Cientistas descobrem que mulher foi infectada simultaneamente por duas variantes do coronavírus na Bélgica
Ambas as variantes estavam circulando (em março) na Bélgica.
Profissional de saúde usa uma pipeta durante os testes de detecção de amostras de pacientes com coronavírus nos laboratórios de pesquisa de virologia do hospital universitário UZ Leuven em Leuven, Bélgica, em 28 de fevereiro de 2020 Foto: Geert Vanden Wijngaert/Bloomberg
Paciente não foi vacinada contra a Covid-19 e morreu em março; relatório aponta que ela contraiu tanto a cepa Alfa, identificada no Reino Unido, quanto a Beta, detectada na África do Sul
O Globo, com agências internacionais
BRUXELAS — Uma mulher belga de 90 anos que morreu com Covid-19 em março contraiu duas variantes do coronavírus ao mesmo tempo, descobriram pesquisadores do país.
Nesta primeira análise com revisão independente de uma infecção por diferentes cepas, cientistas descobriram que a mulher havia contraído tanto a variante Alfa, identificada pela primeira vez no Reino Unido, quanto a Beta, detectada na África do Sul.
As infecções provavelmente vieram de pessoas diferentes, de acordo com um relatório publicado no sábado e apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas.
A mulher foi internada em um hospital em Aalst, na Bélgica, em março, após uma série de quedas, e testou positivo para Covid-19 no mesmo dia. Ela morava sozinha, recebendo cuidados de enfermagem em casa, e não havia sido vacinada contra a doença.
Seus sintomas respiratórios pioraram rapidamente e ela morreu cinco dias depois. Quando suas amostras respiratórias foram testadas para variantes preocupantes, ambas as cepas foram encontradas em dois testes. Os pesquisadores não puderam dizer se a co-infecção desempenhou um papel em sua rápida piora.
— Ambas as variantes estavam circulando (em março) na Bélgica. Portanto, é provável que essa mulher tenha sido infectada por duas pessoas diferentes com duas variantes do vírus. Infelizmente, não sabemos como essa infecção aconteceu — disse Anne Vankeerberghen, principal autora do estudo e bióloga molecular do Hospital OLV em Aalst, no site da emissora pública belga VRT.
A ideia de infecções múltiplas não é completamente nova. Em janeiro, cientistas brasileiros relataram dois casos de co-infecção pelo coronavírus, mas o estudo ainda não foi publicado em uma revista científica.
Pesquisadores também já encontraram evidências de pessoas infectadas com várias cepas de influenza. Os casos sugerem que a co-infecção pode ser mais comum do que se sabe atualmente.
A ocorrência global desse fenômeno é provavelmente subestimada devido aos testes limitados para variantes preocupantes e à falta de uma maneira simples de identificar co-infecções com sequenciamento do genoma completo. Estar alerta para esses casos continua sendo crucial — disse Vankeerberghen.
A Bélgica, como grande parte da União Europeia, enfrentou problemas na entrega de imunizantes contra a Covid-19 no início de 2021 e seu programa de vacinação começou lentamente, embora a UE já tenha distribuído doses suficientes para vacinar 70% da população.
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