitas pessoas ainda aguardavam para votar no pleito que inclui ainda escolhas para deputados, senadores e conselheiros regionais. São mais de 4.400 candidatos para 485 cargos eletivos.
Os jovens, protagonistas do plebiscito que decidiu em outubro de 2020 por 78% dos votos mudar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) – processo atualmente em curso – compareceram em grande número para votar, segundo a AFP.
Kast, o favorito de extrema direita
José Antonio Kast é um advogado conservador, tem 55 anos e representa a extrema direita. Depois de 20 anos de militância no partido ultraconservador União Democrata Independente (UDI), é um dos fundadores do partido Republicano e tenta manter o modelo neoliberal herdado da ditadura de Pinochet.
Ele promete impor "ordem, segurança e liberdade", além de diminuir a presença do Estado nas instituições, reduzir impostos, privatizar empresas estatais e eliminar o Ministério da Mulher e da Equidade de Gênero.
Contrário ao aborto, Kast já divulgou fake news sobre o tema. Em 2017, ele também disputou a eleição, mas ficou em quarto lugar, com 7,93% dos votos.
Boric: o candidato da esquerda
Gabriel Boric tem 35 anos (idade mínima para se candidatar à Presidência do Chile) e é o candidato da aliança de esquerda, que reúne o Partido Comunista e a Frente Ampla.
Em sua campanha, ele defendeu um modelo de Estado semelhante ao de bem-estar social de alguns países europeus. Também propôs a criação de uma aposentadoria mínima de 250 mil pesos (cerca de R$ 1,7 mil).
O sistema seria financiado pela contribuição dos trabalhadores em atividade. Os trabalhadores da ativa pagam 10% atualmente, e Boric diz que a ideia seria aumentar gradativamente essa contribuição até 18% (e que uma parte do encargo seria pago pelo empregador).
Boric já comemorou sua passagem para o segundo turno e prometeu unir forças políticas para enfrentar a extrema direita José Antonio Kast.
“A decisão é uma só: ou avançamos para um Chile mais inclusivo e generoso ou continuamos na lógica da rejeição, da exclusão”, afirmou.
Ele enviou mensagens a partidos de centro-esquerda, incluindo Yasna Provoste, Marco Enríquez-Ominami e Eduardo Artés.
Enríquez-Ominami já respondeu ao chamado: "convocamos uma grande coligação para enfrentar a extrema direita".
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/11/21/apuracao-no-chile-aponta-para-segundo-turno-entre-candidatos-da-extrema-direita-e-da-esquerda.ghtml
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