Antes de reunião do Conselho de Segurança, bombardeio de Israel mata pelo menos 33 em Gaza e atinge casa de chefe do Hamas

Entre os mortos na madrugada, estão 13 crianças, segundo Ministério da Saúde de Gaza; Hamas seguiu lançando foguetes sobre Israel

Reuters e O Globo

Imensa nuvem de fumaça sobre em local atingido por ataque aéreo israelense ao complexo de Hanadi na Cidade de Gaza Foto: MOHAMMED ABED / AFP 

TEL AVIV E GAZA - Ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 33 palestinos, incluindo 13 crianças, na Faixa de Gaza na manhã deste domingo, sétimo dia do confronto entre Israel e o Hamas, grupo islâmico que controla o território. Os combatentes do Hamas revidaram com foguetes.

Em seguidos ataques aéreos na manhã de hoje, os militares israelenses disseram que atingiram a casa de Yehya Al-Sinwar, no sul da cidade de Gaza. Sinwar, que foi libertado de uma prisão israelense em 2011, dirige as alas políticas e militares do Hamas em Gaza.

Os ataques antes do amanhecer ocorreram em casas no centro da Cidade de Gaza, disseram autoridades de saúde do território. Com isso, o número de mortos em Gaza subiu para 181, incluindo 52 crianças, desde o início dos confrontos, na última segunda-feira. Em Israel, 10 pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas em ataques com foguetes do Hamas e outros grupos armados de Gaza, como a Jihad Islâmica.

Militares israelenses disseram que as mortes de civis neste domingo não foram intencionais, e que o alvo era um trecho do sistema de túneis do Hamas, que colapsou causando também a destruição de casas e prédios.

O Conselho de Segurança da ONU está reunido neste domingo para discutir o conflito entre Israel e o Hamas, mas, em um pronunciamento na TV neste domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que, apesar de tentantivas diplomáticas externas, o fim da pior explosão de violência entre israelenses e palestinos desde 2014, quando Israel invadiu Gaza, não é iminente. 

—Nossa campanha contra as organizações terroristas continua com força total —, afirmou ou premier. — Estamos agindo agora, pelo tempo que for necessário, para restaurar a calma e o sossego a vocês, cidadãos de Israel. Isso levará tempo.

Os EUA, aliados de Israel, vinham bloqueando reuniões do Conselho sobre a questão desde a última segunda-feira, quando vetaram a aprovação de uma resolução que instava Israel a suspender a colonização dos territórios palestinos ocupados, estopim dos confrontos atuais.

Tanto Israel quanto o Hamas afirmaram que continuariam os ataques depois que Israel destruiu um prédio de 12 andares na Cidade de Gaza, no sábado, que abrigava os escritórios locais da agência americana Associated Press (AP) e da emissora Al-Jazeera, do Qatar.

Os militares israelenses disseram que o edifício al-Jalaa era um alvo militar legítimo, contendo escritórios militares do Hamas, e que havia alertado os civis com antecedência para saírem do local.

A AP condenou o ataque e pediu a Israel que apresentasse evidências. "Não tivemos nenhuma indicação de que o Hamas estivesse no prédio ou ativo nele", disse a agência em um comunicado.

Em resposta à destruição do prédio e a um ataque que matou dez membros da mesma família – sendo oito crianças –, o Hamas disparou 120 foguetes contra Israel durante a noite, disseram militares israelenses, com muitos interceptados pelo sistema antimísseis Domo de Ferro e cerca de uma dúzia caindo ainda dentro de Gaza.

Os israelenses correram para abrigos antiaéreos enquanto sirenes alertavam para a queda de foguetes em Tel Aviv e na cidade de Beersheba, no Sul do país. Cerca de 10 pessoas ficaram feridas enquanto corriam para abrigos, disseram os médicos.

'Como um terremoto'

Palestinos trabalhando para remover os destroços de um prédio destruído nos ataques aéreos de hoje recuperaram os corpos de uma mulher e de um homem.

— Estes são momentos de horror que ninguém pode descrever. É como se um terremoto tivesse atingido a área — disse Mahmoud Hmaid, pai de sete filhos que estava ajudando nos esforços de resgate.

Do outro lado da fronteira, na cidade israelense de Ashkelon, Zvi Daphna, um médico cujo bairro foi atingido por vários foguetes, descreveu um sentimento de "medo e horror".

O Egito liberou a passagem de Rafah, única fronteira transitável da Faixa de Gaza, um dia antes do planejado para permitir a circulação de estudantes, pessoas que precisam de tratamento médico e outros casos humanitários. Israel mantém sua fronteira com Gaza fechada.

O governo egípcio já enviou 16 ambulâncias para recolher vítimas dos bombardeios israelenses para tratamento em hospitais do país, disse uma fonte médica. Segundo a Reuters, um ônibus com 95 pessoas feridas chegou de Gaza na manhã deste domingo.

O Hamas começou seu ataque com foguetes na segunda-feira, após semanas de tensões envolvendo o possível despejo de famílias palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental. Protestos dos palestinos contra o despejo foram reprimidos na Esplanada das Mesquitas e dentro da mesquita de al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islã, durante o mês do Ramadã, encerrado na última quarta-feira.

Israel ocupou o setor oriental de Jerusalém na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e reivindica toda a cidade como sua capital, o que não é reconhecido internacionalmente. Os palestinos querem que esse setor de Jerusalém seja a capital de um futuro Estado.

Hady Amr, enviado do presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a Israel na sexta-feira para negociações. Biden falou com Netanyahu e com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, na noite de sábado, informou a Casa Branca.

Qualquer mediação americana, porém, é complicada pelo fato de os Estados Unidos e a maioria das potências ocidentais não terem contato oficial com o Hamas, que consideram uma organização terrorista.

Em Israel, o conflito foi acompanhado de violência entre as comunidades mistas de judeus e árabes do país, com sinagogas atacadas e lojas de propriedade de árabes vandalizadas.

Também houve um aumento de confrontos mortais na Cisjordânia ocupada. Pelo menos 15 palestinos foram mortos por militares israelenses na Cisjordânia desde sexta-feira.

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